Unicef orienta como acolher e conversar com crianças impactadas pelas chuvas no RS

Unicef orienta como acolher e conversar com crianças impactadas pelas chuvas no RS

Fundo destaca que situações extremas podem ser promotoras do chamado “estresse tóxico” e é preciso tomar medidas para mitigar esses impactos e cuidar de meninas e meninos

Guilherme Sperafico

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Situações extremas, como as inundações no Rio Grande do Sul podem impactar profundamente a vida crianças e adolescentes, deixando-os expostos a medos e traumas. As crianças, em especial as mais novas, ainda não têm repertório para lidar com essas emoções e necessitam de cuidados específicos. Diante desse cenário, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) preparou orientações para apoiar mães, pais e cuidadores nesse processo de acolhimento e cuidado com meninas e meninos afetados pelas chuvas.

Conforme a oficial de desenvolvimento infantil do Unicef no Brasil, Maíra Souza, desastres ambientais podem ser promotores do chamado ‘estresse tóxico’. “É importante que os adultos possam oferecer o suporte necessário para que as crianças continuem tendo um desenvolvimento saudável e pleno. Isso pode ser feito por meio do cuidado responsivo, da escuta atenta e do acolhimento na conversa e nas brincadeiras”, explica.

Sabendo dos impactos dessa emergência na infância, o Unicef preparou uma série de orientações para mães, pais, cuidadores e pessoas que estão atuando nos atendimentos de meninas e meninas, como:

  • Quando conversar com a criança, procure manter a calma e respirar. As crianças sentirão o mesmo que veem em você;
  • Em caso de evacuação, explique brevemente o que vai acontecer. Se as condições permitirem, deixe que fiquem com um objeto especial, como um brinquedo;
  • Pergunte o que a criança sabe sobre o que está acontecendo e ouça com atenção o que tem a dizer. É provável que a criança repita muitas vezes o que pensa. Diga que suas perguntas e comentários são importantes;
  • Se a criança não quiser conversar, não a pressione. Se a criança chorar, não a peça para parar ou reprimir suas emoções: o choro também é uma forma saudável de descarga emocional;
  • Explique de forma real e simples o que está acontecendo. Evite mentir, como dizer que “isso não vai acontecer de novo”;
  • Se estiver em abrigos, veja se é possível reservar um espaço em que as crianças possam brincar em segurança;
  • Na medida do possível, tente retomar uma rotina e procure proporcionar espaços de brincadeira com outros meninos e meninas. Estimule que a criança desenhe, pinte, ouça música e brinque;
  • Lembre-se de que você também está sob estresse emocional. Cuide-se para poder dar o apoio necessário aos meninos e meninas. Compartilhe o que você sente com outras pessoas.
  • Crie oportunidades para que todas e todos se sintam parte das soluções, inclusive crianças e adolescentes com deficiência. Encontrar maneiras seguras de contribuir é um caminho valioso de fortalecimento;
  • Ajude a identificarem apoios em suas vidas, como amigos ou familiares. Incentive a reflexão sobre como conseguiram lidar com situações de dificuldade do passado, afirmando a habilidade que têm de lidar com a situação atual;
  • Sempre forneça informações corretas sobre uma situação de crise. Se não souber responder, proponha descobrirem juntos e juntas;

Unicef no Rio Grande do Sul

Neste momento, com cerca de 80 mil pessoas alojadas em abrigos, o Unicef intensificou seus esforços de colaboração com o governo para proteger especialmente meninas e meninos desacompanhados ou vulneráveis. Um dos pontos da resposta é um mapeamento, junto com órgão do governo, de crianças e adolescentes abrigados, identificando quantos são, as idades e suas necessidades específicas em meio à crise.

O Unicef está, também, disponibilizando kits recreativos e educativos para os abrigos, e vai apoiar na criação de espaços seguros nos abrigos para que crianças possam brincar e se sentir acolhidas, apesar das adversidades. Além disso, vai distribuir, aos abrigos, kits de saúde menstrual, kits de higiene e kits de cuidados com bebês. No campo da saúde mental, o Unicef colocou o canal 'Pode Falar' à disposição oferecendo suporte emocional online a adolescentes e jovens afetados.

Para apoiar a resposta do Unicef às chuvas no Rio Grande do Sul, pessoas físicas podem fazer doações de qualquer valor através do PIX para pix@unicef.org. Em caso de dúvidas, pessoas físicas podem ligar para 0800 605 2020. Empresas, fundações e filantropos interessados em apoiar podem entrar em contato através do e-mail parcerias@unicef.org.


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