Usuários reclamam de ônibus sem ar-condicionado em Porto Alegre

Usuários reclamam de ônibus sem ar-condicionado em Porto Alegre

Em meio ao calorão dos últimos dias, cerca de 25% da frota elegível ainda está com os equipamentos desligados

Felipe Faleiro

Sem o ar-condicionado nos coletivos, passageiros precisam manter as janelas abertas na Capital

publicidade

Viajar nos ônibus de Porto Alegre nestes dias de calor extremo tem sido um desafio para muitos passageiros diariamente, já que uma parte significativa da frota da cidade está com o ar-condicionado desligado. Ainda que a Secretaria de Mobilidade Urbana e a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) tenham intensificado a fiscalização nos coletivos, 172 ônibus estão com o equipamento desligado, dos 690 que o tem, somando pouco menos de 25% da frota. Os dados foram atualizados no final da tarde da última terça-feira.

Levando em consideração que há tardes com marcas próximas dos 40 graus, a situação causa preocupação. O secretário Municipal de Mobilidade Urbana, Adão de Castro Júnior, afirma que ainda há um pouco de dificuldade de manutenção, dependendo do tipo de veículo em circulação. “Tudo isto, evidentemente, envolve a busca de algum outro item. Queremos, até o final de janeiro, estar com praticamente toda a frota com ar-condicionado e operando perfeitamente na cidade de Porto Alegre”, comenta ele.

Ainda conforme ele, o usuário que verificar o equipamento desligado em um coletivo deve relatar á Prefeitura. A doméstica Patrícia Cardoso, moradora do bairro Hípica, utiliza quatro ônibus por dia do deslocamento entre sua casa e o trabalho, e opina que o ar-condicionado deveria estar ligado. “Não conseguimos enfrentar este calor horrível. Outro problema é que as pessoas nem conseguem se movimentar direito. A Prefeitura também deveria aumentar o número de linhas, principalmente no horário de pico. Andamos pior do que sardinha em lata”, reclama ela.

Já o auxiliar de serviços gerais Jandir Manteufel, que mora no Jardim Carvalho, disse que não circula com o transporte coletivo diariamente, mas sente os efeitos da falta do ar-condicionado nos ônibus da Capital. “Pelo valor que pagamos a passagem, deveriam ter mais linhas com ele ligado. Não existe desculpa para isto”, comenta. O supervisor de transporte Vanderlei Lima, morador do Rubem Berta, afirma conhecer a experiência de outras capitais brasileiras, como Curitiba e Florianópolis, onde, segundo ele, o sistema funciona.

“Os ônibus, em geral, deveriam ter melhores condições de circulação. Com certeza o ar-condicionado ligado melhora o bem-estar das pessoas, que muitas vezes estão cansadas depois de um dia de trabalho”, disse. Hoje, Porto Alegre conta com uma frota de 1.337 ônibus, e a Prefeitura argumenta que o custo mensal para manter o sistema operando nos veículos é de R$ 826 mil. Os equipamentos estavam fora de operação desde março de 2020, em razão da pandemia e da recomendação sanitária de manter os vidros abertos.

A volta da climatização foi em 18 de dezembro de 2022, e o secretário Adão informou que a ligação seria gradativa. No entanto, conforme a Prefeitura, em razão do tempo inoperante, alguns têm apresentado falhas, e a falta de peças no mercado também tem dificultado a reposição dos equipamentos. O engenheiro de transporte da Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP), Antônio Augusto Lovatto, afirma que as falhas eram “previsíveis”, e que a EPTC montou um relatório entre o final do ano passado e início de 2023, mostrando que 18% dos ônibus do sistema privado tinham falhas no sistema.

“Qualquer um sabe que o equipamento de ar-condicionado, passando três anos parado, por mais que sejam feitas todas as manutenções, e as empresas o fizeram, seriam passíveis de falha. É natural que você coloque um equipamento destes para funcionar e daqui a dez dias dê um problema. As manutenções estão sendo feitas à medida que vão sendo descobertas. E estamos fazendo todo o possível para corrigir”, comenta Lovatto.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895