Usuários sofrem com filas diárias na Farmácia de Medicamentos Especiais, em Porto Alegre

Usuários sofrem com filas diárias na Farmácia de Medicamentos Especiais, em Porto Alegre

Novo endereço do serviço não evita acúmulo de pacientes nas primeiras horas do dia

Felipe Faleiro

Novembro, dezembro e janeiro são meses com maior fluxo no local, diz Secretaria Municipal de Saúde

publicidade

Inaugurada no último dia 12, a nova Farmácia de Medicamentos Especiais enfrenta problemas diários relacionados ao movimento intenso de usuários, causando filas. O serviço, agora localizado na avenida Azenha, 295, bairro Azenha, também mudou a gestão, deixando de ser gerenciado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) e passando à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre. Por volta de 700 a 800 senhas são distribuídas no local diariamente, e mais de 23 mil pessoas recebem atendimento todos os meses.

Nesta segunda-feira pela manhã, o prédio estava cheio de pessoas em seu interior, mas o atendimento fluía. Havia, no entanto, usuários aguardando do lado de fora. O motorista Christopher Marques, morador do bairro Rubem Berta, foi ao local pela primeira vez, já que, antes, frequentava o edifício antigo da farmácia, na esquina da avenida Borges de Medeiros com a rua Riachuelo, no Centro Histórico. Uma vez por mês, ele retira um leite especial para complementar a alimentação de seu filho.

“O acesso até não ficou tão complicado, já que posso pegar o ônibus T1 e descer aqui. Ainda assim, tive de esperar um pouco desta vez”, comentou ele. A possibilidade da espera faz com que alguns cheguem à farmácia antes da abertura da mesma, às 8h, ainda que a distribuição das fichas aconteça, segundo os funcionários, durante todo o dia, de acordo com a demanda. Já a funcionária pública Carla Feiden, que mora no Menino Deus, disse que foi à farmácia resolver uma situação que causou um inconveniente à família.

Ela retirou alguns medicamentos para o pai, que sofre de Alzheimer, porém um deles ficou faltando. “Na correria, não conferi todos. Só que a equipe da farmácia disse que eu havia assinado um documento atestando que havia pego a totalidade deles. Agora, me disseram que somente no mês que vem”, afirmou ela. Carla também critica a falta de comunicação sobre o uso da máscara de proteção contra a Covid-19. Enquanto os funcionários utilizam o item, os pacientes não são obrigados, de acordo com ela. 

“Ainda que não seja local de atendimento clínico, muitos aqui fazem tratamento de saúde e devem até estar com a doença”, diz. O diretor de Atenção Hospitalar e Urgências da SMS, Francisco Isaías, afirma que os meses de novembro, dezembro, até metade de janeiro, são geralmente os de maior movimento na farmácia, tanto para retirada de medicamentos, quanto para renovação de solicitações. “A alteração do endereço ocorreu bem no pico, então, de fato, houve uma concentração maior de pessoas nestes primeiros dias”, avalia Isaías.

O Estado também postergou renovações e protocolos de usuários agendados a partir de 1º de dezembro para depois do dia 12, coincidindo com a mudança de prédio, causando mais acúmulo. “Atendemos nestas primeiras duas semanas cerca de três vezes mais do que era o normal, especialmente no que diz respeito ao protocolo. Isto causou filas longas. É duro ter que ver pessoas ficando uma hora na fila, muitas mais maduras, utilizando bengalas, mas lamentavelmente foi em função desta junção de ocorrências”, diz ele.

Isaías observa ainda que “ao longo do tempo a normalidade será observada”, justificando que o aumento no número de guichês em relação ao espaço antigo, de quatro para dez, já faz com que o tempo de atendimento seja menor do que um minuto, conforme aferido pela equipe da Associação Hospitalar Vila Nova, que faz a operação do serviço. Das 800 senhas diárias, 200 são para protocolos, que podem ser agendados. As 600 restantes para dispensação de medicamentos são ao menos um terço das 1,8 mil por dia que, segundo o diretor, poderiam ser atendidas no local.

Em relação ao uso de máscaras, elas não são obrigatórias, afirma o diretor da SMS, porém “é preciso bom-senso”, diz ele. “Farmácias ficaram de fora do protocolo obrigatório, porém, se a pessoa vai em uma, já leve sua máscara. Há muita concentração de pessoas ao mesmo tempo, e temos que pensar no nosso cuidado individual e no coletivo. Há também novas variantes que estão predominando e são bastante contagiosas”, observa Isaías, reforçando que deverá ser colocada, nos próximos dias, sinalização no local indicando a sugestão do uso do equipamento.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895