Vítimas de trabalho análogo à escravidão crescem 33% em 2022 no Brasil

Vítimas de trabalho análogo à escravidão crescem 33% em 2022 no Brasil

Inspeção do Trabalho resgatou mais de 2,5 mil e setor rural representou 87% dos casos

Agência Brasil

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A Inspeção do Trabalho resgatou 2.575 vítimas de trabalho análogo ao de escravo em 2022 durante 462 fiscalizações realizadas em todo o Brasil, segundo dados do Ministério do Trabalho, divulgados nesta terça-feira.

O número representa um aumento de 32,9% em relação ao ano anterior, quando as operações resgataram 1.937 pessoas destas condições. As indenizações em 2022 chegaram a um valor de R$ 8.187.090,13, correspondente a verbas salariais e rescisórias ante a rescisão imediata dos contratos de trabalho.

Ao todo, 1.122 trabalhadores tiveram a formalização do vínculo empregatício, com mais de R$ 2,8 milhões recolhidos de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Dentre os estados, Minas Gerais foi aquele com mais trabalhadores resgatados (1.070) e com mais ações fiscais (117) ao longo do ano.

O cultivo de cana-de-açúcar foi a atividade econômica na qual mais pessoas foram resgatadas: 362. Em seguida, atividade de apoio à agricultura (273), produção de carvão vegetal (212), cultivo de alho (171) e cultivo de café (168). Na área rural ocorreram sete em cada dez das ações fiscais; o setor representou 87% dos resgates. No meio urbano, 210 trabalhadores foram resgatados, divididos em atividades como a construção civil (68), serviços (63) e confecção de roupas (39).

Homens negros são as principais vítimas

A expressiva maioria dos trabalhadores resgatados no ano passado é formada por homens (92%) e negros ou pardos (83%). Mais de metade (51%) residia no Nordeste, sendo 58% naturais desta região.

Quanto à escolaridade das vítimas, 23% disseram ter estudado até o 5º ano incompleto, 20% cursaram do 6º ao 9º ano incompletos e 7% se declararam analfabetos. Dos 2,5 mil resgatados, 148 eram migrantes de outros países, o que representa o dobro do ano anterior: 101 paraguaios, 25 bolivianos, 14 venezuelanos, 4 haitianos e 4 argentinos.


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