Volume dos rios e arroios começa a recuar na região Sul do RS

Volume dos rios e arroios começa a recuar na região Sul do RS

Famílias desabrigadas ou desalojadas começam a voltar para suas casas

Angélica Silveira

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Após dias instáveis e chuvosos, quinta-feira amanheceu com sol na região Sul, o que fez com que o nível da maioria dos rios, que estavam com tendência de alta, começassem a recuar. Em alguns municípios, famílias desabrigadas ou desalojadas iniciam retorno para suas residências.

Em Pedro Osório, o rio Piratini que está 10 metros acima do seu nível normal, apresentou sinais de recuo. A passagem na ponte da Orqueta seguia obstruída. Uma reunião entre a defesa civil e autoridades ocorreu durante esta manhã definiu que as 65 pessoas que estavam no salão da igreja devem retornar para suas residências nesta quinta-feira com o auxílio do município. O mesmo ocorre no Cerrito, onde rio está estabilizado com tendência de recuo.

A Prefeitura irá auxiliar as 20 famílias que estavam no ginásio e as outras 150 que estavam abrigadas na casa de parentes ou amigos a retornarem para suas residências.

São Lourenço do Sul, que enfrentou cheia do arroio São Lourenço, retornou normalidade na manhã desta quinta-feira, onde vários pontos que estavam com água secarem. A Defesa Civil informou que 34 pessoas seguiam no Salão Paroquial Nossa Senhora de Fátima, onde no final da manhã, as pessoas começaram o retorno para suas casas.

Antes disso, a secretaria de saúde realizou atendimentos no abrigo e, orientou caso tenham sintomas no contato as águas da cheia. A Secretaria de Ação Social deverá fazer um levantamento sobre a necessidade de doações de roupas, alimentos e produtos de limpeza.

Em Jaguarão, na fronteira com o Uruguai, as 40 famílias ribeirinhas que estavam fora de suas casas devido a cheia do rio deveriam devem retornar para seus lares ainda nesta quinta-feira. Segundo a Defesa Civil, a tendência era que o rio que estava 1,7 m acima do normal, baixasse.

Em Camaquã, o trabalho nesta quinta-feira esteve concentrado na região baixa do rio Camaquã. Conforme o coordenador da defesa civil municipal, Rafael Moura, entre 10 e 15 casas ainda estavam alagadas durante a manhã. “São localidades que sempre alagam, na ilha Santo Antônio. Além de lá, estamos realizando uma força tarefa na região da Pacheca, Charqueadas e Areal”, conta.  Os bombeiros, a Brigada Ambiental, a Defesa Civil e as secretarias municipais de Desenvolvimento Social e Saúde estão levando água, alimentos e roupas para as famílias necessitadas. “Acredito que até esta sexta-feira a água deve se manter estável, mas a tendência é de baixa no Rio Camaquã”, projeta. Ninguém saiu de casa na cidade e no interior.

Em Encruzilhada do Sul as aulas seguem suspensas até esta sexta-feira. Em torno de 20 pontes localizadas na zona rural foram danificadas, além de bueiros e aterros de pontes que romperam. Conforme a defesa civil do município o gado foi levado pela enxurrada na zona rural.  Os locais mais atingidos foram a Vila Esperança no Lava Pés, as vilas Paraíso e Campos Verdes. Já na zona rural as localidades de Buriti e Abranjos, onde gado e ovelha foram levados pela enxurrada.

Em algumas localidades, em razão das pontes caídas ainda há pessoas ilhadas. Em Cristal, o nível do rio Camaquã segue aumentando lentamente. Em torno de 20 famílias do bairro da Baixada foram para a casa de parentes ou amigos. “Os móveis foram levados para o ponto de apoio da defesa civil no salão paroquial. O trabalho segue de conversar com as pessoas e orientar aquelas que já tem água no pátio a saírem de casa”, disse o secretário de planejamento do município Gilnei Carvalho Dutra. O rio Camaquã está com 8 metros nesta quinta-feira.

Em Pelotas, a Ecosul, concessionária que administra o Polo Rodoviário de Pelotas, liberou a passagem de veículos na manhã de hoje na ponte sobre o Arroio Corrientes, no quilômetro 491 da BR 116, entre os municípios de Turuçu e Pelotas (sentido Camaquã- Pelotas).

O local havia sido interditado na tarde de ontem devido ao alto volume de chuvas, que aumentou o nível do arroio. A ponte, havia sido interditada de forma preventiva. Conforme o Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (SANEP), o total de chuvas em setembro chegou 342 mm, sendo que o considerado normal para o mês é de 123 mm. O dia de maior precipitação foi nesta quarta-feira com 58 mm. O nível do canal São Gonçalo é de 1,79 metro.

No momento, 11 pontes da zona rural permanecem interditadas por causa do transbordo de rios e arroios. As equipes da Secretaria de Serviços Urbanos e Infraestrutura e Desenvolvimento Rural trabalham para recuperar o trânsito na estrada do Totó. Também está sendo realizado o recolhimento de entulhos em vários pontos do município na zona rural, a estrada da Vila Maciel que havia sido interditada nesta quarta-feira, foi liberada no final da manhã desta quinta-feira. Algumas linhas do transporte coletivo mantêm trajetos alternativos como na Vila Governaço, Loteamento Vasco Pires e Thousant.

Em Canguçu, até a noite desta quarta-feira havia mais de 60 pontes com problemas. Sete foram levadas pela água. Além disso também tiveram problemas 94 bueiros, perto de quatro mil quilômetros de estradas avariadas, precisando de intervenção do poder público. Com o rompimento de duas barragens no loteamento renascer, animais foram levados pela água.

Em Rio Grande, na noite de quarta-feira, a Defesa Civil resgatou três pessoas, sendo uma desalojada (na Ilha da Torotama) e duas desabrigadas (na localidade da Quinta). O município que está em emergência.  Na manhã desta quinta-feira aproximadamente 98 pessoas seguiam na Vila da Quinta, onde o Arroio das Cabeças segue cheio. “A água da Lagoa dos Patos subiu, mas não está em nível alarmante. Na madrugada cresceu 70 centímetros e na manhã de quinta-feira recuou para 10 centímetros acima”, conta o Secretário Executivo da Defesa Civil, Anderson Montiel.

Ele explica que caso passe de 1,2 metro a situação começa a ficar preocupante. “Caso isto ocorra ela pode chegar nas casas”, pondera.  Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), só em setembro choveu em Rio Grande 310,2 mm, enquanto que a média do mês é de aproximadamente 150 mm.  “Alagamentos hoje (quinta-feira) são registrados na Vila da Quinta, que o Arroio das Cabeças começou a recuar, se seguir assim e a Lagoa não encher, as pessoas poderão voltar para as suas casas a partir de sábado”, projeta.

Em Dom Pedrito, na Campanha, durante a madrugada o rio Santa Maria aumentou cinco centímetros, estando 5, 5m acima do nível. Segundo a Defesa Civil até 5,8 m não há risco de alagamentos. Com isto, as sete famílias (31 pessoas) seguem abrigadas na escola municipal Alda Seabra, pois o entorno do rio segue alagado há uma semana.  


 


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895