Zona Norte de Porto Alegre registra diversas quedas de árvores após temporal

Zona Norte de Porto Alegre registra diversas quedas de árvores após temporal

Poucos estabelecimentos da região funcionaram na manhã desta quarta

Felipe Faleiro

Árvore caída bloqueou avenida Maranhão, bairro Floresta

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Conforme havia sido prenunciado pela MetSul e temido pela população, o temporal que atingiu Porto Alegre entre a noite de quarta-feira e a madrugada de hoje foi devastador. A Trensurb novamente teve problemas de circulação, 200 árvores caídas e o trânsito esteve caótico com ruas e avenidas alagadas e sinaleiras desligadas. Na zona Norte de Porto Alegre, dezenas árvores e muitos galhos caíram em várias ruas, como na Paraíba e Maranhão, causando múltiplos transtornos ao trânsito na manhã desta quarta-feira e enormes riscos aos pedestres.

Com a cidade praticamente parada, expressão utilizada pelo prefeito Sebastião Melo, a manhã desta quarta-feira foi de contabilização dos estragos. A energia elétrica foi interrompida e poucos estabelecimentos funcionaram, entre eles, a lancheria de Alex Brasil na rua Hoffmann, bairro Floresta. “Nunca vi algo assim”, afirmou o comerciante, que acrescentou ter sido avisado da situação por uma vizinha ainda na madrugada. O vegetal caiu inteiro pela raiz, ocasionando o bloqueio.

Pouco depois, técnicos da CEEE Grupo Equatorial estiveram no local, porém saíram em seguida. Muitas sinaleiras também não funcionaram, requerendo atenção por parte dos motoristas. O sinal de Internet foi bastante precário em grande parte da região. A trincheira da avenida Ceará, uma das principais entradas da Capital e ponto de retenção diário de trânsito, alagou. Com isso, condutores precisaram desviar pela Farrapos, em um verdadeiro teste de paciência.

A via já estava com fluxo intenso devido aos ônibus extras disponibilizados pela Secretaria de Mobilidade Urbana (SMMU) aos passageiros da Trensurb junto à Estação Farrapos. O sistema de trens foi interrompido ainda na madrugada de hoje nas estações São Pedro, Rodoviária e Mercado, devido ao alagamento dos trilhos perto da São Pedro. Em outro ponto da zona norte, junto a rua Paraíba, o designer gráfico Rodrigo Teixeira disse que estava indo para o trabalho na rua Álvaro Chaves, e que seu apartamento no Centro Histórico estava sem luz e com água.

Não sei se vou conseguir trabalhar. Está tudo caótico”, lamentou ele. Melo esteve no Centro Integrado de Serviços de Porto Alegre (Ceic), onde atendeu a imprensa e atualizou a situação ocorrida poucas horas antes. “A nossa prioridade é retomar o fornecimento de energia e de água. Quem puder ficar em casa, fique. Estamos com todo o governo municipal nas ruas atendendo as ocorrências e ajudando a população neste momento difícil”, comentou ele.

De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), em apenas uma hora a Capital registrou 76 milímetros de precipitação, mais da metade da média prevista para janeiro, que é de 110 milímetros. O vento chegou a 89 quilômetros por hora no Aeroporto Internacional Salgado Filho. Das seis Estações de Tratamento de Água (Etas) do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) em Porto Alegre, cinco pararam de funcionar devido à falta de luz: Moinhos de Vento, São João, Menino Deus, Ilhas e Tristeza.

Das 23 estações de bombeamento de esgoto pluvial, 11 também ficaram sem energia. Com isso, 1,2 milhão dos 1,3 milhão de habitantes da Capital ficaram sem água. Melo ainda alertou que haverá “muito trabalho nos próximos dias”, e chegou a publicar no X (antigo Twitter) uma crítica veemente à CEEE Grupo Equatorial, relatando que a direção da companhia não atendia ao telefone, e ainda fez um apelo para que “alguém da empresa compareça ao Ceic e nos auxilie na governança conjunta”.


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