Dólar sobe 0,39% e fecha perto de R$ 5,00 com exterior e fiscal no radar

Dólar sobe 0,39% e fecha perto de R$ 5,00 com exterior e fiscal no radar

Apesar do pouco apetite ao risco, a divisa voltou a mostrar baixa volatilidade, com oscilação de apenas de pouco menos de três centavos entre a mínima (R$ 4,98) e a máxima (R$ 5,00)

Estadão Conteúdo

Operadores citaram também desconforto com a questão fiscal doméstica após a divulgação do relatório bimestral de receitas pelo governo federal

publicidade

O dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 22, em alta no mercado doméstico de câmbio, alinhado à onda de fortalecimento da moeda norte-americana no exterior. Operadores citaram também desconforto com a questão fiscal doméstica após a divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas pelo governo federal e possível saída de recursos da bolsa como indutores da busca por dólares.

Apesar do pouco apetite ao risco, a divisa voltou a mostrar baixa volatilidade, com oscilação de apenas de pouco menos de três centavos entre a mínima (R$ 4,9817) e a máxima (R$ 5,0091).

No fim do dia, a moeda era negociada a R$ 4,9986, avanço de 0,39%. Na semana, o dólar permaneceu praticamente estável (+0,01%).

Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para abril movimentou pouco mais de US$ 12 bilhões. Em certos momentos, esse contrato operou abaixo da cotação do dólar à vista, o que sugere uma demanda maior no mercado spot.

"Isso é um sintoma de baixa liquidez e provavelmente de saída de recursos do país. Quem tem dólares está cobrando caro pela moeda", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, para quem o receio de que a ampliação de gastos pelo governo leve a uma deterioração fiscal alimenta busca por proteção (hedge) e a manutenção de posições compradas em dólar.

Pela manhã, na divulgação do relatório de avaliação de receitas e despesas, os ministérios da Fazenda e do Planejamento anunciaram um bloqueio de R$ 2,9 bilhões em despesa discricionárias no Orçamento, como havia sido antecipado pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Por ora, o governo mantém a meta de déficit primário de 0% do PIB neste ano. Há dúvidas, contudo, em relação à capacidade de geração de receita adicional pelas medidas da Fazenda para ampliar a arrecadação.

No exterior, o índice DXY - referência do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisa fortes - voltou a superar os 104,00 pontos com enfraquecimento do euro e tocou máxima aos 104,496 pontos. A decisão do Banco do Povo da China (PBoC) de permitir o enfraquecimento do yuan ajudou a dar impulso ao dólar

A moeda norte-americana subiu em relação à maioria das divisas emergentes e de exportadores de commodities. Uma das exceções foi o peso colombiano. O Banco Central da Colômbia cortou a taxa de juros em 0,50 ponto porcentual, para 12,25%. A decisão foi dividida, com três dirigentes votando por redução maior.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, vê rigidez na taxa de câmbio no curto prazo. Passado o alívio com o fato de o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) ter confirmado, na quarta-feira, 20, que a maioria de seus dirigentes projeta três cortes de juros neste ano, o dólar volta a subir no mundo. Há dúvidas ainda sobre o início do processo de redução, embora as apostas majoritárias se voltem para junho, em razão dos indicadores americanos.

"E temos também a questão da crise no setor imobiliário chinês, apesar de a China ter dado sinais de estímulos, e todo o contexto geopolítico desfavorável para os ativos de risco", afirma Velho.

O economista ressalta que fatores locais, como o fluxo cambial negativo do lado da conta financeira e a perspectiva de mudança da meta fiscal ainda no primeiro semestre, contribuem para tirar força do real.

Ele acrescenta que a sinalização mais conservadora do Banco Central, que no comunicado de quarta-feira evitou se comprometer com a continuidade de cortes de juros em 0,50 ponto porcentual após maio, poderia até ajudar a moeda brasileira, mas já estava em grande parte refletida nos preços.

Veja Também


Azeite gaúcho conquista prêmio internacional

Produzido na Fazenda Serra dos Tapes, de Canguçu, Potenza Frutado venceu em primeiro lugar na categoria “Best International EVOO” do Guía ESAO

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895