Aos 90 anos, Ufrgs busca criar secretaria e órgão similar ao IPCC para monitorar impactos das mudanças climáticas
Reitora detalhou proposta do órgão, cujo investimento inicial é estimado em R$ 45 milhões, pleiteados por emendas parlamentares e da iniciativa privada

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A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), que completa 90 anos nesta quinta-feira, está em vias de criar uma Secretaria Especial de Emergência Climática Ambiental (SEECAM), e busca R$ 45 milhões, por meio de emendas parlamentares da bancada gaúcha, para fundar um Centro de Gestão de Riscos Climáticos Ambientais. Ainda, lidera a intenção de criar no sul do Brasil um Painel Intergovernamental de Emergências Climáticas e Ambientais do Sul, aos moldes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU).
As sugestões das criações vieram como resultado de um seminário realizado há cerca de dez dias no Câmpus do Vale da Ufrgs, em Porto Alegre. A proposta da SEECAM já foi encaminhada ao Conselho Universitário. A intenção é desenvolver em caráter local, mas dialogando com outras instituições a nível global, e independentemente de governo, algo que o órgão da ONU faz mundialmente, como o mapeamento das mudanças climáticas e prevenção de desastres naturais.
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As ideias foram descritas pela reitora da Ufrgs, Márcia Barbosa, em um café da manhã com a imprensa na universidade, também nesta quinta. “Esta secretaria é o primeiro instrumento para podermos falar para fora, e ainda criando uma sinergia entre as universidades do Sul”, destacou ela. Conforme Márcia, a intenção de buscar o financiamento via emendas é porque “são instrumentos muito importantes de captação de recursos”, com mais capacidade do que o próprio governo federal, porém ela afirma que também será buscado o apoio da iniciativa privada.
Ainda segundo ela, as universidades locais podem responder a demandas que não necessariamente precisam ser ditas por representantes estrangeiros, principalmente depois das enchentes de maio. “Temos, no Estado, um número suficiente de meteorologistas que fazem um mapeamento contínuo melhor do que o que está sendo realizado. Então, podemos articular um movimento para ter algumas respostas que, digamos, os governos não sabiam que tínhamos”, disse.
Também, conforme Márcia, “as mudanças climáticas impactam todo mundo”. “E precisamos ter um centro de gestão de crise para fazer este acompanhamento”. Também conforme ela, outra das principais funções do órgão seria o monitoramento das condições climáticas locais com mais agilidade do que é feito atualmente. “Precisamos ter um sistema melhor para proteger vidas, mas também nossos negócios”, prosseguiu ela, deixando claro que tanto a secretaria, quanto os demais órgãos, devem ter membros de todas as áreas, inclusive das Ciências Sociais.
“Precisamos que a sociedade gaúcha tenha orgulho das nossas universidades, e que as pessoas tenham orgulho do que fazemos aqui. Apesar dos problemas que temos, e de menos financiamento do que as demais, a Ufrgs é a melhor universidade federal do Brasil. Ela é do governo brasileiro, mas ela é do Rio Grande do Sul. Teremos (a partir da criação dos órgãos) um posicionamento, e, por estarmos sob ataque, traremos verdades inconvenientes”, declarou a reitora.