Crianças provenientes de assentamentos e áreas de reforma agrária da região participaram da marcha pela educação que encerrou nos portões da Assembleia Legislativa, onde puderam conferir a exposição fotográfica em alusão ao Dia da Criança "Encontros das Crianças Sem Terrinha". Depois, elas participaram da Audiência Pública sobre a "Situação das Escolas do Campo em áreas de Reforma Agrária", uma iniciativa do presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, deputado Adão Pretto Filho, que debateu as dificuldades enfrentadas por elas, que vivem em áreas rurais.
A audiência integra a programação do 20º Encontro Estadual das Crianças Sem Terrinha, sob o lema "Sem Terrinha em Ação! Defender a natureza é defender o nosso chão", que acontece em todo o país, de 6 a 12 de outubro. As pautas debatidas no encontro resultaram em dois dossiês elaborados coletivamente, focados nas demandas estruturais das escolas e no impacto da precariedade das estradas, especialmente.
Na próxima semana, o deputado Adão Pretto irá a Brasília para reunir-se com o presidente do Incra e assumiu o compromisso de levar o tema da infraestrutura para que sejam firmados convênios com os municípios para que tenha estradas boas para as crianças não perderem aula e os agricultores não perderem a produção. "Precisamos garantir direitos constitucionais como o direito de ir e vir e à educação."
Outro compromisso assumido pelo parlamentar foi de solicitar uma reunião na Secretaria da Educação. Por fim, Adão garantiu que encaminhará ofício a todos os municípios que tenham assentamento para solicitar que os prefeitos façam a sua parte na busca de soluções concretas e imediatas.
Segundo a coordenadora do setor de Educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Clarisse Teles, o debate visa dar visibilidade à realidade vivida por centenas de crianças Sem Terrinhas e exigir soluções concretas e imediatas das autoridades. "As escolas do campo em áreas de Reforma Agrária cumprem papel fundamental no processo de desenvolvimento educacional, social e cultural das comunidades assentadas."
O documento elaborado, segundo Clarisse, ressalta que as escolas do campo enfrentam um cenário de violação de direitos e negligência histórica. "A Infraestrutura escolar precária é um dos grandes problemas enfrentados, com escolas sem reformas, operando em prédios improvisados, com rachaduras, vazamentos, banheiros interditados, cozinhas inadequadas e ausência de refeitórios."
Além disso, há dificuldades de acesso e o transporte é outro grande enfrentamento dos estudantes. "Estradas de chão e pontilhões inseguros tornam as vias intransitáveis em períodos de chuva, resultando na suspensão recorrente das aulas e comprometendo o direito à permanência escolar." Clarice garantiu que, caso as respostas não venham, o movimento continuará buscando soluções à sua maneira.