Após orientação do Ministério da Saúde, Porto Alegre registra filas de adolescentes para vacinação

Após orientação do Ministério da Saúde, Porto Alegre registra filas de adolescentes para vacinação

Prefeitura manteve aplicação da primeira dose contra Covid-19 para jovens de 15 anos ou mais

Cláudio Isaías

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Os jovens com 15 anos ou mais foram em peso aos postos de saúde de Porto Alegre na manhã de sexta-feira se vacinar contra a Covid-19. A procura pela aplicação da vacina da Pfizer pelos adolescentes foi intensa com o registro de filas na unidade móvel que atendeu Largo Glênio Peres, no shopping João Pessoa, na unidade de saúde Santa Cecília, no bairro Santana, e no Centro de Saúde Santa Marta. 

O movimento que surpreendeu os servidores da saúde foi um dia após a recomendação do Ministério da Saúde para que fosse suspensa a vacinação contra a Covid-19 em adolescentes sem comorbidades. No Largo Glênio Peres, a adolescente Milena Pereira Santos, 16 anos, que estava com a mãe, a dona de casa Marcela Santos, disse que as duas saíram de casa por volta das 7h30min. A jovem lamentou o fato do Ministério da Saúde causar toda essa confusão. "É um momento que precisamos estar focados na vacinação de todos os brasileiros", destacou. 

Residente no bairro Partenon, os amigos Jaime Vaz, 16 anos, e Fernanda Pereira, 17 anos, disseram que se programaram para realizar a vacina nesta sexta-feira. "Buscamos informações no site da prefeitura de que a imunização estava confirmada", ressaltou. Segundo ela, o governo federal neste momento deveria ajudar e não atrapalhar. 

No shopping João Pessoa, as pessoas que foram se imunizar contra o coronavírus começaram a chegar por volta das 7h - o local começou a atender o público às 9h. Residente no bairro Azenha, a estudante Renata Mendonça, 16 anos, disse que chegou a pensar que não fosse conseguir se vacinar depois do anúncio feito na quinta-feira pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. "Essas informações do governo federal causaram confusão. E este não é o momento para que isso ocorra. Estamos no meio de uma pandemia", acrescentou a jovem. 

Mesmo com a nova orientação do Ministério da Saúde, a prefeitura de Porto Alegre decidiu manter nesta sexta-feira a aplicação da primeira dose para todas as pessoas com 15 anos ou mais. A aplicação ocorre em 36 unidades de saúde, 19 farmácias parceiras e em três pontos de vacinação - shopping João Pessoa, Bourbon Wallig e no Largo Glênio Peres. 

Na quinta-feira, Queiroga orientou a suspensão da vacinação de adolescentes sem comorbidades. Ele afirmou que 3,5 milhões de adolescentes já foram imunizados no Brasil. Porém, 1,5 mil tiveram efeitos adversos, representando 0,042% do total. Desses, 95% teriam recebido vacinas não liberadas para a faixa etária, o que é considerado erro de aplicação. A Anvisa autorizou o imunizante da Pfizer para a faixa etária dos 12 aos 17 anos.

Em nota, a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm) afirmou que apesar de entender que a população de maior risco deve ser priorizada, a entidade discorda do recuo do Ministério da Saúde em relação à vacinação de adolescentes sem comorbidades após o anúncio do início da vacinação desse grupo. A medida gera receio na população e abre espaço para fake news. 

As justificativas apresentadas não são claras ou não têm sustentação. A entidade diz ainda que a Organização Mundial da Saúde (OMS) não é contrária à vacinação de adolescentes “com ou sem comorbidades”. De acordo com o Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização (SAGE, na sigla em inglês) da entidade, as vacinas de mRNA -  caso da Pfizer  - são adequadas para o uso em pessoas acima de 12 anos. E ao aprovar a vacina para adolescentes entre 12 e 17 anos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não restringiu a administração a pessoas com comorbidades. 

Segundo a SBIm, o fato de apenas um imunizante – o da Pfizer – ter sido testado em ensaios clínicos randomizados e licenciado pela Anvisa para uso em pessoas a partir dos 12 anos, e ocorrências pontuais de administração equivocada de vacinas de outros fabricantes (erros de imunização) não justificam a interrupção, uma vez que a orientação atual é a de utilizar exclusivamente a vacina Pfizer para esse público. 


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