May viaja a Berlim e Paris para defender outra prorrogação do Brexit

May viaja a Berlim e Paris para defender outra prorrogação do Brexit

Reino Unido deveria ter deixado o bloco em 29 de março

AFP

Michel Barnier garante que a prorrogação da data do divórcio depende do que a primeira-ministra britânica disser a seus colegas europeus na cúpula de quarta-feira em Bruxelas

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Na véspera da cúpula europeia sobre o Brexit, a primeira-ministra britânica Theresa May viajou a Berlim nesta terça-feira e depois à tarde irá a Paris para convencer os dirigentes pesos-pesados da União Europeia a conceder ao Reino Unido mais uma prorrogação para o divórcio. A líder britânica, que em casa enfrenta as críticas dos conservadores mais eurocéticos por sua decisão de recorrer ao apoio da oposição de esquerda em busca de um consenso que tire o país do caos político, também deve travar sua batalha no front europeu.

O Reino Unido deveria ter deixado o bloco em 29 de março. Mas, diante da recusa do Parlamento britânico em aprovar o Tratado de Retirada assinado em Bruxelas, a UE adiou essa data até 12 de abril. Depois, diante de um terceiro fracasso no Parlamento, May solicitou um novo adiamento até 30 de junho, que os líderes europeus podem acordar na quarta-feira em uma cúpula extraordinária em Bruxelas.

Para preparar o terreno, a chefe do governo britânico conversou por telefone na segunda com vários líderes europeus e esta manhã se reuniu em Berlim com a chanceler Angela Merkel. Merkel considerou "possível" o adiamento da saída britânica da União Europeia "até o início de 2020", segundo um participante de uma reunião de seu partido CSU. A Alemanha é um dos países mais "moderados" na questão do Brexit, apesar de também condicionar a duração de uma prorrogação.

Antes do encontro entre May e o presidente francês Emmanuel Macron, o Palácio do Eliseu afirmou que Paris "não se opõe" a um adiamento do Brexit, "mas com certos limites e não a qualquer preço". A França faz parte do grupo de países que defende uma postura mais firme em relação a Londres, preocupados com o bom funcionamento do bloco se o Reino Unido continuar fazendo parte dele após as eleições à Eurocâmara previstas de 23 a 26 de maio.

O negociador europeu para o Brexit, Michel Barnier, garantiu nesta terça-feira que a prorrogação da data do divórcio "dependerá" do que a primeira-ministra britânica disser a seus colegas europeus na cúpula de quarta-feira em Bruxelas. "A decisão da UE nunca será um Brexit sem acordo", afirmou Barnier, para quem cabe ao Reino Unido dizer o que quer, apontando para a possibilidade de Londres de dar marcha a ré para a saída, ou de aprovar o Tratado de Retirada para "evitar um Brexit sem acordo", afirmou Barnier, após uma reunião de ministros europeus em Luxemburgo para preparar a cúpula.

Os sócios europeus do Reino Unido estão dispostos a conceder um novo adiamento do Brexit além de 12 de abril, mas com algumas condições rígidas. "Estamos em uma situação muito, muito frustrante, pois temos que dar tempo aos britânicos para saber o que desejam realmente", declarou o ministro alemão para Assuntos Europeus, Michael Roth, em Luxemburgo. "A hipótese de uma prorrogação não é automática", ressaltou, no entanto, a ministra francesa Amélie de Montchalin. "É muito importante que esta demanda venha acompanhada de um plano político confiável que explique o que acontecerá durante a prorrogação solicitada", completou.

Internamente, as negociações entre o governo britânico e a oposição trabalhista para tentar tirar o Brexit do atual bloqueio foram adiadas para depois da cúpula de quarta-feira na Europa, informou Downing Street nesta terça-feira. "Os dois lados concordaram em se reunir novamente na quinta-feira após a conclusão do Conselho Europeu extraordinário sobre Brexit", afirmou o governo de Londres em um comunicado, que descreveu as negociações com o Partido Trabalhista como construtivas.


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