Quase 300 milhões de estudantes estão sem aula no mundo por causa do coronavírus

Quase 300 milhões de estudantes estão sem aula no mundo por causa do coronavírus

Doença já infectou mais de 95 mil pessoas ao redor do planeta

AFP

Milhões de estudantes ao redor do mundo estão sem aulas presenciais para tentar diminuir chances de contágio do coronavírus

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O novo coronavírus deixou quase 300 milhões de estudantes sem aulas no mundo. A Itália foi o exemplo mais recente de país a fechar os centros de ensino em uma tentativa de frear a epidemia que preocupa cada vez mais o planeta e ameaça a economia mundial.

A Itália, principal foco europeu da epidemia, que superou na quarta-feira a marca de 100 mortos (3.089 infectados, 107 vítimas fatais), adotou medidas excepcionais: todos os colégios e universidades permanecerão fechados desta quinta-feira (5) até 15 de março.

A Coreia do Sul, segundo maior foco no planeta depois da China (5.766 casos, incluindo 35 mortes) prolongou as férias escolares por mais três semanas. O Japão se prepara para impor quarentena a pessoas procedentes da China ou Coreia do Sul, segundo a imprensa.

No cenário diplomático, a visita de Estado do presidente chinês Xi Jinping ao Japão, inicialmente prevista para as próximas semanas, foi adiada devido à epidemia. "A visita de Estado do presidente Xi ao Japão será organizada em um momento propício para as duas partes", declarou Yoshihide Suga, porta-voz do governo nipônico. "O maior desafio atualmente para nossos dois países é impedir a propagação do novo coronavírus. É necessário fazer disto nossa prioridade", afirmou Suga.

O porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, confirmou que "as duas partes concordaram com a necessidade de garantir que a visita de Estado do presidente Xi Jinping aconteça no momento mais oportuno, no ambiente e atmosfera mais adequados e que seja um sucesso".

No Irã, que registra até o momento 2.922 casos e 92 mortes pela doença, as autoridades também fecharam os estabelecimentos escolares, suspenderam eventos culturais e esportivos e reduziram o horário de trabalho nos prédios públicos. Em função da epidemia, 13 países fecharam todos os colégios, o que afeta mais de 290 milhões de estudantes no planeta, um número sem precedentes de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

A Unesco recordou que há apenas duas semanas, a China, onde o vírus surgiu em dezembro, era o único país a adotar tal medida. Mais países anunciaram as primeiras mortes provocadas pela doença, como o Iraque, com três vítimas fatais, e a Suíça, onde uma mulher de 74 anos faleceu nesta quinta-feira.

Limitar o impacto

A China superou nesta quinta-feira a barreira de 3 mil mortos, com 31 vítimas fatais registradas nas últimas 24 horas. Agora, no entanto, o país teme novos contágios devido aos indivíduos que retornam do exterior. Xangai anunciou nesta quinta-feira que um estudante chinês que retornou na segunda-feira do Irã estava infectado.

O isolamento na cidade de Wuhan e sua província, o epicentro da epidemia, desde o fim de janeiro e a limitação das viagens no país parecem estar dando resultado, com uma tendência de queda no número de novas mortes durante as últimas semanas e mais de 50 mil pessoas curadas.

As medidas drásticas, no entanto, paralisam a economia do gigante asiático e, por sua vez, ameaçam o crescimento global. A diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmou na quarta-feira que a crise exigia "uma resposta a nível mundial", enquanto os países membros da instituição prometeram "todo o apoio necessário para limitar o impacto" da epidemia e restabelecer o crescimento.

Ainda sem condições de avaliar com precisão o impacto econômico do coronavírus, o FMI confirmou que o crescimento mundial em 2020 será inferior ao de 2019. Nos Estados Unidos, onde foram registradas mais duas mortes (11 no total), a epidemia está na cabeça de todos e preocupa todos os setores, segundo um estudo do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano).

 

As previsões do Fed apontam um crescimento "modesto" a curto prazo e o Congresso liberou mais de 8 bilhões de dólares para ajudar a conter a epidemia. A Califórnia declarou estado de emergência e um navio de cruzeiro, o "Grand Princess", com 2,5 mil passageiros e membros da tripulação, foi colocado em quarentena depois que 20 casos suspeitos foram detectados.

O impacto do coronavírus também afeta a atividade econômica europeia. Na Alemanha, maior mercado para automóveis na Europa, os emplacamentos de novos carros recuaram 11% em fevereiro e as encomendas 19%, de acordo com as montadoras. A companhia aérea britânica Flybe, que já estava em situação delicada, anunciou nesta quinta-feira o fim de suas atividades com efeito imediato, após a queda brutal do tráfego aéreo no mundo.

James Bond terá que esperar

O novo coronavírus afeta todos os continentes, exceto a Antártica, e altera a vida cotidiana em muitos países. Diante do perigo, as autoridades cancelam ou adiam qualquer evento que possa propagar a doença. Em Londres, os produtores do novo filme do agente James Bond, "No time to die" (Sem tempo para morrer), anunciaram o adiamento da estreia mundial de abril para novembro.

As competições esportivas também são afetadas: na Itália, todas as partidas, incluindo as de futebol, serão disputadas com portas fechadas até 3 de abril. O futuro de dois grandes eventos esportivos está em suspenso: a Eurocopa (12 de junho a 12 de julho) e os Jogos Olímpicos de Tóquio (24 de julho a 9 de agosto).

As grandes concentrações religiosas também foram afetadas. A Arábia Saudita suspendeu temporariamente a Umrah, a pequena peregrinação muçulmana que pode acontecer durante todo o ano. Na França, o santuário de Lourdes, que atrai milhões de peregrinos católicos a cada ano, anunciou o fechamento das piscinas, onde 350 mil pessoas mergulham a cada ano em busca de um milagre.


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