Polícia

Mãe que matou recém-nascido e pôs na lixeira é condenada a 27 anos de prisão em Tramandaí

Mulher foi sentenciada pelo júri pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, asfixia e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver

Pedidos do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) foram acolhidos na íntegra
Pedidos do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) foram acolhidos na íntegra Foto : Marcelo Kervalt / MPRS / Divulgação / CP

O Tribunal do Júri de Tramandaí condenou na madrugada desta sexta-feira, a mãe que matou o filho recém-nascido e deixou o corpo em uma lixeira em 2017. Ela foi sentenciada a 27 anos de prisão, em regime inicial fechado, pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, asfixia e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. 

"A decisão dos jurados foi um reflexo do que a sociedade pensa, passando a mensagem que condutas dessa natureza não são toleradas e serão rigorosamente punidas! A família enlutada, que sofreu uma perda irreparável, ganha um pouco de consolo e alento, que ameniza a dor. Ontem, depois de seis anos, foi encerrado o ciclo de luto", declarou o promotor de Justiça André Luiz Tarouco Pinto nesta manhã à reportagem do Correio do Povo. Os pedidos do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) foram acolhidos na íntegra durante o julgamento, que começou nessa quinta-feira.

 A sentença, em consonância com o veredito do Conselho de Sentença, foi lida pelo Juiz de Direito Gilberto Pinto Fontoura, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Tramandaí.  A acusação em plenário foi feita pelos promotores de Justiça André Luiz Tarouco Pinto e Karine Camargo Teixeira. O secretário-executivo do Grupo Especial de Atuação no Tribunal do Júri (Júri +), Fernando Sgarbossa, também esteve presente no julgamento para prestar apoio institucional, assim como fizeram o vice-presidente da Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul (AMPRS), Fernando Andrade Alves, e a promotora de Justiça Susana Cordero Spode. A mulher teve na defesa o Defensor Público Antônio Trevisan Fergapane.

Utilizando cintas abdominais, shorts com extensão abdominal e protetores de seios, a mulher, atualmente com 34 anos, ocultou do companheiro e dos familiares a gravidez. Em 11 de junho de 2017, por volta das 23h, ao entrar em trabalho de parto, ela foi até o banheiro da residência onde morava com o companheiro e os sogros, na Zona Nova de Tramandaí.

Para matar o recém-nascido, do sexo masculino, a mãe o asfixiou enfiando uma bucha de papel na sua boca. Posteriormente, ela colocou o bebê e a placenta em uma sacola plástica e deixou no armário do banheiro. Para maquiar os barulhos e eventual choro do bebê, a mulher ligou o secador de cabelos e o chuveiro. Depois, limpou todo o banheiro.

O crime foi cometido mediante asfixia e por motivo torpe, pois a intenção da ré era não estabelecer qualquer vínculo afetivo com o filho. “Ela praticou o crime contra um recém-nascido, incapaz de esboçar qualquer tipo de defesa contra a agressão perpetrada. Ainda dificultou qualquer possibilidade de alguém perceber o crime ao acionar chuveiro e ligar secador de cabelos, propagando barulhos que impediram que as pessoas presentes tomassem ciência dos fatos e agissem em defesa do recém-nascido”, afirmou o promotor de Justiça André Luiz Tarouco Pinto.

No dia seguinte, por volta das 13h30min, ela ocultou o cadáver do filho, colocando a sacola com a placenta e o corpo em uma lixeira localizada na avenida Rubem Berta, em Tramandaí. Um reciclador acionou a Brigada Militar quando encontrou o bebê em meio ao lixo.