Nova operação mira mães que facilitavam abusos das próprias filhas por empresário no Litoral Norte

Nova operação mira mães que facilitavam abusos das próprias filhas por empresário no Litoral Norte

Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em três residências em Imbé

Correio do Povo

Investigação é da 1ª Delegacia de Polícia da Criança e do Adolescente (1ª DPCA)

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A quarta fase da operação La Lumière foi deflagrada na manhã desta terça-feira pela 1ª Delegacia de Polícia da Criança e do Adolescente (1ª DPCA), do Departamento Estadual de Proteção aos Grupos de Vulneráveis (DPGV) da Polícia Civil. Os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em três residências de mães que facilitaram os abusos sexuais por parte de um empresário, de 41 anos, em Imbé, no Litoral Norte.

Segundo a delegada Camila Franco Defaveri, o objetivo da ação é “de se buscar mais elementos para as investigações”. Houve apoio das DPs de Imbé e da DP de Tramandaí, além de peritos da área de informática do Instituto-Geral de Perícias (IGP). “Estamos realizando as extrações dos equipamentos eletrônicos junto com o IGP”, adiantou.

A equipe da 1ª DPCA apreendeu equipamentos eletrônicos, telefones celulares, notebooks e documentos que apontam para participação de outras pessoas envolvidas nos crimes investigados. Não houve prisões.

A nova fase da operação La Lumière ocorre após o indiciamento do empresário por estupro de vulnerável, exploração sexual infantojuvenil e armazenar fotos de sexo infantil e juvenil em internet e computador. O suspeito encontra-se recolhido no sistema carcerário após ter sido preso em abril deste ano, quando a investigação começou após denúncias.

O trabalho policial apurou que o empresário conhecia mulheres em organizações não governamentais e instituições de amparo, além de se valer de sites de prostituição estilo “sugar baby”. O alvo dele eram mães com filhos menores, crianças de zero a 12 anos.

Morador em Porto Alegre, ele convidava as mães para participar de encontros “familiares”, demonstrando boas intenções e repassando dinheiro para elas. Em seguida, o suspeito encaminhava tabelas de valores a serem pagos por ele para a prática de determinados atos com as filhas. Após, combinado os valores, o empresário marcava os encontros em locais reservados, em hotéis nas cidades ou no apartamento à beira-mar em Imbé. Ao menos dez mães teriam consentido nos abusos, sendo que quatro delas já foram indiciadas pela delegada Camila Franco Defaveri.

A operação La Lumière, da 1ª DPCA foi desencadeada em abril deste ano, após denúncia de que três irmãs, de 8, 10 e 12 anos, estariam sendo submetidas aos crimes de exploração sexual, prostituição, estupro e derivados do crime de pornografia infantil, tendo anuência da mãe, de 32 anos, moradora em Porto Alegre.

Na primeira fase da operação, os policiais civis realizaram buscas nos imóveis do investigado, uma residência em Porto Alegre e no apartamento à beira mar em Imbé. Houve o recolhimento de instrumentos sexuais, medicamentos calmantes de venda controlada, possíveis dopantes, como outros acessórios já denotando sua preferência sexual por crianças.

Na ocasião, os agentes encontraram telefones celulares e notebooks com o histórico de conversas com a acusada, mãe das menores, e que também está detida. As mensagens continham negociação de encontros, combinando valores e com os comprovantes de Pix pelos pagamentos dos encontros. Até um “cardápio”, com valores conforme os tipos de abusos sexuais na criança, foi descoberto.

“Com a apreensão dos aparelhos do investigado pode-se confirmar que se trata de um criminoso contumaz, que busca conhecer mulheres com filhos pequenos”, avaliou a delegada Camila Franco Defaveri.

O avanço do trabalho investigativo chegou então até outras duas mães, uma estudante de faculdade de medicina veterinária e digital influencer, de 26 anos, com uma filha de seis anos de idade, de Cachoeirinha, e uma garota de programa e aluna do curso técnico de enfermagem, de 23 anos, com duas meninas de um ano e de três anos e meio, de Alvorada.

As duas mulheres foram também presas preventivamente, diante da “gravidade dos fatos se fez necessária as medidas para obtenção de fontes materiais de prova acerca das práticas delitivas e continuidade das investigações”. A empresa do investigado igualmente foi alvo dos agentes da 1ª DPCA com “o intuito de colher elementos que apontem pela prática delituosa, uma vez que ambas as investigadas já prestaram serviços em sua empresa como digitadoras”. Uma outra mãe, de 25 anos, garota de programa, com uma filha de três anos, seria depois detida.

Todas as mães estão sendo investigadas pelos crimes de favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança e adolescente, além de estupro de vulnerável. “Os crimes sexuais são extremamente cruéis e traumáticos para as vítimas, seus impactos são ainda maiores, quando perpetrados contra crianças e adolescente, em razão da fase de desenvolvimento físico e mental que se encontram, motivo pelo qual, faz-se necessária uma proteção especial, visando garantir e proteger os direitos infantojuvenis, bem como, punir severamente os agressores e assegurar as vítimas todas as medidas protetivas para minimizar os traumas”, declarou a delegada Camila Franco Defaveri. 


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