Um ato simbólico “interditou” o Palácio da Polícia, em Porto Alegre, nesta terça-feira. A iniciativa foi do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da Policia Civil (Ugeirm), em teor de reivindicação. Mesmo com o protesto, os serviços permanecem em funcionamento no local.
O prédio foi cercado com fitas de isolamento, em cores amarelas e pretas, semelhantes às utilizadas no atendimento de ocorrências. Também foram colados cartazes e faixas ao redor do edifício.
De acordo com o Ugeirm, o objetivo da manifestação foi denunciar os problemas estruturais nas delegacias do Rio Grande do Sul. Ainda conforme o sindicato, a intenção também foi alertar sobre as condições de trabalho dos agentes e a falta de perspectivas da categoria.
“Fizemos, de maneira simbólica, aquilo que o poder público já deveria ter feito há muito tempo: interditar o Palácio da Polícia Civil. Com esse gesto, quisemos chamar a atenção não apenas para a situação que envolve esse local, que é nossa principal estrutura, mas também alertar para a falta de condições em outras unidades da instituição no Rio Grande do Sul inteiro”, afirmou o vice-presidente do Ugeirm, Fábio Nunes Castro.
Entre os problemas apontados por Castro estão as instalações precárias e a falta de plano de prevenção contra incêndios (PPCI), entre outros. Na visão dele, a situação gera risco aos profissionais e prejudica investigações.
"O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), após registrar incêndios, continua sem ter sede definida. Também há precariedade nas delegacias de Caxias do Sul, na 2ª DP de Viamão e em outras. Na 1ª DP de Santa Maria, que foi a unidade que realizou o inquérito da Boate Kiss, não há PPCI”, disse Castro.
O vice-presidente do Ugeirm ainda adicionou que a Polícia Civil sofre com falta de efetivo e que o protesto foi consequência da falta de diálogo por parte do poder público. “Queremos denunciar a falta de efetivo, as exonerações e o arrocho salarial. É um alerta, um pedido de socorro, para a sociedade e ao poder público. Não temos encontrado diálogo. Fomos vetados de reuniões, de maneira autoritária. Só nos resta protestar para chamar atenção”, ponderou.
O que diz a Secretaria da Segurança Pública
A reportagem contatou o Chefe de Polícia, delegado Heraldo Chaves Guerreiro, mas, inicialmente, ele disse que a instituição iria se manifestar. Contudo, na noite desta terça, em nota, a instituição disse que “as avaliações técnicas, feitas continuamente, atestam estabilidade do prédio”.
O documento ainda afirma que “mesmo com a obra, o Palácio da Polícia permanece um ambiente seguro e funcional” e que as melhorias visam a preservação e modernização da estrutura, além de “resolver problemas históricos”.
Já a Secretaria da Segurança Pública informou que estão sendo feitas todas as obras necessárias para o pleno funcionamento do Palácio da Polícia, totalizando investimento de R$ 4.9 milhões. A previsão de conclusão do telhado e da rede elétrica está prevista para dezembro, ficando as demais obras, como pintura, piso e aberturas para junho de 2026. Recentemente foram concluídos os serviços de recomposição estrutural de três vigas de concreto armado.
"As principais frentes de trabalho incluem a reforma da cobertura e terceiro pavimento, a reforma integral do terceiro andar, incluindo a renovação de pisos, pintura, aberturas e da rede lógica; a reforma do térreo, que visa reabilitar salas e melhorar as instalações, com recuperação de pisos, revestimentos, forros e ajustes na rede elétrica, bem como a modernização da fachada e a adaptação da Antiga Casa de Custódia, obra para realocar a Divisão de Serviços Gerais e permitir a futura ampliação das instalações do Departamento de Saúde”, informou, por meio de nota.