Depois do Magistério, base abre divergência sobre projeto que altera previdência dos militares

Depois do Magistério, base abre divergência sobre projeto que altera previdência dos militares

Emenda vai ser apresentada para igualar taxação de civis chegando a 22% 


Lucas Rivas / Rádio Guaíba

Semana é decisiva para obtenção de votos a favor

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Governo estadual e base aliada seguem discutindo, ponto a ponto, as matérias que fazem parte do pacote de reformas até consolidarem a margem necessária de votos para a aprovação dos textos na Assembleia Legislativa. Novos encontros serão realizados para dirimir polêmicas, entre esta terça e a quinta-feira. Além da proposta do Magistério, o Projeto de Lei Complementar (PLC) 504, que altera a previdência dos servidores militares, também rachou a base governista.

Assim como o texto que revisou a contribuição previdenciária dos servidores civis, a proposta elaborada pelo Executivo para os militares também vai receber emendas prevendo taxação entre 7,5% a 22%, dependendo da faixa salarial. Hoje, são isentos os policiais militares ou bombeiros que recebem até o teto do INSS, que é de R$ 5,8 mil. Já os demais, assim como os ativos, são taxados em 14%, indiferente da faixa salarial.

A fim de buscar uma isonomia entre as categorias – civis e militares, a Secretaria da Fazenda defendeu, nesta segunda-feira, o mesmo regime para policiais do RS. “Do ponto de vista da alíquota de contribuição, nós entendemos que deve vigorar o mesmo caráter contributivo entre os civis e os militares. Os dois projetos foram enviados com o sistema de alíquotas – 14%, 16% e 18%. O projeto está na Assembleia e cabe e ela decidir. Mas a gente entende que se foi alterado para um, que seja alterado para outro também”, disse o secretário Marco Aurelio Cardoso.

Um dos impasses envolve o índice definido pelo Congresso Nacional. Em âmbito federal, foi estabelecido que a alíquota de contribuição de militares ativos e inativos passa dos atuais 7,5% para, no máximo, 10,5%. Além do PSL, que conta com três cadeiras, deputados do MDB, maior bancada com oito assentos, levantaram questionamentos sobre a legalidade de o Estado extrapolar o limite definido pela União. Por se tratar de um PLC, é necessária maioria absoluta, ou seja, 28 votos em plenário. Na quinta-feira, a base governista bate o martelo referente aos projetos que serão votados, durante as extraordinárias, previstas para o fim de janeiro.

Para o líder da bancada do PSL, deputado estadual Tenente Coronel Zucco, caso o índice seja elevado acima de 10,5%, pode haver uma enxurrada de processos contra o Estado. “Nós temos um entendimento de que PLC 504 pode ser, sim, inconstitucional. Neste tocante, nós não queremos que haja milhares de ações judiciais e de futuros precatórios, para que o Estado fique pagando conta de governos passados. Eu, como líder da bancada do PSL sou contra a votação deste projeto, neste momento”, adverte.

Sem entrar no mérito da questão, Zucco entende que o Supremo Tribunal Federal (STF) deve ser consultado para avalizar ou não a medida defendida pelo Piratini. Além disso, ele pretende apresentar uma tabela alternativa de contribuição para os militares até, no máximo, a segunda-feira que vem. O parlamentar defende uma revisão na contribuição da categoria, mas não igual à definida para os civis. O deputado ressalta que os militares põem a vida em risco e nunca fazem greve, por exemplo.

Com a fissura aberta na base, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) vem dialogando com os aliados e defendendo a tese de que a inconstitucionalidade ocorreu quando o Palácio do Planalto chancelou o projeto do Congresso. A PGE entende que o Pacto Federativo foi “violado” quando o governo federal impôs o limite de 10,5%. O Rio Grande do Sul conta hoje com 46,8 mil vínculos de servidores militares.


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