Ato em defesa da democracia reúne centenas na Faculdade de Direito da Ufrgs

Ato em defesa da democracia reúne centenas na Faculdade de Direito da Ufrgs

Ministro Edson Fachin manda mensagem na qual classifica momento como "decisivo da história da República"

Flavia Bemfica

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As escadarias da Faculdade de Direito da Ufrgs sediaram, em Porto Alegre, entre o final da manhã e o início da tarde, os atos em defesa da democracia que ocorrem em todo o país nesta quinta-feira. Com a presença de centenas de membros de entidades representativas de carreiras jurídicas, juristas, professores, políticos e estudantes, a manifestação lotou as escadarias, o hall interno, o externo e a área em frente ao prédio. Os políticos presentes, entre eles os candidatos ao governo Edegar Pretto (PT) e Vieira da Cunha (PDT), além dos ex-governadores Olívio Dutra (que disputa o Senado), e Tarso Genro, não fizeram uso da palavra.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, enviou uma mensagem que foi lida durante o ato, no qual ele reafirma a segurança das urnas eletrônicas e define o atual momento como “decisivo da história da República.” Em um dos trechos, o ministro afirma que “a defesa da ordem constitucional e, consequentemente, da dignidade humana, impõem a rejeição categórica do flertar com o retrocesso e, com isso, a recusa incondicionada e a improtelável coibição de práticas desinformativas que pretendem, com perfumaria retórica e pretextos inventados, justificar a injustificável rejeição do julgamento popular.” Na sequência, assegura que a inexistência de fraudes no processo eleitoral com o uso das urnas eletrônicas é “um dado observável, facilmente constatado a partir da aplicação de procedimentos de conferência previstas em lei.” E destaca que, em função disto “inexistem razões lógicas, éticas ou legais para que se defenda com malabarismos argumentativos a falência do estado constitucional, com a destituição pela força bruta do controle eleitoral atribuído às maiorias.”

O ex-ministro Nelson Jobim participou do ato por teleconferência. Em sua fala, definiu a democracia como “administradora de dissensos e produtora de consensos.” “Os dissensos não nos levam ao conflito, nos levam ao debate, ao diálogo. Pode ser um diálogo duro, mas é diálogo. E, desse diálogo, surgirá um consenso. E esse consenso será um novo dissenso, para um novo consenso, e assim sucessivamente. O problema é que hoje se introduziu no processo do posicionamento político uma variável nova não conhecida de todos nós: o ódio. O ódio barra a possibilidade de entendimento e diálogo”, resumiu.

Durante o ato, foram lidas duas cartas. A “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito!”, idealizada pela Faculdade de Direito da USP, que até a manhã desta quinta-feira contava com quase um milhão de signatários, e cuja elaboração acabou resultando na confecção de vários outros documentos em defesa da democracia e nos atos realizados nesta quinta. E, ainda, a “Manifestação da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul à comunidade Jurídica”. Em seis parágrafos, o documento convida todos os que passaram pela faculdade e seus amigos a “permanecerem atentos e ativos na defesa dos valores aqui ensinados e à manutenção da Democracia e da ordem constitucional em nosso país.”

Entre as leituras, aconteceram manifestações de representantes de entidades como a Associação dos Juízes do RS (Ajuris), a Associação das Defensoras e Defensores Públicos do RS (Adpergs), a Associação dos Procuradores (Apergs), a Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 4ª Região, a Associação dos Juízes Federais do RS (Ajufergs), o Instituto dos Advogados do Brasil (IAB), a direção da Faculdade de Direito da Ufrgs e o Centro Acadêmico André da Rocha.


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