Bolsonarismo na eleição: saiba quais ex-integrantes do governo Bolsonaro se elegeram

Bolsonarismo na eleição: saiba quais ex-integrantes do governo Bolsonaro se elegeram

Treze candidatos que ocuparam algum cargo no governo federal se elegeram e três ainda concorrem no segundo turno

Henrique Massaro

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Com a disputa aberta para o governo federal e em 12 estados, a eleição do último domingo ficou marcada também por mais da metade dos ex-membros do governo Jair Bolsonaro terem vencido ou chegado ao segundo turno. Dos 24 candidatos que ocuparam algum cargo no governo federal nos últimos três anos e 10 meses, 13 foram eleitos na primeira fase do pleito e três ainda concorrem na segunda fase do processo eleitoral. Oito ex-ministros e antigos membros de algum órgão do governo, no entanto, não conseguiram se eleger a nenhum cargo. 

Dos 13 eleitos, sete foram para ocupar uma vaga no Senado Federal. O mais votado foi o ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes (PL). Eleito senador por São Paulo com mais de 10,7 milhões de votos, ele superou Márcio França (PSB) na disputa e, a partir de 2023, passa a ocupar a cadeira de José Serra (PSDB). Em seguida, o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) levou mais de 2,5 milhões de votos, vencendo Olívio Dutra (PT) e sendo eleito pelo Rio Grande do Sul. Ele ficará com a vaga hoje ocupada por Lasier Martins (Podemos). 

Ministro da Justiça e Segurança Pública até 2020, Sergio Moro (União) foi eleito pelo Paraná com mais de 1,9 milhão de votos. Ele entra no lugar de Álvaro Dias (Podemos), que ficou 24 anos no cargo e não conseguiu se reeleger. Por Santa Catarina, Jorge Saif (PL), ex-secretário da Aquicultura e Pesca recebeu mais de 1,4 milhão de votos e ocupará a cadeira de Dário Berger (PSB) a partir de janeiro. Tereza Cristina (PP), ex-ministra da Agricultura, foi eleita pelo Mato Grosso do Sul com mais de 829 mil votos, entrando no lugar de Simone Tebet (MDB).

Damares Alves (Republicanos), ex-titular da pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos, tornou-se senadora pelo Distrito Federal, na vaga hoje ocupada por José Antônio Reguffe (sem partido), e Rogério Marinho (PL), que foi ministro do Desenvolvimento Regional, elegeu-se senador pelo Rio Grande do Norte. Os ex-ministros receberam, respectivamente, mais de 714 mil e 708 mil votos. 

Seis deputados federais eleitos

Rio de Janeiro e São Paulo elegeram, cada um, dois ex-membros do atual governo federal para a Câmara dos Deputados, todos pelo partido do presidente, o PL. O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuelllo, e o  ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, foram eleitos pelo estado fluminense. Por SP, o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o ex-secretário especial de Cultura, Mário Frias, foram eleitos deputados. 

Segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais elegeu novamente o ex-ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, também do PL, como deputado federal, cargo que ocupa desde 2014. Já o Rio Grande do Sul escolheu mais uma vez Osmar Terra (MDB), que é deputado federal desde 2011 e foi ministro da Cidadania no governo Bolsonaro. 

Três ex-ministros no segundo turno

Dos três candidatos que foram titulares de alguma pasta federal na gestão de Bolsonaro e resolveram concorrer a governador, dois chegaram ao segundo turno das eleições. É o caso de Onyx Lorenzoni (PL), candidato mais votado na disputa pelo Palácio Piratini. Com 37,5% dos votos, ele terá o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) como adversário. Lorenzoni foi também quem mais ocupou cargos federais: foi ministro-chefe do Gabinete de Transição Governamental, da Casa Civil e da Secretaria-Geral da Presidência, além de ministro da Cidadania e do Trabalho e Previdência. 

Em São Paulo, o ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas (Republicanos) também acabou como o mais votado, com 42,32% dos votos. Ele está na disputa do segundo turno pelo Palácio dos Bandeirantes com o ex-prefeito paulista Fernando Haddad (PT). O ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, Walter Braga Neto (PL), também está no segundo turno, mas para a presidência da República – ele é o candidato a vice da chapa de Jair Bolsonaro, que ficou em segundo lugar no primeiro turno e disputará o cargo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Quem não foi eleito

Quatro ex-ministros que concorreram a cargos eletivos não conseguiram se eleger. Foi o caso de Flávia Arruda (PL), que teve pouco mais de 429 mil votos e perdeu a disputa para senadora pelo Distrito Federal para a também ex-ministra bolsonarista Damares Alves. Por Pernambuco, o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado (PL), também ficou em segundo lugar, com mais de 1,3 milhão de votos, atrás de Teresa Leitão (PT), que obteve pouco mais de 2 milhões. 

Luiz Henrique Mandetta (União), titular da Saúde até 2020, também não se elegeu senador: com 206 mil votos, ficou atrás de Tereza Cristina na disputa no Mato Grosso do Sul. Na corrida para governador da Bahia, o ex-ministro da Cidadania, João Roma (PL), ficou em terceiro lugar, com apenas 9,08% dos votos, atrás de Jerônimo Rodrigues (PT) e ACM Neto (União), com 49,45% e 40,8%, respectivamente.

Na disputa pela Câmara dos Deputados, somente um ex-ministro bolsonarista não conseguiu se eleger: Abraham Weintraub (PMB), que chefiou a pasta da Educação, obteve a votação irrisória de 4.057 votos. Sérgio Camargo (PL), que presidiu a Fundação Cultural Palmares, também não se elegeu, obtendo poucos votos por São Paulo: 13.085.

A ex-secretária de Gestão de Trabalho e Educação em Saúde, Mayra Pinheiro (PL), foi outra candidata que pertenceu ao governo Bolsonaro e não se elegeu. Conhecida como “Capitã Cloroquina”, ela obteve 71 mil votos e terminou como suplente pelo Ceará. Também defensora do tratamento precoce comprovadamente ineficaz contra a Covid-19, Nise Yamaguchi (PROS), que fez parte do gabinete de crise do enfrentamento à pandemia, obteve pouco mais de 13 mil votos e não se elegeu por São Paulo. 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895