Eleições 2022: Leite protela posição sobre disputa nacional

Eleições 2022: Leite protela posição sobre disputa nacional

Em coletiva, tucano evitou externar preferência. Ele precisa atrair votos de Edegar Pretto, e PT está sem palanque para a corrida presidencial no RS

Flavia Bemfica

Após a definição do segundo turno, Eduardo Leite (PSDB) concedeu coletiva nesta manhã

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O candidato do PSDB ao governo do Estado, Eduardo Leite, disse na manhã desta segunda-feira em Porto Alegre, que vai se posicionar em relação ao segundo turno da disputa nacional, mas evitou responder claramente se a posição será a de apoio a um dos dois candidatos (Lula e Bolsonaro) ou se poderá ser a da liberação de seus apoiadores. “Agora estou menos preocupado com esta questão dos apoios políticos que em um outro tempo da política tinham algum tipo de relevância. É mais sobre dialogarmos e construirmos a capacidade de entendimento, mais do que apoios formais a serem negociados. O momento ainda é de avaliação, e nosso conselho político avaliará”, destacou.

A declaração foi dada durante coletiva de imprensa realizada no comitê central de campanha, na zona Norte da Capital. Ante a insistência dos jornalistas sobre uma posição em relação a disputa nacional, Leite seguiu deixando a questão em aberto. “O Brasil é importante e não vamos nos omitir como cidadãos. Como líder de um grupo político, eu devo lealdade a este grupo, para que possamos ajustar o melhor posicionamento para o que queremos. Da minha parte, não nos renderemos à polarização e aos ataques de um lado a outro. A polarização que está aí, um é resultado do outro. Tanto Bolsonaro foi resultado de uma arrogância do petismo como o retorno de Lula tem a ver com as inúmeras falhas do governo Bolsonaro. E nenhum deles me parece ser a resposta para o país que eu quero construir.”

Leite também evitou adiantar se fará algum movimento concreto de forma a tentar atrair os votos que no primeiro turno foram para o candidato do PT ao governo do Estado, Edegar Pretto, ou se aguardará por uma migração ‘natural’. Edegar ficou em terceiro lugar na corrida, mas por uma diferença bem pequena, e que levou a disputa entre ele e o ex-governador a um patamar dramático na noite de domingo. O tucano contabilizou 1.702.815 votos e, o petista, 1.700.374. O primeiro colocado foi o candidato do PL, Onyx Lorenzoni, que fez 2.382.026 votos. “Os 26% da candidatura dele (Edegar) parecem ser naturalmente mais resistentes ao candidato que ficou em primeiro lugar (Onyx). É uma nova eleição, e tenho convicção de que podemos vencê-la pelos nossos méritos e pela discussão do Rio Grande do Sul”, insistiu Leite.

Até o final da manhã desta segunda, o ex-governador não havia feito contato com a campanha do petista. Quem se adiantou e procurou tanto por Edegar como pelo seu vice, o vereador Pedro Ruas (PSol), na chapa que concorria até ontem foi o vice de Leite, Gabriel Souza (MDB), que fez questão de falar sobre o contato durante a coletiva. “Ontem, tarde da noite, depois do resultado, eu sou colega do Edegar na Assembleia, telefonei para ele para cumprimentar sobre sua participação na eleição. Reconheci que fez uma grande votação, seu trabalho na reta final. Não combinamos absolutamente nada, mas mostra que temos relacionamento, diálogo. Aliás, é o que nos difere do nosso adversário. Também telefonei para o Pedro Ruas, registrando, em um breve telefonema, da nossa parte, minha e do Eduardo, nossos cumprimentos e nosso respeito”, elencou Gabriel.

No xadrez do segundo turno, o núcleo da coligação encabeçada pelo PSDB no RS, ao mesmo tempo em que precisa atrair pelo menos parte dos votos concedidos ao candidato petista ao governo no primeiro turno, tenta dimensionar quanto perde em apoio de bolsonaristas (seja nas urnas ou em segmentos econômicos pelos quais transita) caso opte por uma posição clara em relação à disputa nacional ou formalize um diálogo com o PT gaúcho. Na outra ponta, após o resultado de domingo, Lula ficou sem palanque algum para a campanha de segundo turno no RS, o quinto maior colégio eleitoral do país. 


Correio do Povo
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