Eleições 2022: regime de Recuperação Fiscal ganha destaque em último debate no RS

Eleições 2022: regime de Recuperação Fiscal ganha destaque em último debate no RS

Onyx Lorenzoni (PL) e Eduardo Leite (PSDB) discutiram de forma mais técnica; mas não deixaram de trocar acusações

Felipe Nabinger

Onyx e Leite estiveram frente à frente pela última vez antes da eleição.

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O último debate entre os candidatos ao governo do RS nas Eleições 2022, realizado nesta quinta-feira, Onyx Lorenzoni (PL) e Eduardo Leite (PSDB), teve amplo espaço para a discussão do Regime de Recuperação Fiscal. Onyx chegou a comentar o vídeo do debate do Correio do Povo e Rádio Guaíba, ocorrido na terça-feira, que viralizou na internet. “Isso não é brincadeira, isso é coisa séria. Ele assumiu uma dívida de R$ 74 bilhões que vai chegar a R$ 168 bilhões”, afirmou. Leite relembrou que o governo anterior, de José Ivo Sartori (MDB), já vinha trabalhando a questão e que o atual acordo tem a assinatura do próprio Onyx, que ocupava a secretaria-geral da Presidência no governo Jair Bolsonaro (PL).

No entanto, se em outros encontros o tom foi mais político, neste os postulantes ao Piratini partiram para questões técnicas. Se por um lado houve o aprofundamento da questão, o que é positivo por outro, o tom adotado tornou mais intrincada a compreensão. O assunto ocupou a maior parte do primeiro bloco do debate realizado na RBS TV.

Onyx afirmou que o caminho ideal seria o Plano de Equilíbrio Fiscal (PEF), no qual precisaria recuperar a capacidade de investimento e permitiria a aplicação de recursos em caso de números positivos, durando o período de um governo, ou seja, quatro anos. “Não tenho como desfazer o que ele fez, vou ao governo federal e abrir uma renegociação séria”, garantiu.

Leite, por sua vez, afirmou que o PEF não se aplica no caso da dívida do RS. “O Estado tem capacidade de pagamento nível D pelo desequilíbrio que havia nas contas. O PEF não suspende o pagamento da dívida, teríamos que quitar R$ 5 bilhões no próximo ano, tirando dinheiro da saúde e das obras”, detalhou.

Covid e IPE Saúde

Outro tema abordado foi a saúde, tema que encampou a pandemia e questões relacionados ao IPE Saúde. Leite voltou a falar que dos candidatos, somente ele está vacinado. Onyx disse que “a melhor vacina é pegar a doença, isso em qualquer doença”. Em seguida, atacou o tucano pelas restrições adotadas pelo governo devido à Covid-19. “Isso me machuca. Morreram mais de 40 mil gaúchos. Essa tese de imunidade de rebanho é crueldade”, rebateu o ex-governador.

Os números da dívida do IPE Saúde também geraram discordância. Enquanto Onyx voltou a dizer que o deficit é de R$ 1,1 bilhão, número divulgado em março, Leite afirmou que o governo do Estado realizou repasses extraordinários desde então e que a dívida estava em R$ 300 mil.

Ainda na área da saúde, o ex-ministro prometeu criar nos primeiros dois anos dez clínicas de especialidades, inspirado no modelo adotado em Goiás. O ex-governador contrapôs que a realidade dos dois estados é diferentes, já que aqui dos 301 hospitais que atendem pelo SUS, 80% são filantrópicos, enquanto em Goiás são 7%. Ele disse que pretende utilizar a estrutura deste tipo de hospital, otimizando a aplicação dos recursos.

Troca de acusações

A troca de farpas e acusações seguiu, a exemplo de outros debates. Leite utilizou o tema do Caixa 2 contra o adversário, relembrando a prática que veio à tona em 2017. “Quem é réu confesso e assinou acordo para se livrar de processo foi o senhor”, atacou. “Eu cometi um erro. Não devo nada, Tenho uma tatuagem na minha pele para jamais errar de novo”, respondeu Onyx.

Depois, por diversas vezes, o tucano insistiu em questionar em quantas eleições o adversário havia utilizado a prática, buscando introduzir a presença do nome de Onyx em planilha de empreiteiras na Operação Lava-Jato. O liberal afirmou ter sido comprovado tratar-se de uma planinha adulterada. Ele rebateu que quem é réu em processo é Leite, referindo-se a processo de improbidade aberto quando ainda era prefeito de Pelotas.

Leite lembrou que o referido processo foi considerado improcedente em primeira instância, o Ministério Público recorreu e a Justiça teria, também em segunda instância, afirma, decidido por improceder o recurso.

Um direito de reposta apenas foi pedido e concedido, já ao final do debate, após as considerações finais, para Eduardo Leite. O tucano rebateu que receba pensão como ex-governador. Embora tenha solicitado o benefício, Leite abriu mão após o recebimento de valor referente a dois meses.


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