Eleições 2024: Campanhas de Porto Alegre definem estratégias no último mês

Eleições 2024: Campanhas de Porto Alegre definem estratégias no último mês

Faltando exatamente 30 dias para os eleitores irem às urnas, coordenações ajustam ações

Flavia Bemfica

Candidatos à prefeitura de Porto Alegre estabelecem novas estratégias para o último mês de campanha

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Esta sexta-feira, 6 de setembro, é uma espécie de meio do caminho para os que concorrem nas eleições municipais deste ano. Isto porque se passaram 32 dias desde o término das convenções partidárias que oficializaram candidaturas e, ao mesmo tempo, faltam 30 dias para a realização do primeiro turno.

Em Porto Alegre, o período marca, nas coordenações de campanha dos que disputam o cargo de prefeito, avaliações sobre as ações adotadas na arrancada, eventuais ajustes nas estratégias, e o planejamento para a reta final com base no que já observaram entre eleitores e adversários.

Entre os quatro candidatos ao Paço que possuem representação na Câmara Federal, duas ações são comuns. A intensificação do corpo a corpo, que vai crescendo conforme se aproxima o 6 de outubro, e o aumento de peças para as redes sociais. O primeiro inclui as tradicionais visitas em residências e comércios, a distribuição de santinhos em pontos de grande concentração, e a conversa direta com eleitores. Nas redes, a produção é não apenas para que os eleitores conheçam propostas, mas para tentar aumentar o engajamento, multiplicando o alcance.

Campanha de Melo quer fazer “um combo”

Na campanha de Sebastião Melo (MDB), de acordo com o coordenador geral, André Coronel, passada a fase inicial de comunicação da candidatura, agora a etapa é de reforçar redes sociais e as propostas nas propagandas no rádio e na TV. E fazer intensificação forte do corpo a corpo.

“É, de fato, um combo”, resume. Conforme Coronel, como o candidato já é prefeito, há o desafio de conciliar agendas de governo e as de campanha. Sobre este ponto, ele admite que Melo vai precisar “se desdobrar” nos próximos 30 dias.

Mas considera uma vantagem expressiva o fato de a coligação contar com 286 candidatos à Câmara de Vereadores.

“São quase 300 pessoas. Isto potencializa demais a candidatura do prefeito”, avalia.

Maria do Rosário divide estratégia em duas balizas

Na campanha de Maria do Rosário (PT), a estratégia tem duas balizas: afirmar a deputada como uma candidata bem preparada e com propostas claras para os problemas da cidade, e manter as críticas à atual administração.

“Seguiremos uma linha bem definida nas redes, na propaganda no rádio e na TV, nos debates e no corpo a corpo. Mostrar a situação de Porto Alegre e apresentar ações. Vamos intensificar uma campanha muito propositiva” assinala o coordenador do grupo de trabalho eleitoral do PT/RS, Cícero Balestro.

Ele também dá destaque para a importância da quantidade de candidatos à Câmara de Vereadores. “São cerca de 100 na nossa coligação. Isto permite uma cobertura em toda a cidade.”

Foco de Juliana Brizola é aumentar visibilidade

De acordo com o coordenador da campanha de Juliana Brizola (PDT), Jonatas Ouriques, daqui para a frente a estratégia é aumentar visibilidade nas ruas, nos eventos, na propaganda eleitoral e nas redes.

“Marcamos sempre duas diretrizes: nossas propostas e nossas diferenças tanto com o atual prefeito como com a candidata do PT. Na rua, a partir desta semana, teremos pontos físicos de referência”, informa.

Ele adianta ainda o destaque para o vice, o deputado estadual Thiago Duarte. “O vice é muito bem avaliado em algumas regiões específicas da cidade. E dialoga com o eleitorado de centro e centro-direita, que não era o eleitorado mais vinculado à Juliana. São pontos importantes, que serão assinalados.”

Camozzato foca nas redes e no corpo a corpo

O coordenador da campanha de Felipe Camozatto (Novo), Frederico Cosentino, também destaca o corpo a corpo.

“Estamos fazendo muitas visitas e agendas em diferentes partes da cidade. Nosso foco é total nas ruas e nas redes sociais. Além disso, há pela frente pelo menos quatro grandes debates, que permitirão às pessoas conhecerem melhor o Camozatto”, afirma.

O Novo não possui direito a inserções na propaganda eleitoral no rádio e na TV. “Temos duas estratégias em relação ao eleitorado: garantir a manutenção daqueles que já votam no Novo, e conseguir conquistar novas regiões e parcelas da população.”

Entre todos os núcleos das candidaturas, o entendimento comum é o de que as ações vão ‘esquentar’ mesmo nas últimas duas semanas antes do pleito, ou seja, a partir do 20 de setembro. A intensificação nesse período é comum.

Mas, neste ano, os articuladores acreditam que muitos eleitores vão definir seus votos mais tarde. Soma-se a isto a polarização, o que deixa parte dos votos de Melo e Rosário bem consolidados.

A combinação dos fatores vem fazendo não apenas que Juliana Brizola se empenhe em conquistar votos do emedebista e da petista. Os dois também passaram a desenvolver estratégias para buscar eleitores que hoje preferem a pedetista.

Campanhas mapeiam pontos fortes e fracos

  • Sebastião Melo (MDB)

Vantagem: conhece bem a cidade e é bastante conhecido pela população em todas as regiões. “O Melo tem experiência, sabe como funciona a burocracia e como empurrar a máquina. Ou seja, está preparado para fazer a reconstrução”, avalia o coordenador André Coronel.

Fragilidade: a atuação da administração municipal nas enchentes de maio. A campanha quer vincular a tragédia exclusivamente às mudanças climáticas, desfazendo o entendimento de que a prefeitura poderia ter evitado pelo menos em parte os problemas. “Nosso grande desafio é saber mostrar o que aconteceu”, diz Coronel.

  • Maria do Rosário (PT)

Vantagem: a coligação com a federação PSol/Rede (o PSol alcançou nos últimos anos capilaridade eleitoral significativa na Capital). O PT já é federado com PCdoB e PV. E tem apoio do PSB e do Avante. “Nossa composição é, evidentemente, nosso ponto forte”, assegura o coordenador Cícero Balestro.

Fragilidade: Conforme Balestro, o pouco tempo disponível na propaganda eleitoral no rádio e na TV na comparação com o principal adversário. Que a coordenação pretende compensar com campanha na rua. Internamente, os índices de rejeição (não necessariamente à deputada, mas também ao partido) são ponto de atenção.

  • Juliana Brizola (PDT)

Vantagem: Os índices de rejeição dos dois candidatos que hoje polarizam a disputa pelo Paço. “Além dos eleitores que simpatizam com as nossas propostas, temos aqueles que não querem votar nem no governo que está aí e nem na candidatura do PT. Nosso potencial de crescimento é alto”, avalia o coordenador Jonatas Ouriques.

Fragilidade: Assim como pode ajudar a pedetista a conquistar votos, a polarização é também uma das fragilidades identificadas pelos articuladores. “As candidaturas vinculadas diretamente a Lula ou a Bolsonaro já arrancam com um desempenho significativo sobre o qual precisamos avançar” admite Ouriques.

  • Felipe Camozatto (Novo)

Vantagem: para o coordenador Frederico Cosentino, a juventude e o perfil descontraído e comunicativo de Camozatto são pontos fortes e serem considerados. Ele identifica ainda a atuação do candidato nas redes sociais e o fato de o deputado poder ser apresentado como a novidade na eleição.

Fragilidade: a falta de espaço na propaganda eleitoral no rádio e na TV. “O fato de não ter TV é uma fragilidade. Mas compensamos nas redes. A outra, não vejo como uma fragilidade do Camozatto, mas sim um desafio histórico do Novo: é ter mais capilaridade na cidade e aumentar nosso escopo de atuação na cidade.”


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895