Eleições 2024: Candidatos trocam críticas e acirram disputa em Porto Alegre
Quatro dos postulantes à prefeitura apresentaram propostas para a cidade, mas também foram para o enfrentamento
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Críticas, apresentação de propostas, contestações de projetos adversários, embates ideológicos e tom irônico. Assim pode ser definido o debate promovido pelo Correio do Povo, Rádio Guaíba e Amrigs, com apoio do Simers, na tarde desta quarta-feira. Por quase três horas, quatro candidatos à prefeitura de Porto Alegre − Sebastião Melo (MDB), Maria do Rosário (PT), Juliana Brizola (PDT) e Felipe Camozzato (Novo) − dividiram o palco do teatro da Amrigs para o confronto.
Com mediação da jornalista Taline Oppitz, o debate teve seis blocos, dois com temas fixos, a reconstrução de Porto Alegre e saúde; e outros quatro com tema livre, incluindo as considerações iniciais e finais. Apesar da constante troca de farpas entre os postulantes, também houve espaço para os candidatos trazerem algumas de suas propostas sobre tópicos como educação, mobilidade urbana e saúde. Além disso, o formato do debate permitiu que todos os candidatos participassem da discussão, fazendo ou respondendo aos questionamentos.
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As primeiras críticas e farpas
Após as apresentações iniciais, onde cada um apresentou um pouco do posicionamento das suas campanhas, o clima já ficou acirrado. Com tema livre, a discussão ficou entre Camozzato e Melo e Juliana e Rosário.
O candidato do Novo trouxe a questão ideológica, fazendo elogios ao atual vice de Melo, Ricardo Gomes, e perguntando como seria uma segunda gestão sem ele. O atual prefeito partiu em defesa da sua candidata na chapa, Betina Worm (PL), a chamando de “competente, administradora e da causa animal”; se comprometeu em não aumentar impostos e ainda alfinetou o plano de Rosário, falando “que não iria criar taxa de mobilidade”. Questionado sobre a concessão do Dmae, que não chegou a ser encaminhada à Câmara, Melo confirmou que, se eleito, mandará o projeto de concessão.
Depois foi a vez de Juliana e Rosário protagonizarem os embates. A candidata pedetista questionou o poder de articulação da petista junto ao governo federal. Ela fez referência ao veto do presidente Lula ao projeto de autoria de Rosário, que justificou a atitude do presidente, complementando que traria investimentos para alavancar o desenvolvimento da cidade.
As duplas também debateram sobre mobilidade urbana, com Melo prometendo a criação de um “SUS do transporte público” para custear as passagens e investimentos externos para criação de demais modelos de transporte urbano, como VLTs. Camozzato sugeriu a revisão do plano diretor para adensamento da cidade, o que iria estimular maior trânsito a pé da população; a bonificação das empresas conforme avaliação e mudanças nas sinalizações.
As propostas para melhorar a saúde
No primeiro bloco temático, coube ao presidente da Amrigs, Gerson Junqueira Júnior, perguntar, junto com o Simers, sobre proposta para amenizar o sistema sobrecarregado de saúde de Porto Alegre. Primeira a responder, por ordem definida em sorteio, Rosário prometeu foco no Sistema Único de Saúde. Em seguida, respondeu o candidato à reeleição, ressaltando os avanços e a necessidade de compartilhamento de responsabilidades entre governos. Juliana destacou o fato de ter um médico na chapa e prometeu incrementar a telemedicina. Já Camozzato prometeu foco na prevenção.
Destaque para a reconstrução da cidade
Também temático, no terceiro bloco os candidatos trataram da reconstrução da cidade após as cheias de maio deste ano. Pelo seu tom delicado, o assunto gerou enfrentamentos e críticas. Melo acusou Rosário de discutir o tema com irresponsabilidade, relembrou que o sistema de proteção contra cheias é antigo e não é somente de competência da prefeitura. A candidata do PT rebateu, alegando que faltou gestão do prefeito, que não fez manutenção do sistema e não buscou o governo federal e o estadual para que fizessem sua parte. O candidato do Novo fugiu do tema, pedindo que Juliana falasse sobre privatizações e parceirizações. Ela citou o Dmae e devolveu a pergunta, questionando como ele avaliava a gestão do atual prefeito no pós-enchente. Camozzato não respondeu, mas reforçou críticas ao Dmae.
Em sua vez, Melo voltou citar as obras emergenciais e rebateu as acusações de Juliana, afirmando que “a cada eleição, ela está de um lado”. Ela não deixou a provocação de lado. Disse que Melo nem “sempre foi do liberalismo”, mas, quando vereador já “fez até homenagem a Che Guevara”. Em resposta, o prefeito voltou a chamar Juliana de “candidata Copa do Mundo”, relacionado ao evento que ocorre a cada quatro anos.
Contra ataques e provocações
A saúde voltou a pautar as discussões e promessas no começo do quarto bloco, como Melo duvidando das propostas de Juliana de zerar a fila da saúde em seis meses. Enquanto ela garantiu que, se eleita, irá, sim, zerar a fila, e voltou a citar o vice, Thiago Duarte, que é médico. Porém, os embates não ficaram só nisto. A discussão entre Melo e Rosário circundou em torno do Centro Histórico, com a candidata criticando as obras iniciadas pelo prefeito. O candidato do MDB trouxe a questão ideológica e afirmou que não iria “defender invasão” como ela.
Protagonizando outro “bate e volta” com viés mais ideológico, Camozzato fez críticas aos partidos aliados de Rosário, principalmente ao PSol, na figura da sua vice, Tamyres Filgueira. A candidata do PT partiu em defesa da companheira de chapa e apresentou algumas propostas para meio ambiente.
Educação ganhou desta que no final
Apesar das perguntas serem de tema livre, a educação pautou o quinto bloco. Os candidatos apresentaram e fizeram cobranças. Rosário cobrou Melo sobre a fiscalização nas estruturas das escolas. Ele rebateu citando o plano da “Escola Bem Cuidada”. Em uma fala, Juliana citou as trocas no comando da secretaria de educação na atual gestão. Foi entre Juliana e Camozzato o momento mais acirrado, originado a partir de uma fala do candidato do Novo sobre como ela “tem evoluído”. A candidata do PDT não gostou e disse que ele tinha ultrapassado o limite.
Nas considerações finais, Camozzato justificou dizendo que não havia dito que sua concorrente era despreparada, e defendeu a gestão técnica. Juliana fez apelo ao eleitor indeciso; Melo aos empresários, pedindo para que não desistissem de Porto Alegre; e Rosário acusou Camozzato de “passar do tom em alguns momentos”, afirmando também que a eleição contava com “dois projetos em disputa”.