Eleições 2024: PSol antecipa definições em Porto Alegre

Eleições 2024: PSol antecipa definições em Porto Alegre

Movimentos do partido visam acelerar calendário, garantir posição na chapa petista e neutralizar questionamentos

Flavia Bemfica

Luciana Genro abriu mão da pré-candidatura de Porto Alegre

publicidade

A pouco mais de sete meses do primeiro turno das eleições municipais, o PSol antecipa nesta semana a estratégia que colocará em curso na campanha em Porto Alegre. A ação tende a acelerar movimentos em outras siglas e neutralizar contrariedades internas e externas. No sábado pela manhã, o diretório municipal do partido se reúne na Assembleia Legislativa para formalizar a retirada da pré-candidatura da deputada estadual Luciana Genro à prefeitura. E endossar que vai compor uma aliança em torno do nome da deputada federal Maria do Rosário (PT). O diretório também vai reforçar que a servidora pública Tamyres Filgueira é a pré-candidata da legenda a vice na chapa de Rosário.

A reunião ocorrerá após Luciana, na segunda-feira, 26, ter feito um primeiro anúncio de que não vai disputar a prefeitura. O reforço agora sobre as decisões de apoiar a pré-candidatura de Rosário e indicar a vice ocorrem quase um mês antes do que era anteriormente previsto pelos articuladores da aliança entre as federações PT/PCdoB/PV e Psol/Rede em Porto Alegre. E chegaram a surpreender lideranças petistas, que esperavam que as oficializações ocorressem entre o final de março e o início de abril. Não pelo desfecho, já que, desde dezembro, havia ficado decidido que a coligação aconteceria. Mas pelo tempo, pois, de público, desde os encaminhamentos do final do ano, lideranças do PSol externavam a necessidade de um prazo para debates sobre a escolha de prioridades programáticas comuns.

Entre petistas, a avaliação é a de que, com as determinações desta semana, o PSol promove uma espécie de quatro lances em um: acelera o calendário; garante sua posição na chapa e nas negociações sobre espaços; desonera Luciana, que já começava a ser demandada como pré-candidata à prefeitura; e encerra focos de questionamentos tanto dentro do partido como entre os futuros aliados.

Internamente, no PSol, haviam chegado a surgir descontentamentos em algumas alas. Tanto sobre a forma de escolha das integrantes da chapa, considerada restrita, como sobre o potencial eleitoral de Tamyres. O entendimento, nesses setores, era o de que a legenda teria lideranças mais competitivas. Nas citações, via de regra, surgia o nome do deputado estadual Matheus Gomes. Os mesmos pontos vinham sendo levantados pelo PCdoB, parceiro do PT em uma federação partidária. Na semana passada, na conversa que manteve com Maria do Rosário, a ex-deputada Manuela D’Ávila (PcdoB) voltou a lembrar que o ideal seria que o processo de definição da chapa fosse distinto (e mais amplo). E que o PSol teria nomes mais fortes para compor.

No ano passado, parte dos integrantes do PCdoB e do PT deram publicidade a sua disposição em realizar primárias (uma espécie de prévias) entre postulantes das diferentes siglas para definir os dois nomes da chapa, encampando uma ideia antiga do PSol. Mas, na prática, ninguém, em nenhuma das três legendas, levou o processo adiante. As ponderações de Manuela, contudo, são tratadas com atenção. Porque tanto lideranças do PT como do PSol admitem que as negociações da aliança entre as duas federações em Porto Alegre foram encaminhadas, prioritariamente, pelas duas siglas, sem uma grande participação do PCdoB.

Por isso, agora, PT e PSol trabalham para minimizar danos, compensar dissabores e equilibrar vontades. Sobre a vice, porém, os articuladores são taxativos. “Em política, há uma comparação conhecida. A de que vice é como parente, a gente não escolhe. Não vamos interferir em uma escolha que não nos cabe, ela é do PSol. E já aconteceu”, resume uma das lideranças do PT que trata da coalizão.

Nos comandos partidários do PSol é refutada a avaliação de que houve uma antecipação. Luciana cita outros objetivos para as decisões. “Nossa definição era para acontecer em março. Sábado já é março. Consideramos que o que já avançamos em termos de diálogo é o suficiente, e que, agora, precisamos avançar é no diálogo com a população. É para esta segunda etapa que queremos partir.”

Segundo a deputada, um maior tempo de preparação para a pré-campanha e, depois, para a campanha de fato, é fundamental, já que a coligação enfrentará um candidato competitivo, o atual prefeito Sebastião Melo (MDB). “Temos sondagens qualitativas que mostram que uma parcela da população considera que a cidade está ruim, mas não associa seu descontentamento ao prefeito. Explicitar a vinculação entre o governo e a figura do prefeito, por exemplo, é algo que precisa de tempo”, indica.

Apesar dos focos de descontentamento em setores específicos, nas cúpulas as duas legendas estão com o discurso afinado. Ao avaliar o impacto das definições do PSol, a deputada estadual Laura Sito, presidente do PT na Capital, não esconde pontos que, sob a ótica petista, foram decisivos para a união. “O Psol é grande em Porto Alegre, com lideranças bastante expressivas, e com militância para colocar na rua. Nossa união evita a disputa de alas pela esquerda. E a confirmação do partido neste momento nos dá ainda mais estabilidade para entrarmos no processo.” Apesar da chapa fechada, em Porto Alegre, o PT ainda tem novos encontros marcados com PDT e PSB.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895