Em agenda no RS, presidente do Podemos diz que saída de Moro “foi livramento”

Com a expectativa do julgamento que pode cassar o mandato Sergio Moro (União Brasil-PR), a presidente nacional do Podemos, antigo partido do senador, pelo qual ele iniciou uma pré-campanha à presidência, falou sobre o assunto, cerne das ações movidas pelo PL e pelo PT contra o ex-juiz. “Eu confio muito nos planos de Deus, então, para mim, foi livramento”, disse a deputada federal por São Paulo, Renata Abreu, em passagem pelo RS, nesta quinta-feira, quanto à polêmica troca de partido.

O Ministério Público Eleitoral deu parecer favorável à perda do mandato por abuso de poder econômico em dezembro, mas o julgamento aguarda a posse do advogado José Rodrigo Sade, indicado pelo presidente Lula na semana passada, para completar a corte do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná. O MPE calculou gasto de mais de R$ 2 milhões, com base em documentos fiscais do Podemos, e considerou que o valor foi excessivo para a disputa ao Senado.

“Ele fez uma campanha para presidente, que teve gastos, e depois, com o recuo para o Senado, ele naturalmente saiu na frente dos outros candidatos pela visibilidade que ganhou essa ação”, entende Renata. Em março de 2022, Moro anunciou a saída do Podemos, no qual iniciou pré-campanha à presidência da República, para o União Brasil, partido pelo qual foi eleito senador.

A presidente nacional do Podemos diz ter “virado a página”, mas ainda vê como incorreto e incompreensível o movimento de Moro. “Nós não entendemos que foi uma forma correta de lidar com a política. O partido investiu muito na candidatura dele e soubemos pela imprensa que ele sairia. Não teve nenhum fato de briga, de discussão, nada, nada. Foi totalmente incompreensível a atitude dele.”

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Renata diz que o caso de Deltan Dallagnol, que teve o mandato de deputado federal cassado pela Justiça Eleitoral em maio e confirmado pela Mesa Diretora da Câmara em junho do ano passado, por conta do ex-procurador ter pedido exoneração do cargo ainda respondendo a sindicâncias, reclamações disciplinares e pedidos de providência, o que configura irregularidade. Em outubro, ele anunciou a migração para o Novo.

A dirigente do Podemos afirma que a saída foi alinhada entre o partido e Deltan, em uma questão estratégica. Segundo ela, havia um conflito de posicionamento em alguns municípios entre o grupo do ex-procurador e do ex-senador Álvaro Dias, optando-se pelo fortalecimento desses grupos com a possibilidade de um trabalho conjunto entre as siglas no futuro.

Janela partidária ampliará vereadores

No RS, o Podemos vem fazendo um trabalho de prospecção e filiações, além de receber um contingente de ex-filiados do PTB (partido que deu origem ao PRD, após fusão com o Patriota). O presidente da sigla no Estado, Everton Braz, estima que, com a janela partidária, o partido passará a ter 100 vereadores, projetando dobrar esse número nas eleições de outubro.

No próximo dia 7, data da abertura da janela, o partido fará o ato de filiação dos vereadores de Porto Alegre Hamilton Sossmeier e Giovane Byl. Na Capital, a meta é renovar as cadeiras de ambos e ampliar em mais duas, totalizando quatro vereadores na próxima legislatura. Depois da cerimônia, Braz promete sair da sede do partido em uma van para um giro pelas dez principais cidades da região Metropolitana, onde haverá filiações. A expectativa da sigla é formar bancada com pelo menos um vereadores nesses municípios.

Visita ao RS para filiar pré-candidata

Além da meta de eleger 200 vereadores, o Podemos estabeleceu como objetivo no RS a eleição de 30 prefeitos. Uma das principais apostas do partido é o que trouxe a presidente nacional Renata Abreu ao RS. Em Santa Cruz do Sul, Renata, acompanhada de Márcia Pinheiro, presidente nacional do Podemos Mulher, fez o lançamento do nome da vereadora Nicole Weber como pré-candidata à prefeita.

“É uma aposta. Acreditamos que a Nicole tem muitas condições. Temos a tarefa de construir uma coligação, de construirmos juntos as condições para a candidatura, mas eu tenho certeza que ela, pela juventude e dinamismo tem capacidade e será uma grande prefeita”, analisa o presidente estadual da sigla, Everton Braz.

Renata Abreu enfatiza a importância do município e da participação feminina na política. “Infelizmente ainda temos muito poucas mulheres na política e isso é uma responsabilidade nossa também. Se nós não decidirmos estar na política, não adianta reclamar que tem pouca mulher na política. Então é um incentivo permanente”.

Antes, a presidente nacional do Podemos fez uma visita de cortesia ao vice-governador, Gabriel Souza (MDB), em Porto Alegre, e participou de um encontro em Guaíba, município que tem como primeira-dama Deisi Maranata, presidente estadual do Podemos Mulher RS.