Em Porto Alegre, Lula diz que formação "escravagista" da elite atrasa educação no Brasil

Em Porto Alegre, Lula diz que formação "escravagista" da elite atrasa educação no Brasil

Candidato à presidência prometeu investimentos no setor e solidarizou-se com artistas vítimas de racismo

Felipe Nabinger

Lula discursou em frente ao Palácio Piratini, sede do governo do RS.

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Milhares de apoiadores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participaram de uma caminhada do Largo dos Açorianos até a Praça da Matriz, passando pela Borges de Medeiros, em Porto Alegre, na tarde desta quarta-feira. Espalhados pela praça e seus arredores, principalmente em frente ao Palácio Piratini ao final do ato, eles ouviram Lula, que focou temas como educação e geração de emprego. Também falaram o candidato vice Geraldo Alckmin (PSB) e a ex-presidente Dilma Rousseff, entre outras lideranças de partidos aliados.

Lula iniciou seu discurso solidarizando-se com o cantor Seu Jorge, que foi alvo de ataques racistas em Porto Alegre, e com o humorista Eddy Júnior, vítima de preconceito em São Paulo. Ele disse que pela formação "escravista" da elite brasileira, os ricos jamais se preocuparam com a educação do povo.

"Nós queremos que a elite brasileira saiba que vamos voltar a investir em educação. Não queremos exportar só soja e minério de ferro. Queremos exportar educação", disse o candidato. Ele recordou programas como o ProUni e Fies, ressaltando a importância das escolas técnicas e prometendo ampliação de vagas na educação em tempo integral. 

Lula falou da necessidade de rever a reforma trabalhista, "sentando com trabalhadores e empresários". Olhando para o Piratini, ele fez um apelo ao governador do RS, Ranolfo Vieira Junior, pedindo que facilitasse o deslocamento da população pobre para votar por meio do passe livre. 

Alckmin, também apontando para o Palácio, recordou a Campanha da Legalidade e memória de Leonel Brizola. "O Brasil não quer ódio, o Brasil quer paz. Não quer o desmatamento, quer educação de qualidade, universidade e institutos federais. Não quer negacionismo, quer saúde e um SUS forte", falou. Nas bancadas do Palácio, funcionários assistiam ao ato.

Dilma Rousseff chamou de "indevido" o uso de imagens de jovens venezuelanas no DF. "Lula respeita a família. Jamais passou pela cabeça do presidente Lula não ter consideração por crianças e adolescentes", afirmou. Próximo dela, a esposa do candidato, Janja, usava camiseta de movimento contra exploração sexual infantil. Dilma ainda destacou programas sociais dos mandatos dos governos do PT.


Apoiadores caminharam com Lula em vias centrais de Porto Alegre. Foto: Ricardo Giusti
 

RS, salário mínimo e agro

Antes, Lula havia concedido uma entrevista coletiva em um hotel na região central. Além de comentar sobre o cenário do segundo turno no RS, ele prometeu "aumentar o salário mínimo todo ano com ganho real", pois nos últimos quatro anos o valor foi reajustado apenas pela inflação.

O candidato também criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL), seu adversário no segundo turno, pelo que chamou de “uso da máquina”, definindo como "desespero" medidas de liberação de recursos. O petista voltou a dizer que a área do agronegócio prosperou nos mandatos do partido.

"O problema do agro conosco não é dinheiro. Pode ser um problema ideológico", disse, completando que quem trabalha na área não concorda com o desmatamento da Amazônia.


Antes do ato, candidato concedeu entrevista coletiva. Foto: Ricardo Giusti
 


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