Intensificar campanha é palavra-chave de candidatos à prefeitura de Porto Alegre

Intensificar campanha é palavra-chave de candidatos à prefeitura de Porto Alegre

Ações nas mídias sociais, corpo a corpo e participações em debates deverão ser reforçadas nos 15 dias finais

Henrique Massaro

Faltando 15 dias para o primeiro turno, a palavra-chave entre os candidatos é intensificar

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Entre o fim de setembro e início de outubro, o que se viu foi um início de campanha eleitoral diferente de todas as anteriores, quase que exclusivamente nas redes sociais em função da necessidade de isolamento provocada pela pandemia do coronavírus. Nas últimas semanas, a maior flexibilização da quarentena fez com que as atividades eleitorais ganhassem mais as ruas. Agora, faltando 15 dias para o primeiro turno, a palavra-chave entre os candidatos à prefeitura de Porto Alegre é intensificar. Ações nas mídias sociais, corpo a corpo e participações em debates devem ser reforçadas pela maioria das candidaturas, o que promete uma disputa mais acirrada nessa reta final até o dia da votação.

A chapa pura do PSol, encabeçada por Fernanda Melchionna, é uma das que têm como estratégia aumentar o que já vem sendo feito. Desde o início, a candidata visitou todas as regiões da cidade com a sua Caravana Pé no Bairro, além de ter focado em ações nas redes sociais. De acordo com a coordenadora da campanha, Camila Goulart, o foco das agendas será junto às categorias de trabalhadores e em locais como parques e o Centro Histórico, sempre procurando respeitar protocolos sanitários. Ainda segundo a coordenadora, as pesquisas de intenção de voto, que têm deixado Melchionna fora do segundo turno, não têm sido consideradas para nortear os planos. “Acreditamos que não vale a pena se basear nas pesquisas e que temos que fazer nossa campanha pelo voto ideológico”, explicou.

Para Gustavo Paim (PP), intensificar também é o objetivo neste momento. O atual vice-prefeito, que chegou a ficar afastado das ruas recentemente enquanto se recuperava da Covid-19, voltou ao corpo a corpo na última semana e pretende aumentar esse tipo de ação juntamente de sua vice Carmen Santos (Avante). O diferencial, nesta reta final, serão as carreatas com alto-falantes nas comunidades da Capital. “O nosso objetivo é ficar cada vez mais perto das pessoas, seja presencialmente ou nas redes sociais, para apresentar o melhor projeto de cidade pra tirar Porto Alegre da crise social e econômica deixada pela pandemia”, afirmou o progressista.

Já a aposta de João Derly (Republicanos) é sair do convencional, por exemplo, evitando algumas atividades presenciais e distribuição de panfletos em respeito ao período que ainda é de pandemia. Outra proposta passa por mostrar o candidato como um diferencial em uma disputa repleta de postulantes que já estiveram na prefeitura e estimular os eleitores a participarem do pleito, independente do candidato que irão escolher. A ideia é atrair votos de potenciais brancos, nulos e abstenções, que na eleição passada, somados, superaram a quantidade de votos do prefeito eleito. “Acreditamos que uma democracia se fortalece quando as pessoas participam de um processo eleitoral”, explicou a coordenadora da campanha, Flávia Moreira. Sobre as pesquisas, a avaliação é de que sempre há votos silenciosos que não são captados pelos levantamentos e que podem ser decisivos.

José Fortunati (PTB) também tem buscado ampliar todas as frentes de atuação, com a mesma intensidade nas redes sociais e nas ações de rua. O ex-prefeito e seus representantes têm procurado visitar diversas comunidades e setores da sociedade para aumentar a relação com a população, mantendo os protocolos sanitários necessários. Apesar de ter aparecido entre as primeiras posições em algumas pesquisas de intenção de voto, o candidato não tem levado os levantamentos em consideração e aposta apenas no estudo interno da candidatura, que, segundo ele, é bastante amplo e faz cruzamentos importantes. “As demais pesquisas servem muito mais para fazer a disputa pública, mas para a orientação da campanha propriamente dita, como nos posicionamos e nos movimentamos, é a nossa pesquisa que dá os parâmetros adequados”, adiantou.

Para Juliana Brizola (PDT), as apostas para esse momento são nos debates entre candidatos. O coordenador da campanha Pompeo de Mattos afirmou que será nestes momentos, em que a população analisa o perfil de cada um, que a candidata poderá apresentar seu conteúdo. Ele ainda afirmou que a militância na rua será mantida, mas sem atividades como visitas a eleitores, respeitando protocolos sanitários e o distanciamento social. Apesar de Juliana não estar entre as primeiras posições das pesquisas, o entendimento é de que o levantamento é um retrato e que a reta final pode ser decisiva. “O retrato é estático, mas a campanha é dinâmica”, disse Mattos.

O PSTU de Júlio Flores pretende ampliar a divulgação de propostas nas redes sociais nas próximas duas semanas, mantendo campanha de rua, mas priorizando a segurança em relação à Covid-19. Uma das ações será levar materiais de campanha aos locais de trabalho e moradia, como nas garagens de ônibus, fábricas e aos trabalhadores dos Correios. “Nos próximos dias continuaremos divulgando, debatendo e conquistando corações e mentes de trabalhadores, do povo pobre, indígena, quilombola, das comunidades, da juventude e de todos os setores da classe trabalhadora apresentando nosso programa socialista e revolucionário para Porto Alegre”, disse o candidato.

Luiz Delvair (PCO), que chegou a sair da disputa por decisão da Justiça Eleitoral, mas retornou com recurso, seguirá com as ações conjuntas nas comunidades da Capital. “Estamos entregando nas periferias os panfletos do partido, explicando nossa intervenção no regime político do Estado, um regime político burguês”, declarou.

Manter o ritmo é o objetivo da candidatura de Manuela D’Ávila (PCdoB), mas sem intensificar atividades de rua. De acordo com o coordenador de campanha Márcio Cabreira, o entendimento é de que não é correto incentivar aglomerações em função da Covid-19 e ações presenciais devem ocorrer de forma pontual, mantendo os cuidados necessários. Para os próximos 15 dias, além das redes sociais, estão previstas mais entrevistas e debates. O fato de Manuela aparecer em primeiro lugar nas pesquisas é visto com bons olhos, mas ainda há bastante dúvida sobre quem seria o outro candidato a ir para o segundo turno e sobre como se darão as abstenções neste pleito. “Vamos continuar fazendo todos os movimentos possíveis para que possa ampliar a margem de votos úteis no primeiro turno”, afirmou Cabreira.

Dialogar nas redes sociais, manter atividades conjuntas em diversas regiões de Porto Alegre e participar do maior número de debates estão entre as estratégias de Montserrat Martins (PV). Mas um dos principais objetivos da candidatura nessa reta final é seguir chamando a atenção para pautas como a reabertura do hospital Parque Belém e os riscos da Mina Guaíba. Na avaliação de Martins, os assuntos têm sido mencionados inclusive por outros candidatos, o que considera positivo. Outros, no entanto, acredita ainda ser o único a trazer à tona, como a necessidade de retomada do pró-Guaíba. “Queremos reforçar a importância dos temas que hoje não estão no centro do debate.”

Para Nelson Marchezan Júnior (PSDB), a meta é utilizar os últimos 15 dias até o primeiro turno para comunicar projetos e iniciativas tomadas durante os últimos quatro anos de gestão. Uma das narrativas deve ser a de se apresentar como o governo que menos gastou em publicidade em cinco gestões na Capital. “Fizemos muito pela cidade e não queremos que Porto Alegre retroceda, e por isso vamos prestar contas para a população”, afirmou o atual prefeito.

Rodrigo Maroni (Pros), que até aqui atrelou sua candidatura e todas as suas atividades de campanha ao discurso da proteção animal, deve continuar nesta linha na reta final para o primeiro turno. “Quero seguir priorizando as redes sociais, dando visibilidade à minha vida dedicada aos animais, às necessidades dos animais e à realidade do que os animais vivem.”

Assim como Fortunati, Sebastião Melo (MDB), que também aparece próximo das primeiras posições em pesquisas de intenção de voto, baseia as ações de campanha em levantamento realizado internamente. Como outros candidatos, o ex-vice-prefeito de Porto Alegre pretende intensificar suas ações nas redes sociais, mas principalmente gravações de TV e rádio, além do trabalho de rua. “Vamos tirar todo o possível de agendas que estejam internas.”

Seguindo o padrão das demais candidaturas, Valter Nagelstein (PSD) pretende dar continuidade à campanha que já vem realizando. “Vamos seguir fazendo caminhadas nas ruas, agendas com vereadores e ações na Internet", enfatizou. 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895