Lula aposta em vitória de Dilma no primeiro turno
Presidente ironizou campanha de adversários
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Numa tumultuada entrevista após mais de uma hora de carreata, Lula voltou a criticar também setores da imprensa. O presidente disse que o País dá "lições ao mundo de democracia e de liberdade de imprensa", mas que "é uma pena que tem gente que confunde liberdade com autoritarismo de imprensa". "Alguns senhores não se deram conta que as pessoas da senzala estão dentro da casa grande agora e que as pessoas precisam conviver democraticamente na diversidade", completou.
Em carro aberto, Lula e Dilma percorreram cerca de três quilômetros das ruas centrais de São Bernardo do Campo, berço político do presidente e do PT. A carreata saiu da sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, entidade já presidida por Lula, e terminou na igreja Matriz do município, outro local simbólico nas lutas sindicais das décadas de 1970 e 1980.
Antes da carreata, a candidata ao Senado Marta Suplicy (PT) subiu no carro que levaria Lula e Dilma e se posicionou no lugar reservado à primeira-dama, Marisa Letícia. Quando o presidente e a candidata subiram no veículo, Marta foi "convidada" a ir para o carro onde estavam também seu ex-marido, senador Eduardo Suplicy (PT), e o candidato ao Senado Netinho de Paula (PC do B). Marta demonstrou irritação em ter de deixar o veículo principal.
Assim como na campanha, Lula comandou a festa petista nas ruas de São Bernardo. O presidente, no entanto, não escondeu um certo cansaço, ao contrário de Dilma, sempre sorridente. Em um trecho do percurso, Lula e Dilma se assustaram com fotógrafos que subiram em várias marquises para obterem imagens. "Gente, vai cair, sai daí", alertou Dilma. A candidata e Lula passaram boa parte do trajeto segurando uma bandeira do Brasil.
Campanha e futuro
Além de apostar na vitória de Dilma, Netinho e Marta e de defender a ida do senador Aloizio Mercadante (PT) para o segundo turno na disputa para governador de São Paulo, Lula disse aos jornalistas que viajou mais durante a campanha de sua ex-ministra do que em 2006, quando foi reeleito. Ao lado de Mercadante, o presidente criticou os quase 16 anos de governo tucano em São Paulo e a falta de política social do Estado. "É uma vergonha que depois de tantas décadas no poder eles não apresentem nenhuma política social para São Paulo", afirmou.
Lula afirmou ainda que sairá do governo "com a consciência tranquila de que nós não fizemos tudo que era necessário fazer, mas fizemos muito mais do que já foi feito em qualquer outro momento da história do Brasil". E admitiu que terá "problemas" após deixar o cargo. "No dia 1º de janeiro será um problema. Muita festa para a posse da Dilma e espero que do Aloisio Mercadante. Para mim vai ser uma incógnita, porque não sei o que vai acontecer a partir do dia 2, pois vou levantar de manhã e não vou ter mais ninguém para xingar", disse.
O presidente vota amanhã entre 9 horas e 10 horas na Escola Estadual João Firmino Correia de Araújo, em São Bernardo do Campo e deve seguir depois para Brasília (DF), onde acompanhará, ao lado de Dilma, a apuração dos votos.