No 3º bloco, candidatos à prefeitura de Porto Alegre falam de segurança, transporte e desigualdade

No 3º bloco, candidatos à prefeitura de Porto Alegre falam de segurança, transporte e desigualdade

Melo diz que copiará ação de Sartori na segurança, Manuela promete criar fundo para baratear passagem

Flavia Bemfica

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No terceiro bloco do debate, Sebastião Melo (MDB) começou perguntando para Manuela D’Ávila (PCdoB) sobre suas propostas para a segurança pública. A candidata citou o cercamento eletrônico da cidade, a articulação de centros comunitários de segurança, a guarda escolar e iniciativas para proteção de mulheres vítimas de violência, com o aumento dos centros de proteção. Melo listou famílias mais estruturadas, crianças nas escolas, turno inverso com atividades lúdicas, cidade bem iluminada, prédios não depredados, combate à drogadição e integração das polícias. “Vou copiar o governo Sartori. Cada empresário poderá reservar 5% dos tributos para investir em segurança pública.” Manuela rebateu que em 2015 e 2016 Porto Alegre figurou entre as 50 cidades mais violentas do mundo. “Vocês já tiveram a chance. As cinco grandes creches vocês não entregaram. Combate à drogadição acontece qualificando profissionalmente nossa juventude e permitindo que nossas crianças tenham creche.”

Na segunda pergunta Manuela questionou a quem Melo se refere quando fala em governar para todos. Ele respondeu que não gosta de divisão e que o país precisa de paz e união. “Para as mulheres, os homens, os idosos. O racismo e o preconceito não são monopólio de um partido político. O episódio que aconteceu em Porto Alegre. Teremos creche noturna, estenderemos os horários, salas de atendimento exclusivo para as mulheres, microcrédito com preferência aos jovens e mulheres.” Manuela rebateu que todas as mulheres que já entraram em um ônibus conhecem o medo da violência sexual. “Não adianta conhecer Porto Alegre, é preciso conhecer os problemas do nosso povo. Alguns ignoram a desigualdade. E nós, mulheres, existimos na nossa cidade”, afirmou. Melo devolveu dizendo que sabe o que é trabalhar e citou partes de sua biografia. “Eu ando de ônibus, não vem com esse discurso para cima de mim. A senhora é estudiosa em muitos assuntos, mas não vive a cidade. Não me venha com esse discurso de dividir a cidade. Não se combate guerra com guerra. Um prefeito tem que ser prefeito da cultura da paz.”

Na terceira pergunta Melo disse que foram os sindicatos ligados a partidos de esquerda, como o PCdoB e o PSol, que acabaram com o Instituto Municipal de Estratégia e Saúde da Família (Imesf). E que agora Manuela promete criar uma empresa pública para tratar do problema. “Está vendendo algo que não é verdadeiro”, concluiu. Manuela respondeu que o adversário não “está antenado em quase nada que acontece na realidade”, e que se compromete com uma gestão estável na saúde, sem interrupção de contratos e com a coexistência entre o Imesf e as contratualizações. Cobrou Melo por não ter externado posição sobre a manifestação do vereador Valter Nagelstein (PSD), que o apoia, após o primeiro turno. E reiterou a existência da desigualdade na cidade. Melo, na réplica, afirmou que não usa fake news e acusou a coordenação da campanha da adversária de fazer acusações falsas. Afirmou que não dá para “vender gato por lebre no Imesf” e que vai sentar e conversar com os profissionais da saúde para encaminhar soluções. Manuela finalizou dizendo que, ao contrário do que vinha afirmando, Melo não ganhou nenhuma ação contra sua coligação. E apontou que o adversário as vezes se refere de forma jocosa a quem estudou. “Eu tive esta oportunidade e quero que as outras pessoas tenham.”

Na última pergunta Manuela voltou a falar da Carris, perguntando por que Melo quer vender. Ele, por sua vez, apontou os gastos de campanha da adversária. “Diz que governa para os pobres, mas faz conchavo com os grandes.” Sobre o transporte, reafirmou que chamará os consórcios e a Carris para uma mesa de negociações que melhore o serviço. “Se for necessário abrir o capital, abro. Se for necessário privatizar, privatizo. Porque o meu foco é o usuário. Parceria que está dando certo na saúde, vou manter, mas a solução não é da noite para o dia.” Manuela reafirmou que quem fez a licitação que resultou na passagem de ônibus mais cara entre as capitais do Brasil “foi a gestão do Melo. O MDB entrou no governo para votar contra os idosos e as idosas. Tu diz que quer rever todas as isenções. Eu quero criar um fundo para que a tarifa baixe.” Melo, na tréplica, citou a vizinha Venezuela. “É uma boa referência para quem quer estatizar tudo.” Também fez críticas ao governo de Flavio Dino (PCdoB) no Maranhão. Sobre o transporte, disse que criar um fundo “é o mais fácil.” “Quero saber de onde vou tirar o dinheiro. Precisamos tirar os impostos de tudo na passagem. Tirar o ICMS do diesel. O IPI da carroceria do ônibus. Do pneu. Vou fazer um esforço para acampar no Congresso, no Palácio do Planalto”, elencou, como forma de encaminhar a questão.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895