Onyx e Leite ampliam articulações por aliados no RS

Onyx e Leite ampliam articulações por aliados no RS

Equipe de campanha do liberal define alvos na busca de apoio e tucano visita bancadas na Assembleia

Felipe Nabinger

Uma das bancadas procuradas por Leite foi da do PDT.

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O segundo dia de campanha do segundo turno para as eleições no Estado foi de planejamento da busca por apoios na candidatura de Onyx Lorenzoni (PL) e de uma “ofensiva” de Eduardo Leite (PSDB) junto à Assembleia Legislativa. Enquanto do lado do ex-ministro foram definidos interlocutores que buscarão apoios, tanto institucionais de partidos do mesmo espectro político quanto individuais, até em siglas do campo mais à esquerda, o tucano foi para uma espécie de corpo a corpo no parlamento, visitando líderes de bancadas de partidos que já o apoiavam no primeiro turno, mas também de potenciais novos aliados, como PDT, PSB e Novo. No circuito, a bancada do PT não foi procurada. A sigla, que está em federação com o PCdoB, elegeu 11 vagas no Legislativo. Se somada a federação, representam 12 representantes. 

Sem a presença de Onyx no Estado, pois está em Brasília, à convite do presidente e candidato a reeleição Jair Bolsonaro (PL), internamente a campanha do candidato definiu estratégias para atrair apoiadores. Mesmo que o principal foco seja o PP, do mesmo campo ideológico, mas que foi base do governo Leite, foram definidos representantes que vão procurar até mesmo partidos do campo mais à esquerda que tiveram deputados eleitos. A ideia é aproveitar “rachaduras”, inclusive em legendas que fazem parte da coligação do tucano, como o MDB, que tem alas bolsonaristas, e agregar apoios em municípios que elegeram Lula (PT) na disputa presidencial, mas nos quais partidos aliados a Bolsonaro fizeram mais votos nas proporcionais.

Já Eduardo Leite reuniu-se com líderes de bancadas na Assembleia, em agenda organizada por seu candidato a vice, Gabriel Souza (MDB), que é deputado estadual. Acompanhados do atual líder do governo, deputado Mateus Wesp (PSDB), que não se reelegeu, Leite esteve com representantes de apoiadores como PSD, Cidadania e MDB, e de legendas que ainda não têm um posicionamento oficial como PDT, PSB e Novo. “Característica nossa sempre foi o diálogo. Sempre convivemos muito bem com o Parlamento. É momento de conversarmos sobre o futuro e debater o RS”, disse ele, antes de percorrer os gabinetes.

O ex-governador também afirmou “respeito” a parlamentares de diferentes campos ideológicos, dizendo que “quem governa, governa para todos”, deixando aberto o flanco para partidos que não integraram a base de governo. Logo após a fala, o candidato teve um encontro não programado com a deputada reeleita Luciana Genro (PSol), a quem parabenizou pelo resultado das urnas enquanto aguardava a chegada do elevador.


Luciana Genro (PSol) e Eduardo Leite (PSDB) tiveram encontro em tom amigável na AL. Foto: Felipe Nabinger / Especial CP

Em clima amistoso, ambos conversaram brevemente. Apesar disso, em entrevista antes da sessão da Casa, Luciana disse que Onyx e Leite representam o mesmo projeto de “desestruturação dos serviços públicos e desvalorização dos servidores. No entanto, destacou que o posicionamento no segundo turno ainda será debatido pelo seu partido e demais siglas que compunham a coligação de Edegar Pretto (PT).

Na bancada do MDB, dos oito deputados que integram a atual legislatura, três estavam ausentes: Patrícia Alba, Tiago Simon e Gilberto Capoani, que é líder do partido na Casa. Além de Gabriel, participaram da reunião Carlos Búrigo, Vilmar Zanchim, Juvir Costella e Beto Fantinel. Destes, apenas Búrigo não foi reeleito.


Eduardo Leite (PSDB) com cinco dos oito deputados da atual bancada do MDB. Foto: Joel Vargas / Divulgação

Busca pelo PP

Sobre a disputa pelo apoio do PP, o ex-governador lembrou da colaboração da sigla em seu governo. “Nos ajudaram muito, com quadros técnicos preparados e também aqui no parlamento. Estamos já conversando. Tenho certeza que não quererão ver retrocessos, voltarmos à estaca zero, desfazer o que fizemos juntos, como nosso adversário defende. Temos confiança no entendimento com os progressistas”, afirmou. 

Os parlamentares da atual legislatura e os novos eleitos do PP reúnem-se nesta quarta-feira com Leite e, na quinta-feira, com Onyx. No primeiro turno, a sigla tinha como candidato o senador Luis Carlos Heinze, que terminou a disputa em quarto lugar. Ao longo da campanha, ele não poupou críticas à atual gestão. Além disso, ele e a sua candidata ao Senado, Comandante Nádia (que renunciou da disputa), declararam apoio a Hamilton Mourão (Republicanos), que integrava a chapa de Onyx. 

Posição nacional em discussão

O desfecho sobre qual será a posição que Eduardo Leite (PSDB) adotará em relação à disputa presidencial, uma vez que a chapa não tem candidato nacional, ainda está em discussão. Questionado sobre a decisão do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), em apoiar Jair Bolsonaro (PL), enquanto que o Cidadania oficializou apoio a Lula (PT), movimentos que ocorreram enquanto Leite circulava pelos gabinetes da Assembleia, o candidato limitou-se a dizer que o definidor do posicionamento no Estado caberá aos partidos da coligação.
 
Nesta terça-feira, no final da tarde, houve encontro entre os representantes dos partidos da coligação, que incluem o Cidadania, com quem os tucanos formam coligação, MDB, União Brasil, PSD e Podemos para tratar do tema. Hoje, a executiva do PSDB no Estado se reúne para discutir o assunto. Internamente, o entendimento é que qualquer manifestação poderá gerar uma reação contrária à sua candidatura. 

Sobre o posicionamento do deputado federal reeleito Lucas Redecker, presidente licenciado do partido no Estado, que abriu voto em Bolsonaro, Leite voltou disse se tratar de uma “posição individual”. Na justificativa, Redecker diz que sua maior preocupação é evitar um retorno dos governos petistas na presidência da República.

Enquanto Leite ainda tem preferido se abster de uma posição nacional, seu adversário Onyx Lorenzoni (PL) reforça a ligação com Jair Bolsonaro. Inclusive, ele está em Brasília para reunião com o presidente, que deve ocorrer nesta quarta-feira. Não está descartada a vinda de Bolsonaro ao Estado no segundo turno.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895