Porto Alegre tem votação tranquila e com poucos problemas no segundo turno

Porto Alegre tem votação tranquila e com poucos problemas no segundo turno

Informações desencontradas, que foram uma verdadeira dor de cabeça para eleitores e a Justiça Eleitoral no 1º turno, praticamente inexistiram

Gabriel Guedes

Os eleitores da Capital decidem hoje que ficará a frente da prefeitura a partir de 2021

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O segundo turno da eleição para prefeito começou com poucos problemas e muita tranquilidade em Porto Alegre. Eleitores conseguiram votar com rapidez, filas foram pequenas e as informações desencontradas, que foram uma verdadeira dor de cabeça para eleitores e a Justiça Eleitoral no 1º turno, praticamente inexistiram. Os santinhos também sumiram do chão. Em compensação, em alguns dos locais de votação, os ânimos se exaltaram entre apoiadores de Manuela D'Ávila (PCdoB) e Sebastião Melo (MDB).

Na Escola Estadual Santos Dumont, na Vila Assunção, o amanhecer ensolarado, mas de clima abafado, não afugentou os primeiros eleitores. Antes das 7 horas, alguns já aguardavam dentro de veículos e mais perto do horário, passaram a aguardar em uma fila, no pátio da escola, respeitando o distanciamento entre eles. O porteiro Jorge Leal Prá, 62 anos, aproveitou o horário para não deixar de dar seu voto. Estacionou sua bicicleta e ficou na fila para ser um dos primeiros na escola da zona Sul. "Eu começo a trabalhar às 7 horas. Se eu sair ao meio-dia é ruim, daí não consigo almoçar", conta. Quem votava, encontrava os mesários devidamente protegidos contra a Covid-19.

O motorista aposentado Alberto Lopes de Carvalho, 69, é eleitor da Escola Martins Costa Júnior, do bairro São José, que está interditada e pegou eleitores de surpresa no 1º turno, ao ter suas seções transferidas para a PUCRS. Desta vez, sem titubear, já estava antes das 9 horas no campus da universidade, procurando o local exato da sua seção. "Segue fechado lá. Então tem que votar aqui", afirma. Uma faixa na entrada da universidade já confirmava a alteração, caso algum eleitor da Costa Júnior ainda tivesse dúvida.

O acréscimo das seções do bairro São José, somou ainda mais eleitores ao campus da PUCRS, que é o maior colégio eleitoral de Porto Alegre. São 12.756 pessoas que votam na universidade, distribuídas em 47 seções eleitorais. Com tantos votos, há até um local para entrega das mídias de resultados, que é feita a partir das 17h do domingo, pelos responsáveis das seções. Mas o movimento foi intenso desde os primeiros minutos da manhã. Na seção 019, que fica no Colégio Champagnat, em anexo à PUCRS, das 7h às 8h, 21 pessoas votaram. Entretanto, diferente do 1º  turno, quando paradas de ônibus na Bento Gonçalves, nas imediações da universidade, estavam lotadas, desta vez não havia tantos usuários pela manhã. Outra diferença foi a ausência de santinhos e panfletos na mesma região, situação que se repetiu em outros locais da Capital.

A organização em algumas seções eleitorais chamava atenção. Nas de número 359, 307, 313, 310, no Salão Paroquial da paróquia São Sebastião Mártir, no Alto Petrópolis, eleitores aguardavam respeitando o distanciamento e eram chamados pela secretária do prédio. Tudo para evitar a aglomeração de pessoas. Em outras, quem inadvertidamente chegasse sem máscara, tinha uma chance de não perder o deslocamento para votar. No Colégio Dom Bosco, um dos locais de votação do bairro São João, na zona Norte, o aposentado Enildo Prestes, 74 anos, esqueceu a máscara de proteção no carro. Mas acabou recebendo uma nova de uma mesária e não precisou voltar ao veículo para pegar a sua. "Acabei esquecendo mesmo. Mas ainda bem que deu para resolver sem voltar no carro", confirma Prestes.

Na Escola Estadual Paula Soares, no Centro Histórico, quem foi justificar o voto também encontrou bastante organização. Um conjunto de mesas, com os formulários de justificativa, estavam disponíveis logo na entrada do prédio. "Eu sou de Guarulhos, São Paulo, e me mudei recentemente pra cá, daí ainda tenho que justificar", explica o analista de sistemas, Rafael Pereira de Almeida, 34 anos.

Problemas pontuais

No Dom Bosco, alguns eleitores estavam reclamando de agrupamento de seções, que no 1º  turno estavam em uma sala exclusiva e ontem estava junto com outra. Situação também observada no Colégio Santa Inês, no bairro Petrópolis, onde as seções 14 e 248 funcionavam na mesma sala de aula. Entretanto, não houve nenhuma mudança drástica nos locais de votação de Porto Alegre na comparação com a eleição de 15 de novembro.

No bairro Petrópolis, um grupo de apoiadores de um dos candidatos foi alertado pela Brigada Militar para não se manifestarem em conjunto, já que a legislação eleitoral proíbe esta prática. Já no Colégio Júlio de Castilhos, na região central da Capital, o clima esquentou entre os pares das candidaturas adversárias. Em alguns instantes, fiscais tentavam coibir a prática de boca de urna da chapa concorrente, o que acabava gerando discussões em frente ao colégio. Mas até o meio-dia, não foi necessária nenhuma intervenção policial para resolver os impasses.
Na Paula Soares, na seção 129, teve a ocorrência de um surto em uma eleitora com doença psiquiátrica. Pouco depois das 8h, acompanhada dos pais, entrou na sala para votar e não desocupou mais a urna. Foram cerca 20min até ela sair por vontade própria, após os pais a convencerem sair. A Brigada Militar apenas acompanhou a situação, o que acabou acarretando em fila.

Na Escola Municipal Monte Cristo, na Vila Nova, a votação iniciou sem energia elétrica, com as urnas funcionando por meio de baterias. Ainda por volta das 7 horas, a CEEE consertava fiação que entrou em curto circuito em um poste na Avenida Monte Cristo, durante a madrugada. Mas assim que a energia foi restabelecida, a situação se normalizou e não houve registro de transtornos.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895