Problemas locais dão tom de campanha em Pelotas

Problemas locais dão tom de campanha em Pelotas

Apesar dos impactos provocados pela pandemia, os 11 candidatos ampliam o debate sobre as necessidades dos bairros e da periferia

Angélica Silveira

Onze candidatos disputam a prefeitura de Pelotas

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Faltando pouco mais de dez dias para o primeiro turno das eleições municipais deste ano, em tempos de pandemia de coronavírus, a campanha ganhou mais um acessório. Além dos adesivos e bandeiras, a máscara marca presença nas mobilizações. Os onze postulantes à prefeitura seguem realizando caminhadas nos bairros, bandeiraços e adesivaços, tentando evitar aglomerações. 

Além da apresentação de projetos, propostas e metas, um dos assuntos mais comentados pelos candidatos e apoiadores na televisão, redes sociais e pessoalmente, na curta campanha, não é a pandemia, mas as grandes necessidades dos bairros e da periferia de Pelotas. Temas muitas vezes utilizados para atacar a candidata da situação.

Ontem, promovido pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), um debate reuniu os candidatos à prefeitura. O evento ocorreu de forma on-line e com transmissão pelas redes sociais. Na  próxima sexta-feira está previsto outro encontro entre os postulantes. O evento é organizado pelo Sindicato dos Municipários de Pelotas (SIMP) e também será transmitido pelas redes sociais.

Com uma população estimada (IBGE) de 328 mil pessoas, Pelotas é uma das cinco cidades gaúchas em que poderá haver segundo turno. O município tem 240 mil eleitores aptos a votar.

A seguir, detalhes dos candidatos e de suas propostas.  

  • Natural do RJ, Marcus Napoleão, conhecido como Coronel Napoleão (PRTB), 54 anos, mora em Pelotas desde 1992, onde seus três filhos nasceram. É coronel do Exército,  técnico mecânico industrial e advogado. Diz não usar o fundo eleitoral e, se eleito, pretende implementar a Escola Cívico-Militar; ampliar os postos de saúde e investir no tratamento precoce contra a Covid-19. Suas principais bandeiras estão em fortalecer a segurança nos bairros. 
  • O historiador pelotense Dan Barbier (PDT), 35 anos, é educador, mestre em memória social e patrimônio cultural. Trabalha há 10 anos na Bibliotheca Pública Municipal. Participou de várias iniciativas culturais e uma das principais bandeiras é o programa Renda Viva, para auxiliar quem não tem renda, no valor de R$ 300. Outra proposta é o Bairro Cidade, fruto de uma reforma administrativa e gestão da cidade. A intenção é realocar os serviços das secretarias de serviços urbanos e obras para os bairros. 
  • Eduardo Ligabue (PCO), 44 anos, mora na cidade há 20 anos. Ele trabalha no setor de manutenção de veículos pesados (eletricista) e concluiu o curso técnico em elétrica força e controle na FURG. As suas principais bandeiras são as mesmas do partido, como um salário digno para os trabalhadores, diminuição da jornada de trabalho, defesa dos direitos das mulheres. “A campanha é realizada via nos militantes e filiados.”
  • Prefeito de 2006 e 2012, Adolfo Antônio Fetter Júnior (PP), 66 anos, também já foi deputado federal, entre 1990 e 2002, e secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico e Assuntos Internacionais e vereador. Se eleito, quer melhorar a saúde, educação, saneamento básico, incentivos à geração de emprego e renda, desenvolvimento socioeconômico sustentável, respeitando o meio ambiente; mobilidade urbana e segurança pública. 
  • No sétimo mandato de vereador, Ivan Duarte (PT), 58, concorre pela primeira vez à prefeitura. Nos anos 80, ajudou a fundar o PT em Pelotas. A Câmara de Vereadores da cidade foi a primeira do país a não ter votações secretas a partir de seu projeto. Para Duarte, os bairros e vilas estão abandonados. O programa tem três frentes: plano emergencial de combate à pandemia, cidade democrática e desenvolvimento com inclusão social. Se eleito, pretende criar a plataforma Bairro Vivo para acesso a serviços e escolha das prioridades de cada região.
  • Empresário do ramo de eventos, João Carlos Cabedal (MDB), 53, quer a Guarda Municipal comandada por um guarda, e que o Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (SANEP) não seja privatizado. Na educação, as escolas terão tempo integral. Na cultura, fomentará a profissionalização dos artistas. Na saúde, quer melhorar as Unidades Básicas. Quer traçar coletivamente estratégia de retomada da economia no pós-pandemia de coronavírus.
  • Professor de sociologia, Júlio Domingues (PSOL) é ativista de questões étnicos raciais e entusiasta das questões de educação e cultura. Para ele, com a pandemia, as eleições assumiram uma característica diferente, com um ceticismo maior da população com a política. As principais bandeiras do candidato são a geração de emprego e renda, com uma melhor estruturação de bairros e vilas e ampliação do acesso e qualidade dos serviços públicos.
  • Empresário e jornalista, Marcelo Bertholdi Oxley (PODE), 41, entrou na política com o desejo de implementar uma gestão profissional no município. As principais bandeiras são a redução do gasto da máquina pública através de medidas como diminuição de CC's, diminuição de imóveis alugados e foco na inadimplência do IPTU. Tem projetos para a modernização do sistema de atendimento básico de saúde e o aumento de profissionais atendendo nas mesmas. Oxley prega a bandeira de uma gestão profissional.
  • Empresário Marco Marchand (DEM), 55, concorreu a prefeito em 2016 com o objetivo de implantar um governo técnico e não partidário. Diz que abriu mão do fundo partidário. Se eleito, ele quer profissionalizar a máquina pública, impulsionar a geração de empregos, realizar manutenção permanente de ruas, contratar mais médicos especialistas e dar amparo social no encaminhamento das crianças e jovens da periferia.
  • Em busca da reeleição, Paula Mascarenhas (PSDB) foi a primeira mulher a ser prefeita e vice de Eduardo Leite, atual governador. Se eleita, quer tornar Pelotas mais acolhedora e com mais oportunidades. Quer consolidar a recuperação econômica pós-pandemia com o programa Retomada Pelotas. Na saúde, quer consolidar o Saúde Ativa e construir o Hospital de Pronto Socorro Regional, com o Estado. Quer fortalecer o Pacto Pelotas Pela Paz, ampliar o turno integral na rede de ensino e concluir obras. 
  • O candidato mais jovem, Tony de Siqueira Sechi (PSB), 29 anos, é o atual presidente do PSB Pelotas, e dirigente do PSB Nacional. Participou de governos do PSB de relevância nacional, e na formulação do Plano de Governo de Eduardo Campos. As suas principais propostas são o corte de metade dos mais 400 de cargos de confiança, de contratos de aluguéis de prédios e carros, e, com isso, subsidiar a redução da passagem do transporte coletivo para R$ 2,00. O candidato pretende implantar o 14º salário para os professores municipais, pagamento do piso nacional para o magistério, definição do Plano de Categoria para municipários, guarda municipal, magistério e Sanep, em uma construção dialogada com os sindicatos. 

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895