"Estou ciente da enorme tarefa e da expectativa", diz Raquel Dodge no discurso de posse

"Estou ciente da enorme tarefa e da expectativa", diz Raquel Dodge no discurso de posse

Primeira mulher a comandar o Ministério Público Federal voltou a falar que irá seguir no combate à corrupção

Correio do Povo

Primeira mulher a comandar o Ministério Público Federal voltou a falar que irá seguir no combate à corrupção

publicidade

* Com informações da Agência Brasil e da AE

Raque Dodge, a primeira mulher a assumir a Procuradoria-Geral da República (PGR) tomou posse nesta segunda-feira. Ela substitui Rodrigo Janot, que deixou o cargo após quatro anos na chefia do Ministério Público Federal (MPF). Raquel assinou o termo de posse ao do presidente Temer.  Estão presentes na cerimônia na sede da PGR o presidente da República, Michel Temer, da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, do Senado, Eunício Oliveira, e do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia.

No seu discurso, falou da responsabilidade que é a tarefa de comandar o MPF: "Dirijo-me ao povo brasileiro, de quem emana todo o poder, e a todos os presentes para dizer que estou ciente da enorme tarefa que está diante de nós e da legitima expectativa de que seja cumprida com equlíbrio, firmeza e coragem, com fundamento na Constituição e nas leis".

O Ministério Público deve promover justiça, defender a democracia e "garantir que ninguém esteja acima da lei e ninguém esteja abaixo da lei". Raquel também destacou que o povo brasileiro mantém a esperança de um futuro melhor para o País, acompanha as investigações e "não tolera a corrupção".

"O País passa por um momento de depuração. Os órgãos do sistema de administração de Justiça têm no respeito e harmonia entre as instituições a pedra angular que equilibra a relação necessária para se fazer justiça em cada caso concreto", afirmou Raquel.

Dodge disse que o Ministério Público tem "o dever de cobrar dos que gerenciam o gasto público que o façam de modo honesto, eficiente e probo, ao ponto de restabelecer a confiança das pessoas nas instituições de governança".

Sobre este assunto, ela citou uma fala do papa Francisco, na qual o pontífice ensina que "a corrupção não é um ato, mas uma condição, um estado pessoal e social, no qual a pessoa se habitua a viver", disse.

"O corrupto está tão fechado e satisfeito em alimentar a sua autosuficiência que não se deixa questionar por nada nem por ninguém. Constituiu uma autoestima que se baseia em atitudes fraudulentas. Passa a vida buscando os atalhos do oportunismo, ao preço de sua própria dignidade e da dignidade dos outros. A corrupção faz perder o pudor que protege a verdade, a bondade e a beleza", acrescentou.

Segundo Dodge, não têm faltado meios orçamentários nem instrumentos jurídicos para que o MP cumpra seu papel constitucional. "Estou certa de que o MP continuará a receber do Poder Executivo e do Congresso Nacional o apoio indispensável ao aprimoramento das leis e das instituições republicanas e para o exercício de nossas atribuições".

Raquel Dodge frisou que a harmonia entre Poderes é um requisito para a estabilidade da nação. Sobre o combate à corrupção, destacou que o MP, com todos os seus membros,  deve priorizar a atuação para resolver problemas graves que inibem o bom desenvolvimento humano, como corrupção, obstáculos no acesso à Justiça, pobreza a violência.

A nova Procuradora-Geral cumprimentou seu antecessor, Rodrigo Janot. Ela lembrou que 41 procuradores-gerais já ocuparam esse cargo. "Alguns em ambiente de paz e muito sob intensa tempestade".  Raquel comentou que espera que o Ministério Público continue recebendo do governo federal e do Congresso Nacional apoio para o aprimoramento da instituição.

Neste início de mandato, peço a proteção de Deus para que nos momentos em que eu for colocada à prova, não hesite em proteger as liberdades, em cumprir o meu dever com responsabilidade, em fazer aplicar a Constituição e as leis, para entregar adiante o legado que recebo agora", discursou.

A nova procuradora-geral da República encerrou o discurso citando a poetisa goiana Cora Coralina (1889-1985), para que haja "mais esperança nos nossos passos do que tristeza em nossos ombros".

Raquel Dodge foi indicada para o cargo pelo presidente Michel Temer a partir da eleição interna da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), que deu origem à lista tríplice enviada ao presidente para subsidiar sua escolha. Em julho, ela foi aprovada pelo plenário do Senado por 74 votos a 1 e uma abstenção.

Mestre em direito pela Universidade de Harvard e integrante do Ministério Público Federal há 30 anos, Raquel Dodge é subprocuradora-geral da República e atuou em matéria criminal no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895