“Foi uma comédia de erros”, afirma Moro sobre mudanças impostas ao pacote anticrime

“Foi uma comédia de erros”, afirma Moro sobre mudanças impostas ao pacote anticrime

Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública criticou a condução do projeto no Congresso

Rádio Guaíba

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Fora do Governo Federal desde abril, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro segue envolto em diversas polêmicas relacionadas ao Palácio do Planalto. A mais recente delas foi a soltura do traficante André do Rap, beneficiado com uma medida prevista no pacote anticrime proposto pelo ex-Juiz federal. Em entrevista ao programa Agora, da Rádio Guaíba, nesta terça-feira, Moro afirmou que o projeto foi descaracterizado. 

“Foi uma comédia de erros. O Congresso fez inserções que mais prejudicaram do que ajudaram. Dentre elas essa regra de revisão da prisão preventiva. Sem ela, André do Rap já teria sido condenado duas vezes”, opina.

O criminoso, apontado como um dos líderes da facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC), foi solto em outubro, após cumprir 90 dias de prisão preventiva. A decisão partiu do ministro Marco Aurelio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que alega ter seguido à risca o texto assinado por Moro.

O ex-ministro, que ganhou projeção nacional por causa de sua atuação na 13ª Vara Federal de Curitiba, uma das principais instâncias da Operação Lava-Jato, deixou claro que pretende seguir na vida pública. Isso longe do Governo Federal – com quem rompeu laços após acusar o presidente Jair Bolsonaro de interferir na Polícia Federal.

O ex-ministro voltou a criticar a gestão do antigo aliado, dessa vez quanto à nomeação do do desembargador Kassio Nunes Marques ao STF. “O novo ministro não é conhecido por posições mais rigorosas na parte criminal. Isso não significa que ele não é competente. Bolsonaro, no entanto, não seguiu a linha que prometeu na campanha”, ressalta.

Vida pós-ministério

A chamada “quarentena jurídica” de Sergio Moro acabou na semana passada. Ou seja: a partir de agora, ele está liberado para realizar atividades remuneradas sem a prerrogativa de conflito de interesses com o cargo que ocupava. Por isso, o ex-chefe da Justiça e Segurança Pública deixa em aberto o seu planejamento de curto prazo.

“Não enriqueci como juiz, nem como ministro. Então, tenho que cuidar da minha vida. Mas eu tenho pretensões de continuar participando do debate público, como cidadão. Acredito que exista vida pública fora do governo. Todas as pessoas, na verdade, tem essa possibilidade”, finaliza Moro.


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