Política

Lula cobra de bancos e países doadores recursos para combate à fome e pobreza

Presidente foi enfático ao declarar que, sem o orçamento necessário, não haverá "transformação" no combate à miséria

Lula disse que sem o orçamento necessário, não haverá "transformação" no combate à miséria
Lula disse que sem o orçamento necessário, não haverá "transformação" no combate à miséria Foto : Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um apelo por recursos financeiros de bancos multilaterais e países doadores durante uma reunião de membros do Conselho de Campeões da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, realizada em Roma, na Itália. O presidente foi enfático ao declarar que, sem o orçamento necessário, não haverá "transformação" no combate à miséria.

"Primeiro, aos bancos multilaterais e países doadores: é necessário rever as prioridades. Programas de ajuste fiscal não são um fim em si mesmo que justifiquem a redução do investimento em desenvolvimento humano e social", declarou o presidente. Lula argumentou que o combate à fome e à pobreza é o melhor estímulo para a economia global e que os recursos disponíveis devem ser mobilizados para "enfrentar os desafios reais da humanidade".

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Inclusão dos pobres no orçamento e progressividade tributária

Além da cobrança internacional, o presidente defendeu que os governos nacionais "coloquem os pobres no orçamento". Ele fez um balanço de ações recentes do seu terceiro mandato no Brasil, citando a aprovação pela Câmara dos Deputados da proposta que isenta quem ganha até R$ 5 mil do Imposto de Renda (IR).

Lula citou a medida como um exemplo de progressividade tributária que visa financiar programas sociais de combate a desigualdades. "Neste mês, a Câmara de Deputados aprovou a isenção do imposto de renda para quem ganha até aproximadamente mil dólares mensais, e o aumento de 10% para quem ganha mais de 100 mil dólares por ano. Essa progressividade tributária vai ampliar os recursos para o financiamento de políticas públicas essenciais", disse.

Estrutura da aliança e ausência na cúpula do Catar

Lula afirmou que a Aliança Global deu um "passo decisivo" com a inauguração, nesta segunda-feira, de um mecanismo que conta com sede, secretariado e direção. Segundo ele, recursos do Brasil, da Noruega e da Espanha garantem parte do funcionamento da instalação até 2030.

O presidente lamentou o contraste entre o avanço tecnológico e a persistência da fome. "Vivemos em um mundo hiperconectado, com inteligência artificial, avanços científicos e até planos de habitar a Lua, mas a persistência da fome e da pobreza são as provas mais dolorosas de que falhamos como comunidade global", destacou em seu discurso.

O petista não participará do primeiro encontro de líderes da Aliança, que será realizado no Catar em 3 de novembro, devido à proximidade com a Cúpula de Líderes da COP30, sediada em Belém (PA). O governo brasileiro será representado pelos ministros Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome).

Sobre a COP30, Lula reiterou a intenção de adotar uma Declaração sobre Fome, Pobreza e Clima, defendendo que a segurança alimentar deve estar no centro das ações de controle climático.