Marun vira alvo de investigação no STF

Marun vira alvo de investigação no STF

Ministro teria demandado aprovação de registros sindicais de três entidades do Mato Grosso do Sul

AE

Marun vira alvo de investigação no STF

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Implicado por um delator no escândalo de fraudes em registros sindicais no Ministério do Trabalho, o ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Carlos Marun (MDB), passou a ser formalmente investigado por suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa no âmbito da Operação Registro Espúrio. Este é um dos três inquéritos que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, mandou abrir a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para a continuidade das investigações - cinco deputados e dois senadores também são alvo.  A PGR denunciou 26 pessoas no dia 27 de agosto por organização criminosa.

Nomeado articulador político do governo Temer em dezembro, Marun teria demandado, segundo as investigações, a aprovação de registros sindicais de três entidades do Mato Grosso do Sul - Estado pelo qual, em 2014, foi eleito para seu primeiro mandato como deputado federal. Os pedidos teriam sido repassados por intermédio de sua chefe de gabinete, Vivianne Lorenna Vieira de Mello, ao ex-coordenador de registro sindical da pasta Renato Araújo Júnior.

Preso preventivamente na primeira fase da Registro Espúrio, Araújo assinou acordo de colaboração premiada e entregou as informações que deram base para a abertura de inquérito contra o ministro. Araújo afirmou que, em uma reunião em maio com a assessora de Marun e com Júlio "Canelinha" Bernardes - na época, chefe de gabinete do então ministro do Trabalho, Helton Yomura -, "Viviane repassou ao depoente uma folha de papel contendo o nome e o CNPJ de três entidades."

As "demandas" se referiam ao Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário Federal e do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul, ao Sindicato dos Trabalhadores e Servidores da Secretaria de Administração do MS e ao Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Parnaíba/MS. "Viviane disse que havia ordem direta de Carlos Marun para o deferimento do registro sindical das três entidades", acrescentou Araújo, ainda sobre a reunião.

Inquéritos

Um dos novos inquéritos foi aberto para apurar suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo os senadores Dalírio Beber (PSDB-SC) e Cidinho Santos (PR-MT). Num terceiro inquérito, PGR e a Polícia Federal vão apurar suspeita de crimes de corrupção passiva, corrupção ativa e lavagem de dinheiro por parte dos deputados federais Jovair Arantes (PTB-GO), Cristiane Brasil (PTB-RJ), Paulinho da Força Sindical (SD-SP), Wilson Santiago Filho (PTB-PB) e Nelson Marquezelli (PTB-SP) - os cinco denunciados no fim de agosto por supostamente integrarem organização criminosa.

Fachin deu 15 dias para que os parlamentares apresentem resposta à denúncia. Também por decisão do ministro, os outros 21 denunciados por organização criminosa, incluídos o ex-ministro do Trabalho Helton Yomura e o presidente do PTB, Roberto Jefferson, tiveram a acusação formal desmembrada e encaminhada à 10.ª Vara Criminal da Justiça do Distrito Federal, por não terem prerrogativa de foro no Supremo. A pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, os investigados que não chegaram a ser denunciados junto com os 26 também continuarão sob a mira do Ministério Público, agora na primeira instância, também no Distrito Federal, para aprofundamento das apurações. Entre eles, está o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah.

"Intimidação"

O ministro Carlos Marun disse que é alvo de "intimidação sob a forma de inquérito". "Recebi (a informação sobre o inquérito) com a tranquilidade de quem nada deve e, portanto, nada teme. Nada fiz que extrapole as minhas funções previstas no ordenamento jurídico e não recebi nenhuma vantagem, devida ou indevida, pelas ações que desenvolvi em prol de Sindicatos de Mato Grosso do Sul", afirmou Marun, em nota. Para o advogado Luiz Gustavo Pereira da Cunha, que representa Cristiane Brasil, a Polícia Federal e o Ministério Público, sem provas, acusam a esmo".

A assessoria do senador Dalírio Beber afirmou que ele foi surpreendido com a abertura da investigação, já que a Procuradoria-Geral da República não o havia denunciado. O deputado Jovair Arantes disse acreditar que "o Judiciário reconhecerá que não há qualquer desvio que macule" sua reputação. "O processo segue o caminho natural. Quanto a mim, reitero minha inocência", afirmou Roberto Jefferson.

O senador Cidinho Santos negou participação em possíveis fraudes no Ministério do Trabalho e disse que todos os contatos com servidores ocorreram de forma institucional, como parte de seu trabalho parlamentar. Procurados pelo Estado, os outros investigados não se manifestaram até a publicação desta matéria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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