Na CPI, Mayra defende cloroquina e contradiz Pazuello sobre falta de oxigênio em Manaus

Na CPI, Mayra defende cloroquina e contradiz Pazuello sobre falta de oxigênio em Manaus

Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, depôs nesta terça-feira

Correio do Povo, AE e R7

Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, depôs nesta terça-feira

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O depoimento à CPI da Covid, nesta terça-feira, no Senado Federal, da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde e médica, Mayra Pinheiro, foi marcado por respostas técnicas em defesa da cloroquina e do tratamento precoce à Covid-19.

Próximo ao final do depoimento, que encerrou às 17h, o foco das perguntas voltou-se ao Amazonas depois que a secretária afirmou ter relatado diariamente ao então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a situação de "caos" em Manaus com o desabastecimento de oxigênio nos hospitais.

De acordo com Mayra, todas as informações referentes à situação da cidade foram repassadas pelo grupo de técnicos que esteve em Manaus ao comando central da pasta na ocasião em que o governo federal, em reunião que contou com a participação de Pazuello e do presidente Jair Bolsonaro, decidiu pela não intervenção na capital amazonense.

Ela também afirmou que Eduardo Pazuello teve conhecimento do desabastecimento do oxigênio em Manaus no dia 8 de janeiro. Segundo Mayra, ao saber do caso, Pazuello a teria questionado sobre o desabastecimento, o qual ela afirmou não ter sido comunicada durante sua visita a Manaus.

A informação, no entanto, diverge das prestadas pelo ex-ministro Pazuello, que em depoimento à CPI na última quarta-feira, Pazuello disse que foi informado sobre a falta de oxigênio em Manaus apenas na noite do dia 10 de janeiro: "No dia 8 de janeiro, seis dias antes, nós já tínhamos iniciado o transporte aéreo de oxigênio para Manaus. Eu tomei conhecimento de riscos em Manaus no dia 10, à noite, numa reunião com o governador e o secretário de Saúde, quando eles me passaram as suas preocupações que estavam com problema logístico sério com a empresa White Martins", afirmou Pazuello à CPI.

Durante o depoimento de Mayra Pinheiro, a relatoria da CPI da Covid elencou 11 contradições da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde. As contradições, segundo a relatoria, estão nos temas: tratamento precoce, mediamentos para covid, pesquisas, cloroquina, Tratcov, OMS e Conitec, população pediátrica, isolamento, comando do Ministério da Saúde, Manaus e oxigênio para Manaus. 

Defesa ao tratamento precoce e à cloroquina

Durante seu depoimento na CPI, Mayra Pinheiro afirmou que o tratamento precoce é comum a todas as doenças no mundo inteiro. Ela, que é considerada uma das principais defensoras do medicamento cloroquina para a Covid-19 dentro do Ministério da Saúde, também declarou que tratamento precoce é normal para todas as doenças, em todos os países do mundo.

"Mas é preciso dizer que o Ministério da Saúde nunca indicou tratamento contra a Covid. Nós estabelecemos doses seguras para que os médicos brasileiros pudessem usar esses medicamentos (cloroquina e hidroxicloroquina) com seus pacientes", argumentou. Mayra é acusada de ter se aproveitado do colapso da saúde no Amazonas, em janeiro deste ano, para defender a cloroquina. Ao ser questionada, ela respondeu que fez uso da cloroquina quando contraiu coronavírus.

No depoimento, Mayra Pinheiro, afirmou estar "pacificado" o consenso de que a cloroquina não deve ser adotada no uso hospitalar. Segundo a secretária, contudo, o medicamento deve ser usado no início da doença, ainda em sua fase de transmissão, apesar de estudos demonstrarem que o medicamento não tem eficácia contra a Covid-19.

Mayra Pinheiro negou também que tenha feito a defesa da teoria da "imunidade de rebanho" através da contaminação da população. "Eu nunca fiz defesa da imunidade de rebanho, quando eu me referi a ela, no vídeo que o senador Renan trouxe aqui, eu me referi às crianças", disse, afirmando que crianças deveriam permanecer indo a escolas por ter baixa transmissão da doença.

Votação de requerimentos

A CPI da Covid volta a se reunir na manhã desta quarta-feira, às 9h30min, para votar requerimentos. Segundo o presidente da Comissão, Omar Aziz, entre eles estarão convocações de governadores, prefeitos e ex-prefeitos.

 


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