Na segunda turma do STF, decisões da Lava Jato esperam por Mendonça
Se aprovado pelos senadores, indicado por Bolsonaro integrará colegiado que aprecia acusações contra políticos. Aprovação é incerta
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O ex-ministro da Justiça André Mendonça enfrenta no Senado uma situação inédita: um quadro de indefinição e incerteza quanto à aprovação de seu nome pela Casa, após a indicação do presidente da República para a função de ministro do STF. O cenário é de dúvida quanto ao placar que alcançará em plenário, situação diferente da que encontrou seu antecessor, o hoje ministro Nunes Marques, a mais recente escolha de Bolsonaro aprovada pelo Senado.
Uma vez aprovado pelos senadores, Mendonça deve desembarcar no STF já em dezembro e integrar a segunda turma, na qual atuam os ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Edson Fachin e Nunes Marques. É esse colegiado que julga primeiro as questões relativas à Lava Jato, conjunto de ações que reúnem acusações contra quase uma centena de políticos e investigados a eles relacionados.
Um dos fatores de resistência ao nome de Mendonça é a incerteza sobre como seria sua postura diante dessas ações, originadas no inquérito comandado pelo ex-juiz Sergio Moro.
Colaboram para a indefinição do placar no Senado fatores políticos relacionados à indicação. Senadores ouvidos pelo blog avaliam que a marca imposta pelo presidente Bolsonaro ao candidato à vaga de Marco Aurélio Mello, de “terrivelmente evangélico”, terminou por "contaminar o processo". A maioria entende que o cargo de juiz da Suprema Corte não deve ser influenciado por posições religiosas. Mendonça é pastor da Igreja Presbiteriana.
Posições assumidas por Mendonça quando ministro da Advocacia-Geral da União também serão arguidas na sabatina a que será submetido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Elas representariam forte grau de vinculação entre o indicado e o presidente Bolsonaro. No entanto, apoiadores de Mendonça rebaterão, ressaltando que o papel institucional da AGU é exercer a defesa técnica do chefe do Executivo.