Política

Relatório final de CPI da CEEE Equatorial destaca ‘falta de colaboração’ da Aneel

Documento de 40 páginas foi entregue nesta quinta-feira aos vereadores de Porto Alegre que compõem a comissão; votação deverá ser realizada na próxima segunda-feira

Após quase cinco meses, relatório de CPI da CEEE Equatorial será votado na Câmara de Porto Alegre
Após quase cinco meses, relatório de CPI da CEEE Equatorial será votado na Câmara de Porto Alegre Foto : Elson Sempé Pedroso / CMPA / CP

Contendo 40 páginas, o relatório final da comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Câmara de Porto Alegre que investigou os serviços da CEEE Equatorial na Capital foi entregue nesta quinta-feira aos vereadores integrantes da comissão. Baseado nos interrogatórios e análises de documentos, quinze pontos foram destacados pela relatora, Comandante Nádia (PL), contestando os trabalhos da concessionária e de outras partes envolvidas. A votação do relatório está prevista para a próxima segunda-feira.

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Instalada em fevereiro deste ano, a CPI foi motivada pelas falhas na atuação da CEEE Equatorial após o temporal ocorrido no dia 16 de janeiro, que prejudicaram diversos pontos da Capital, principalmente pela queda de energia elétrica e pela demora no restabelecimento. A proposição foi da vereadora Cláudia Araújo (PSD), que presidiu as sessões ao lado de Fernanda Barth (PL), vice-presidente.

Após quase cinco meses de comissão, foram realizadas 18 oitivas, além da escuta de moradores de comunidades fortemente afetadas pelo temporal. Outras, agendadas, acabaram não sendo possíveis. Como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), empresa reguladora dos serviços da CEEE Equatorial, que não enviou representantes para a sessão do dia 26 de abril e foi alvo de críticas no relatório final.

“Constata-se uma preocupante falta de colaboração por parte da Aneel, empresa reguladora que exerce papel crucial no setor energético, sendo uma entidade de extrema importância para o desenvolvimento dos trabalhos desta CPI, a qual não atendeu ao convite formalizado para depor perante a comissão”, diz o último ponto concluído pela relatora, acrescentando que a agência demonstrou, “assim, sua complacência com as deficiências apresentadas pela concessionária dos serviços objetos dessa investigação.”

Uma viagem da presidente e da relatora da comissão a Brasília para reuniões com representantes da Aneel chegou a ser agendada, mas não foi possível em função das enchentes ocorridas em maio. Assim, os vereadores enviaram questionamentos, que não foram respondidos até a finalização do relatório.

Os outros 14 pontos de conclusão que serão, se aprovados pelos integrantes da CPI, apresentados ao Ministério Público do Estado (MPRS), argumentam que:

  • Não havia manejo arbóreo próximo à rede elétrica por parte da CEEE Equatorial antes de 16 de janeiro;
  • Existem cobranças duvidosas e abusivas por parte da concessionária aos consumidores;
  • Há demora no restabelecimento de energia elétrica quando há interrupção do fornecimento;
  • Há deficiência nos canais de comunicação da CEEE Equatorial com os consumidores;
  • Houve deficiência na transição operacional entre a concessionária pública e privatizada, com enxugamento do quadro funcional;
  • Não houve planejamento para resposta ao evento climático de 16 de janeiro;
  • Existiam, nas primeiras 72 horas, equipes insuficientes de trabalho da concessionária;
  • Não havia canal de comunicação com a municipalidade;
  • Serviços foram restabelecidos na totalidade apenas no dia 28 de janeiro;
  • Há indícios da falta de qualificação da mão de obra terceirizada na empresa Setup (prestadora de serviços da CEEE Equatorial);
  • Há indícios de falsidades dos certificados de formação e qualificação dos profissionais da Setup;
  • Há indícios que veículos utilizados para a atividade de manutenção das redes elétricas não são adequados;
  • Que a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos deverá apresentar um plano de ação do manejo arbóreo da Capital no prazo de 90 dias;
  • Que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade apresente um plano de fiscalização do manejo arbóreo da Capital no prazo de 90 dias.

*Sob supervisão de Dulci Emerim