Índice de custos de produção da Farsul tem maior deflação da série histórica
Preços recebidos pelo produtor também tiveram retração, de 9,45%, no período
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O Índice de Inflação dos Custos de Produção (IICP) medido pela assessoria econômica da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) aponta que o ano de 2023 teve a maior deflação da série histórica do indicador, iniciado em 2011. O acumulado do ano foi de -18,21%, enquanto o IPCA registrou alta de 4,62% no período. Os preços recebidos pelos produtores tiveram retração de 9,45%, em um movimento inverso ao do IPCA Alimentos, que se elevou em 1,03%. O IICP foi impactado pela redução nos preços de fertilizantes, herbicidas e inseticidas e pela taxa cambial.
Conforme a economista Danielle Guimarães, da Farsul, a baixa sinaliza um reequilíbrio de mercado depois da disparada de custos de fertilizantes e outros itens em 2020 e 2021, por conta da pandemia de Covid-19 e da invasão da Rússia na Ucrânia. “Os insumos foram os grandes vetores da alta do passado e da queda recorde de agora, que ainda não traz os preços aos patamares de antes da pandemia”, afirmou Danielle. “Nos fertilizantes, ainda temos casos em termos reais com valores até 90% superiores aos de 2019, sendo que a inflação acumulada no período foi de 27%”, disse.
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Os custos de produção mantiveram a tendência baixista observada desde outubro e caíram 0,99% em dezembro, na comparação com o mês anterior. O resultado do IICP abaixo do IPCA traz um cenário inverso ao de 2020 e 2021, quando os produtos que formam o custo de produção do produtor foram inflacionados acima dos preços em geral. Danielle diz que é difícil afirmar se a tendência já se consolidou, considerando que o ano de 2024 apresenta um cenário internacional complexo, tanto de mercado quanto na geopolítica.
Se pagou menos para produzir, o produtor rural também recebeu menos no ano passado. O Índice de Preços Recebidos pelos Produtores Rurais (IIPR) apresentou crescimento de 3,30% em dezembro, na comparação com novembro de 2023. As altas mais significativas ocorreram nos preços das sacas de arroz e trigo. Mesmo com o resultado positivo, as quedas nos preços da soja, boi gordo e milho ao longo do ano pressionaram o índice, gerando deflação de 9,45%. Conforme a assessoria da Farsul, o descolamento entre IIPR e IPCA Alimentos confirma que a alta dos preços na gôndola não é culpa do produtor, e sim reflexo do processo inflacionário do país.