Exportações do agronegócio gaúcho quebram recorde histórico no primeiro semestre

Exportações do agronegócio gaúcho quebram recorde histórico no primeiro semestre

Boletim do Departamento de Economia e Estatística indica embarques de 7,3 bilhões de dólares 


Correio do Povo

Venda de soja alcançou 2,2 bilhões de dólares no período, incremento de 15,5%

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O setor agropecuário gaúcho teve o melhor desempenho em exportações para um primeiro semestre desde 1997, quando teve início a série histórica. No acumulado dos seis primeiros meses de 2023, as exportações cresceram 2,7% em relação ao mesmo período do ano passado, alcançando 7,3 bilhões de dólares, o que representou 71,3% das vendas externas do Estado no período. Os dados constam do boletim Indicadores do Agronegócio do RS, divulgado nesta sexta-feira pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). O material foi elaborado pelo pesquisador Sérgio Leusin Júnior e contempla ainda informações sobre o emprego formal no campo.  

O recorde nos primeiros seis meses do ano foi puxado pelo complexo soja, com 2,2 bilhões de dólares no período, incremento de 15,5% em relação ao mesmo período de 2022. Além da oleaginosa, registraram aumento o grupo de fumo e seus produtos (1,06 bilhão de dólares; +20,6%) e de máquinas e implementos agrícolas (308,01 milhões milhões de dólares; +11,7%). Houve redução na exportação de carnes (1,22 bilhão de dólares; -4,1%), cereais, farinhas e preparações (992,61 milhões de dólares; -8,5%), produtos florestais (721,64 milhões de dólares; -13,8%) e couros e peleteria (162,57 milhões de dólares; -19,5%). 

Entre produtos específicos, a soja em grão apresentou a maior variação positiva em termos absolutos (mais 331,65 milhões de dólares; +50,6%), seguida do fumo não manufaturado (mais 158,55 milhões de dólares; +19,4%). Entre os principais destinos das exportações, a China respondeu por 22,5% das compras, seguida pela União Europeia (14,9%), Estados Unidos (5,7%), Vietnã (5,1%), Indonésia (4,7%) e Arábia Saudita (2,8%).  

Segundo trimestre

A publicação do DEE destaca que os embarques de produtos agropecuários atingiram 3,54 bilhões de dólares no segundo trimestre, 0,9% a menos do que no mesmo período do ano passado (3,57 bilhões de dólares). As maiores altas foram no complexo soja, com 1,38 bilhão de dólares (crescimento de 23,7%), seguido pelo setor de fumo e seus produtos (471,24 milhões de dólares e 21,4% de incremento). Em sentido inverso, produtos florestais (US$ 295,39 milhões; -35,4%) e carnes (US$ 569,88 milhões; -21,4%) sofreram as maiores quedas. O agro foi responsável por 69,3% das exportações totais do Estado no segundo trimestre.  

Ainda no segundo trimestre, a soja em grão foi a principal responsável pelo aumento nas vendas do complexo soja, com alta de 94,3% no valor comercializado (total de 755,87 milhões de dólares), compensando a queda do óleo de soja (total de 149,05 milhões de dólares, -44,6%). No fumo e seus produtos, o principal artigo do segmento, o fumo não manufaturado, registrou elevação de 17,2% em valor (total de 417,38 milhões de dólares).

Entre as baixas, a redução nas vendas de carne de frango (total de 274,65 milhões de dólares; -35,7%) e de carne bovina (83,16 milhões de dólares; -25,2%) impactaram o resultado final. Entre os produtos florestais, o principal item do segmento – a celulose – registrou queda de 44,6% (179,08 milhões de dólares).

O setor de cereais, farinhas e preparações teve queda de 9,2% nas vendas (279,55 milhões de dólares). O destaque positivo foi para o aumento nas exportações de arroz (136,49 milhões de dólares; +115,9). Houve, ainda, redução no comércio de trigo (70,63 milhões de dólares; -33,2%) e de milho (54,02 milhões de dólares; -53,4%).  

Os principais compradores foram a China (27,3%), que aumentou em 169,4 milhões de dólares as aquisições do Rio Grande do Sul, alta de 21,2%. O bloco da União Europeia (15,9%), Estados Unidos (5,3%), Vietnã (5,1%) e Argentina (3,1%) completam o ranking dos cinco principais compradores. 

Conforme o boletim, o período registrou saldo negativo de 8.438 postos com carteira assinada no Rio Grande do Sul. Em 2022, o resultado havia sido negativo em 7.856 postos. Os dados seguem a tendência de redução no saldo de postos de trabalho no campo nesta época, por conta da sazonalidade da produção agrícola. 

Outros números

Na quinta-feira, a Federação da Agricultura do RS (Farsul) divulgou dados das exportações gaúchas para julho. Conforme o Relatório de Comércio Exterior do Agronegócio, em comparação com junho de 2023 houve aumento de 4% no valor  e queda de 2% no volume. Na relação com julho de 2022, houve queda de 4% no valor (1,2 bilhão de dólares em 2023, contra 1,3 bilhão de dólares em 2022) e no volume (1,5 milhão de toneladas em 2023 contra 1,6 milhão de toneladas em 2022). O agronegócio respondeu por 69% do valor total exportado pelo Estado por e 88% do volume. O acumulado do ano é de 8,1 bilhões de dólares, valor 1% superior ao período no ano passado. Em volume, no acumulado, houve queda de 2%, totalizando 11,7 milhões de toneladas.

Em nível nacional, as exportações tiveram, em julho, o valor recorde de 14,43 bilhões de dólares, crescimento de 1,2% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Segundo análise da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (SCRI/Mapa), o aumento do volume exportado foi responsável pelo incremento do desempenho da balança comercial, puxados, principalmente, pelo complexo soja, carnes de frango e suína, celulose e algodão.

No geral, os preços médios de exportação dos produtos recuaram. A participação das exportações do agronegócio no total da balança comercial de julho foi de quase 50%. China, Argentina, Argélia e México são alguns dos países em que as exportações do agro tiveram aumento absoluto das exportações acima de 100 milhões de dólares.

 


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