Ganhos de produtividade levam agricultura a novo recorde, com 322,8 milhões de toneladas de grãos
Levantamento divulgado pela Conab aponta que a produção aumentou 18,4% no ciclo 2022-2023
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O aumento da produtividade no campo levou o Brasil a bater novo recorde na produção de grãos na safra 2022-2023. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou na manhã desta quarta-feira seu 12º levantamento, indicando que o país produziu 322,8 milhões de toneladas neste ciclo, incremento de 18,4% em relação à safra anterior, quando foram colhidas 272,6 milhões de toneladas. Com exceção do Rio Grande do Sul, castigado por estiagens e ciclones, a agricultura brasileira foi beneficiada por condições climáticas favoráveis. A área plantada chegou a 78,5 milhões de hectares no país, com aumento de 12,4% na produtividade média, passando de 3.656 kg/ha para 4.111 kg/ha.
Neste ciclo, a soja apresentou recuperação de produtividade no Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina. O Rio Grande do Sul também teve melhor desempenho, mas limitado pelo clima seco durante o desenvolvimento da oleaginosa. “Nesta temporada, os efeitos do La Niña se concentraram no estado gaúcho, mas ainda assim em menor escala do que no ciclo anterior”, analisou o gerente de acompanhamento de safras da Conab, Fabiano Vasconcellos. A produção de soja no país na safra 2022/23 alcançou novo patamar, sendo estimada em 154,6 milhões de toneladas, crescimento de 23,2%. A produtividade evoluiu 15,9%, chegando a 3.508 kg/ha, e a área cresceu 6,2%, para 44,07 milhões de hectares.
No milho, foi feita a maior colheita da série histórica, considerando as três safras, com produção estimada em 131,9 milhões de toneladas, aumento de 18,7 milhões de toneladas em relação ao resultado do ciclo anterior. A primeira safra produziu 27,4 milhões de toneladas, com incremento de 12% na produtividade, pulando para 6.160 kg/ha, e de 9,4% na produção. Na segunda safra, a produção deve chegar a 102,2 milhões de toneladas, com predomínio do Mato Grosso. O crescimento na produção é de 18,9%, com produtividade 13,3% maior (5.947 kg/ha) e área 5% superior (17,1 milhões de hectares). Conforme a Conab, 89% da área semeada já foi colhida. Para a terceira safra, espera-se produção de 2,33 milhões de toneladas.
Arroz e feijão
O arroz e o feijão apresentam cenários distintos, com redução de área de plantio. Na lavoura arrozeira, a melhora da produtividade não foi suficiente para compensar a menor área, que caiu 8,95%, para 1,47 milhão de hectares. Como resultado final, a cultura teve queda de produção de 6,9%, chegando a 10 milhões de toneladas. Já a produtividade avançou 1,7%, passando de 6.666 kg/ha para 6.781 kg/ha na safra 2022-2023. Já no feijão, o bom desempenho das lavouras assegura uma colheita total de 3,04 milhões de toneladas, 1,7% acima do resultado da safra anterior.
Nas culturas de inverno, a Conab confirmou o crescimento de 11,8% na área cultivada de trigo no país, chegando a 3,45 milhões de hectares, e estima produção de 10,82 milhões de toneladas, 2,5% acima da obtida na safra anterior. A produtividade estimada deve sofrer queda de 8,3%, para 3.135 kg/ha. O Rio Grande do Sul tem a maior área de plantio, com 1,48 milhão de hectares. A cultura seguirá sendo acompanhada pela Conab, já que a colheita recém se iniciou no Paraná e as lavouras estão em fase de desenvolvimento no RS, segundo maior produtor nacional, com colheita para os meses de novembro e dezembro. Segundo Vasconcellos, a questão climática é um fator de preocupação, com o fenômeno El Niño trazendo mais precipitações. “Preocupa-nos como será o volume de chuvas durante a colheita, que poderá afetar a qualidade do trigo. Esse é um ponto de atenção que a Conab vai acompanhar mês a mês, no desenvolvimento das lavouras”, disse.
Segundo a Conab, a performance da safra coloca o Brasil como o principal exportador de soja e milho na safra 2022/23. Para a soja, estima-se que o volume exportado chegue a 96,95 milhões de toneladas. Já para o cereal, a estimativa é de embarques em torno de 50 milhões de toneladas, ultrapassando as exportações dos Estados Unidos. O bom cenário se repete para farelo e óleo de soja, com exportações estimadas em 21,82 milhões de toneladas e 2,6 milhões de toneladas respectivamente.