Saúde

Campanha chama a atenção para os riscos das doenças valvares cardíacas

Iniciativa alerta para não confundir valvulopatias com “coisas da idade”

Cirurgião cardiovascular Eduardo Keller Saadi afirma que exames preventivos e identificação antecipada são essenciais para minimizar os danos
Cirurgião cardiovascular Eduardo Keller Saadi afirma que exames preventivos e identificação antecipada são essenciais para minimizar os danos Foto : Vinicius Simas / Divulgação / CP

Cirurgiões cardiovasculares, cardiologistas e ecocardiografistas gaúchos lançam, nesta segunda-feira, campanha para conscientização sobre doenças das quatro válvulas cardíacas. A iniciativa promovida pela Clínica Saadi e pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, alerta para a importância da prevenção primária e diagnóstico precoce na população acima de 60 anos.

Sintomas como falta de ar, cansaço, inchaço nas pernas e até desmaios costumam ser interpretados pelo idoso e familiares como “normais da idade”. Porém, muitas vezes, são causados por degeneração das válvulas por envelhecimento afetando o fluxo sanguíneo. É necessário tratamento porque o coração se esforça muito para compensar e bombear o sangue.

A incidência de lesão nas válvulas é muito alta. Hoje, cerca 10% das pessoas com mais de 70 anos de idade são acometidas, sendo que muitas nem sabem. E, cresce o número de casos devido ao prolongamento da longevidade no Brasil. Embora seja mais comum em idosos devido ao desgaste, algumas condições podem afetar também crianças e jovens.

Campanhas para precaução com pressão alta, infarto e AVC (Acidente Vascular Cerebral) já estão consolidadas no Brasil, mas a maioria da população desconhece as fragilidades das válvulas aórtica, mitral, tricúspide e pulmonar. Torna-se indispensável a divulgação para educação e a capacitação dos indivíduos proporcionando uma abordagem cuidadosa e monitoramento constante pois, se não detectadas e tratadas, as enfermidades nas válvulas podem levar a complicações graves como insuficiência cardíaca, arritmias e até morte súbita.

Os exames preventivos e identificação antecipada são essenciais para minimizar os danos e determinar a melhor conduta que pode incluir medicamentos ou, em casos mais graves, técnicas tradicional ou percutânea com cateter para substituir a válvula afetada. “O primeiro passo é simples. Basta o médico ouvir o coração com um estetoscópio. Surgindo anormalidade, um ecocardiograma pode confirmar a suspeita. Se for indicada intervenção, contamos hoje com tratamentos modernos e seguros como cirurgias minimamente invasivas e com técnicas endovasculares por transcateter, que não exigem cortes nem anestesia geral, permitindo rápida recuperação”, afirma o cirurgião cardiovascular e presidente eleito da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, Eduardo Keller Saadi, que coordena a campanha.

O Sistema Único de Saúde (SUS) já incorporou o TAVI - Implante Percutâneo de Válvula Aórtica para pacientes com mais de 75 anos com estenose aórtica grave que são inoperáveis ou de alto risco cirúrgico. O estreitamento dessa válvula cardíaca é um dos tipos de valvulopatias mais comuns e preocupantes devido às complicações. Cerca de 270 mil pessoas acima 70 anos sofrem de estenose aórtica grave no Brasil.

“Ouça seu Coração” em eventos científicos no RS

A campanha “Ouça seu coração” precede e faz conexão com o Congresso Gaúcho de Cardiologia, que acontecerá entre os dias 16 e 18 de outubro, no Centro de Eventos Wish Serrano, em Gramado, e com o Simpósio Internacional TVI - Transcatheter Valve Intervention (Intervenção de Válvula Transcateter), que acontecerá entre os dias 5 e 7 de novembro, no Centro de Eventos BarraShoppingSul, em Porto Alegre.

No evento regional, Saadi reforçará o papel essencial dos médicos na linha de frente da prevenção de valvulopatias. Eles têm o contato direto com os pacientes e podem identificar os primeiros sinais. E, quando a prevenção falha, tratamentos mais eficazes e acessíveis trazem esperança para pacientes e profissionais da saúde. Ele, que já realizou mais de 12 mil cirurgias cardíacas, sendo cerca de 2 mil por cateter, vai expor, em mesas redondas e palestras, as novas terapêuticas baseadas em tecnologia de ponta.

No evento internacional, renomados cardiologistas, cirurgiões cardiovasculares, intervencionistas, hemodinamicistas, intensivistas, especialistas em imagem, pesquisadores, demais profissionais e acadêmicos da área da saúde do Brasil e de vários países vão abordar as atualizações das terapias minimamente invasivas. O evento científico tem abordagem multidisciplinar. “Porto Alegre, referência em tratamento cardíaco de alta complexidade e procedimentos minimamente invasivos, vai receber a elite mundial para debater a evolução das técnicas e fomentar a colaboração internacional no manejo de patologias valvulares”, frisou.

Entre as atividades, haverá práticas com simuladores para manipulação de equipamento sem a presença do paciente e transmissão em tempo real de operações de média e alta complexidade a serem realizadas em 7 países. “Aqui, os especialistas vão analisar e comentar cada execução. O 3º TVI contribui significativamente para o aprimoramento dos cuidados e das estratégias de cura das valvulopatias no cenário global”, destacou.

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