Identificar gargalos que impactam a mortalidade por câncer e engajar instituições e profissionais de saúde de Porto Alegre para reduzir a mortalidade por câncer de mama foi o objetivo do Cancer Future Forum, que buscou apresentar e discutir dados sobre o estadiamento dos diagnósticos de câncer em mulheres. O evento promovido pelo Instituto de Governança e Controle do Câncer (IGCC), em alusão ao Outubro Rosa, reuniu nesta quarta-feira, no Hospital Moinhos de Vento, profissionais da saúde, gestores públicos e representantes de hospitais, clínicas e laboratórios, com apoio da Secretaria Municipal de Saúde e Procempa.
Maira Caleffi, chefe do Núcleo da Mama do Hospital Moinhos de Vento e presidente do IGCC, lembra que a mortalidade por câncer de mama continua subindo e que, segundo dados da Vigilância Sanitária de Porto Alegre, são 1.500 mortes por ano e 5.000 novos casos. “Isso é preocupante. Então esse chamamento é como uma repactuação, e nós estamos fazendo um time para estudar soluções”, diz. Caleffi afirmou que o instituto quer, em uma ação colaborativa com todas as entidades, identificar os desafios e buscar soluções para o cenário. Ela também lembra que quase 60% dos casos são diagnosticados em estágios iniciais curáveis, 1 e 2. “Existe uma força-tarefa para conseguir colocar as pacientes para fazer o primeiro tratamento no máximo em 60 dias. Essa meta da Organização Mundial da Saúde também foi atingida”, afirma.
O secretário da Saúde, Fernando Ritter, ressaltou que a fila de mamografia zerou em Porto Alegre, mas ainda há gargalos na etapa da tomografia. Ele também lembrou que o câncer é tempo-dependente, destacando a importância de discutir determinantes para o prognóstico do desenvolvimento da doença. “Nós estamos aqui trazendo todos os hospitais, porque a gente quer fazer a jornada do paciente, acompanhar ao longo do tempo para a gente poder ver aonde que ele está parando e perdendo tempo para o tratamento, e isso é determinante para o prognóstico do desenvolvimento da sua doença”, diz. Ele complementou que as parcerias, principalmente com a Procempa, visam detectar precocemente gargalos onde as pessoas param no diagnóstico e tratamento.
Ritter lembrou que o Ministério da Saúde modificou a forma de financiamento para o diagnóstico de algumas doenças, mas principalmente na oncologia. “Antes, o paciente ia na unidade básica de saúde, pedia mamografia, se tivesse alguma alteração, pedia uma eco mamária, ia para outro local e depois para o mastologista, que ia fazer a quimioterapia, e esse tempo é muito longo. Agora, o Ministério da Saúde, através das OCIs, que são sistemas integrados, paga pelo tratamento completado. Ou seja, primeiro fechou o diagnóstico, não importa se fez ecografia, mamografia ou outros exames complementares, ele quer o diagnóstico e isso tem que ser feito em no máximo 60 dias”, explica.
Letícia Batistela, presidente da Procempa, lembrou que a companhia, que investe no eixo da saúde com inteligência artificial, auxiliou na calibragem e nos níveis de assertividade de um sistema do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) de previsão de câncer de mama, de cinco a seis anos de antecedência, com 90% de assertividade. A ação foi feita em parceria Complexo Hospitalar Santa Casa. “O objetivo é que com uma antecedência grande a mulher consiga saber se pode ter a chance de desenvolver um câncer. Ele é para ser utilizado em conjunto com o médico, não é um modelo preditivo para ser utilizado descartando o médico, mas sim um apoio para ter maior segurança para a mulher”, afirmou.
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Diagnóstico precoce
Caleffi salientou a importância do diagnóstico precoce. “A cobertura mamográfica é importantíssima. Nós precisamos aumentar e sensibilizar essas pessoas que nunca vieram fazer ainda sua mamografia ou que não fazem de rotina, são exatamente essas mulheres que têm maior risco de morrer da doença”, apontou. “Tratamentos existem, exatamente na doença inicial, e os tratamentos são muito similares entre o SUS e os planos de saúde. É isso que a gente precisa fazer para mudar esses números”, completou.