Saúde

Municípios do Vale Germânico se unem em força-tarefa para enfrentar crise na alta complexidade

Encontro discute medidas conjuntas para fortalecer a região na busca por soluções frente aos desafios enfrentados pelos hospitais

O primeiro encontro aconteceu na Feevale e marcou um gesto de união e cooperação regional
O primeiro encontro aconteceu na Feevale e marcou um gesto de união e cooperação regional Foto : Silvia Trovo / Amvag / CP

A Associação dos Municípios do Vale Germânico (Amvag) assumiu o protagonismo na luta por soluções regionais sobre a situação dos atendimentos de alta complexidade. Na semana passada, a entidade deu início a uma série de reuniões que devem acontecer de agora em diante para discutir medidas conjuntas e fortalecer a região na busca por soluções frente aos desafios enfrentados pelos hospitais e prefeituras dos 14 municípios da Região 7 de Saúde no que diz respeito aos atendimentos, de responsabilidade do Governo do Estado.

O primeiro encontro aconteceu na Universidade Feevale e marcou um gesto de união e cooperação regional sem precedentes, reunindo prefeitos, secretários e gestores hospitalares. O evento foi presidido pelos prefeitos Jerri Meneghetti (Dois Irmãos) e Valdir Ludwig (Ivoti) e teve como foco o fortalecimento do diálogo e da articulação local diante do impasse com o Estado quanto à oferta dos serviços.

"Os hospitais referenciados e que recebem recursos do Estado para prestar serviços para nossa região, por uma série de motivos não estão dando conta de atender a demanda. Precisamos de soluções. Quem sabe o caminho seja investir nos hospitais daqui da região para que eles assumam o atendimento dentro de suas potencialidades. É o que pretendemos buscar", pondera o presidente da Amvag e prefeito de Lindolfo Collor, Gaspar Behne. Canoas, Porto Alegre, Parobé, Taquara e Igrejinha são algumas das cidades que atendem pacientes da região em especialidades como traumatologia, neurologia, oncologia, otorrino e oftalmologia.

Na mesa de discussões, o relato de que a falta de atendimento nas referências de algumas especialidades em Canoas e Porto Alegre, por exemplo, acaba superlotando os leitos da região. Além disso, o financiamento do SUS não suporta o custo da estrutura dos hospitais uma vez que a tabela de valores está defasada. "Para não penalizar a comunidade, as prefeituras acabam pagando pelos serviços e comprometendo cada vez mais o orçamento. Temos prefeituras da região que estão investindo em saúde mais do que o dobro do exigido por lei. Os Municípios não têm mais condições de pagar essa conta e quem sofre é a comunidade com essa fila de espera', alertou o prefeito Meneghetti.

"O que vimos hoje foi uma demonstração de maturidade e união. Precisamos caminhar juntos para encontrar soluções que fortaleçam nossa rede de saúde e deem respostas à comunidade".

Na mesma linha, o prefeito de Ivoti argumentou sobre o limite da sobrecarga dos municípios e que agora é imperativo reduzir a participação das cidades e aumentar a do Estado na conta da saúde. "Precisamos de equilíbrio na rede e da atuação mais efetiva do Estado naquilo que é sua competência. Mas o mais importante é que estamos mobilizados, unidos e propositivos".

Questões como demora em retornos de atendimento referentes a assuntos protocolados junto ao Estado, problemas com regulação e com o Samu, judicialização da Saúde, ajustes de quantitativo, baixa remuneração dos profissionais técnicos, revisão do custo operacional das instituições e a falta de remuneração para os atendimentos realizados acima do teto contratualizado também estiveram na pauta.

Como encaminhamento, foi solicitado aos secretários e gestores hospitalares o preenchimento de um questionário técnico que vai permitir mapear a real situação da Região 7, incluindo dados sobre leitos de retaguarda, casos não regulados e capacidade instalada. Com base nas informações coletadas, uma nova reunião será convocada em breve, e a Amvag deverá oficiar o Estado cobrando medidas concretas.

"A preocupação com a demanda reprimida — que ultrapassa 40 mil atendimentos entre consultas e exames — está no radar, mas o encontro desta semana teve como grande diferencial o fortalecimento do trabalho conjunto entre hospitais e municípios, reafirmando a disposição da Região 7 unir forças e objetivos Na tentativa de evitar com que o caos fique ainda maior e que a conta continue caindo no colo das prefeituras", avalia Behne.

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