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O som de Porto Alegre: blocos e Djs levam energia ao festival Turá

Turucutá, Cortex e Não Mexe Comigo irão mostrar no festival a força da cena local neste final de semana

Trucutá, Cortex e Não Mexe Comigo que Eu Não Ando Só representam a diversidade e a potência da música feita na capital gaúcha
Trucutá, Cortex e Não Mexe Comigo que Eu Não Ando Só representam a diversidade e a potência da música feita na capital gaúcha Foto : Montagem CP / afrovulto / Gabriela Felin / Cortex / Divulgação

O festival Turá, que acontece neste final de semana, no Anfiteatro Pôr do Sol, leva a sério o intervalo entre shows e transforma as pausas em uma continuação da música, culminando no clássico ditado: “A festa não pode parar”. Além das atrações que subirão no palco montado especialmente para o evento, DJs representantes de algumas das festas mais tradicionais de Porto Alegre e blocos de carnaval vão transsformar a fanfarra de rua para embalar o público do festival.

Na primeira data, será a vez do Bloco Não Mexe Comigo, Espartano por Johnny420, Cortex por Gilzerax, Tieta por Joelma Terto e Neue por JF Florence. No segundo dia, a animação fica por conta do Bloco Turucutá, Beco por Schutz & Akeem, Boomrap por Milkshake, Blow Up por Clauss Pupp & Mely Paredes, Cadê Tereza? por Nanni Rios.

Bloco Não Mexe Comigo: batucada feminista

“Não Mexe Comigo que eu Não Ando Só” foi criado em fevereiro de 2016 | Foto: Gabriela Felin / Instagram / Reprodução / CP

O primeiro bloco que fará sua participação no Turá será o Bloco Não Mexe Comigo Que Eu Não Ando Só, no sábado, às 14h25min. Criado em fevereiro de 2016, o bloco nasceu do desejo de mulheres de diferentes origens e profissões por um espaço seguro de criação, expressão e liberdade. Mais do que um bloco de carnaval, o grupo é um coletivo feminista que transforma a música em instrumento de luta, ocupação e celebração da força feminina.

“Ele surgiu no verão de 2016, dessa necessidade de gênero (...) de ter um lugar em que a gente se sentisse segura para tocar e para criar”, conta Isadora Berthier, uma das integrantes. Desde então, o Não Mexe cresceu e se consolidou como um dos blocos mais potentes da cena carnavalesca de Porto Alegre, reunindo entre 40 e 60 mulheres em uma bateria vibrante, com instrumentos típicos das escolas de samba e dos maracatus.

O grupo é formado por quatro frentes principais, os naipes: harmonia, bateria, sopro e terror, este último responsável pelas performances cênicas que marcam as apresentações. “O terror é a nossa performance. É o que dá corpo e expressão à batucada”, explica Isadora.

Em nove anos de história, o coletivo segue fiel a seu propósito político e artístico: todos os arranjos são interpretados por mulheres e o repertório privilegia compositoras e figuras representativas das lutas feministas. Os ritmos vão do samba ao ijexá, passando por maracatu, jongo e funk, sempre com uma pegada brasileira e contagiante.

Neste ano, o grupo leva sua energia ao Turá, adaptando o formato de cortejo de rua ao ambiente de festival. “O Turá é bem diferente do que a gente costuma fazer. A gente normalmente toca microfonada, com caminhão de som e harmonia completa. Lá, vai ser tudo no chão, sem microfone, então tivemos que repensar o repertório e as performances”, conta Isadora.

Para a ocasião, o bloco preparou uma versão mais festiva e interativa, pensada para aproximar o público da batucada. “O Turá vai ser uma grande ‘chepa’ pra gente”, brinca a integrante, referindo-se ao momento final dos cortejos, quando o público é convidado a tocar junto com o grupo. “Queremos que o público participe, que sinta a vibração da bateria e se junte a nós nessa celebração.”

As mais de 50 mulheres que sobem ao Turá trazem não só música, mas também cenografia, figurinos e performances que expressam alegria e resistência. “A gente trabalha muito com a estética e o visual. Já estamos há meses ensaiando, discutindo figurinos e cores. A expectativa é enorme principalmente porque vamos tocar no mesmo dia da Alcione, que é uma das nossas grandes referências e está no nosso repertório.”, comemora Isadora.

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Cortex: nostalgia dos anos 2000

Cortex aposta na nostalgia | Foto: Instagram / Reprodução / CP

Quando uma dupla de produtores de eventos de Porto Alegre decidiu inaugurar um novo espaço para celebrar a música dos anos 2000, nasceu o Cortex. Desde 2019, os sócios Rafael Schutz e Gilzerax comandam a casa que se tornou um ponto de encontro para quem busca reviver a energia da virada do milênio, misturando pop, funk, indie e música eletrônica com o frescor das novas gerações. “Queríamos que o nome refletisse a nostalgia, essa sensação de lembrar de algo marcante. E o Cortex, no cérebro, é justamente o lugar onde guardamos essas lembranças”, explica Rafael.

O início, no entanto, não foi simples. A casa abriu as portas em dezembro de 2019, poucos meses antes da pandemia. “A gente inaugurou e logo veio o lockdown. Foi um período turbulento, mas acabamos sendo uma das primeiras casas a reabrir quando os decretos começaram a flexibilizar. Isso fez com que muita gente conhecesse o Cortex mais cedo”, conta Rafael. Desde então, o espaço se consolidou como referência em diversidade musical e curadoria afetiva, recebendo nomes como Zegon (Tropkillaz), Deekapz, KL Jay, Badsista e kLap, além de promover eventos paralelos e after parties que integram a cena local.

Agora, o Cortex prepara duas apresentações no festival Turá Porto Alegre, levando a vibração das pistas para o ambiente do festival. No sábado, 17h35min, o DJ Gilzerax representa o bar com um set que revisita os grandes sons dos anos 2000 — do pop ao funk, passando pela música eletrônica. Já no domingo, às 16h10min, Rafael se junta ao DJ Akeem para um back to back que homenageia o indie rock que marcou gerações, de The Strokes e Arctic Monkeys à surpresas da cena nacional.

“Vai ser um desafio condensar tantos anos de música em pouco tempo, entre as trocas de palco das bandas. É uma oportunidade única de traduzir nossa história em som puro, sem a estrutura de luzes e telões da casa. No festival, a música fala sozinha”, diz Rafael.

Turucutá: o som da rua

Turucutá está nas ruas e nos palcos com o seu grupo show | Foto: @tm_photografia / Divulgação / CP

O grupo Turucutá, um dos blocos mais emblemáticos do carnaval de rua de Porto Alegre, leva sua energia contagiante ao festival Turá no domingo, às 14h35min. Criada em 2008, a Turucutá nasceu no Instituto Sócio Cultural Afrosul/Odomode, impulsionada por um grupo de amigos que queria aprender percussão e formar um bloco carnavalesco. O que começou como uma oficina informal de batuques cresceu e se transformou em um coletivo musical que há 17 anos movimenta a cena cultural da cidade.

“Depois de 2010, criamos a nossa oficina de percussão, que virou o coração do grupo. Hoje, ela é uma verdadeira escola de música, com instrumentos de sopro, cordas e professores preparados”, conta Artur Klassmann, integrante do bloco. Além de marcar presença no carnaval de rua, a Turucutá também atua como grupo show, se apresentando em casas noturnas e eventos privados.

No Turá, a proposta é levar a essência da rua para dentro do festival. A apresentação acontece durante a troca de palco entre shows, num formato de fanfarra com percussão e sopros. “A ideia é manter a energia do público lá em cima, levando alegria e interação. A Turucutá é da rua, é do chão — por isso, estaremos no meio do público, não no palco”, explica Artur.

O repertório vai reunir músicas marcadas por ritmos afro-brasileiros e sambas-reggae, homenageando a Bahia e a tradição dos cortejos de carnaval. “Vamos fazer um som forte, cheio de percussão, que é a nossa marca”, afirma.

O convite para o Turá, que tem nomes como Ney Matogrosso e Silva na programação, foi recebido com entusiasmo pelo grupo. “É uma honra estar no mesmo cartaz que artistas desse porte. Isso dá visibilidade ao nosso trabalho e mostra a força da música feita na rua”, celebra Artur.

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