(Re)Construção Cultural: Memorial do RS espera obras
Prédio tombado pelo Patrimônio, que teve o térreo atingido pelas enchentes de maio, aguarda reformas que devem ser finalizadas no segundo semestre de 2026
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O antigo prédio dos Correios e Telégrafos, localizado no coração da Praça da Alfândega no Centro de Porto Alegre, data do início de 1900. Anos depois, em 1996, a edificação ficaria conhecida como Memorial do Rio Grande do Sul, em um convênio entre o governo federal e o governo estadual, com um acordo de cedência do prédio para que este inaugurasse como uma instituição cultural.
Perdurando por duas grandes enchentes, a primeira em 1941, e a segunda em maio deste ano, o prédio abriga três instituições da Secretaria da Cultura (Sedac), além do Memorial do RS, há o Museu Antropológico do Rio Grande do Sul (Mars) e o Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul (AHRS). Há uma quarta instituição, o Espaço Cultural Correios, este último foi o mais afetado pelas fortes águas, por estar localizado no térreo.
Sylvia Bojunga, diretora do Memorial do RS e do Mars desde 2023, conta que no fatídico dia 3 de maio, para sempre gravado na memória dos porto-alegrenses, foi necessário uma força tarefa para retirar as obras, de grande dimensões, da mostra individual do artista Marcelo Zanini, além disso, tudo que estava no alcance foi retirado do andar, severamente atingido, como documentos e objetos. Tudo foi levado pelas escadas, já que a luz já havia sido desligada e os elevadores não funcionavam mais. Apesar dos esforços, bens materiais, como computadores, cadeiras e mesas, bem como, objetos históricos dos Correios, não puderam ser salvos, como telégrafos, esses aguardam o restauro.
Como a água atingiu 1,70m de altura a subestação elétrica, também localizada no térreo, foi atingida e inutilizada. Após a baixa das águas, foram quase seis meses sem energia, dependendo de geradores para o funcionamento do prédio. Para a limpeza do prédio, uma empresa terceirizada foi contratada pela Sedac, foi necessário tirar muita lama de dentro do prédio e ao usar a lava jato as paredes descascaram. Uma preocupação de Sylvia é a acessibilidade ao prédio, que era garantida com os elevadores, porém com os mesmos estragados há uma limitação para entrar no Memorial.
O Arquivo Histórico não foi atingido diretamente pela enchente e abriu seu espaço de pesquisa, mediante agendamento, ao público no dia 20 de agosto. A diretora do AHRS, Ananda Simões Fernandes, apontou que logo quando voltaram para o prédio a maior preocupação foi a umidade que poderia danificar os documentos, mas com os geradores, puderam ligar desumidificadores e solucionar o problema.
No dia 5 de novembro foi publicado no Diário Oficial a liberação de uma verba de cerca de R$ 6,6 milhões para “contratação de empresa especializada em intervenções em edificações tombadas como patrimônio cultural para execução de serviço de conservação, restauração e requalificação da edificação da sede do Memorial do Rio Grande do Sul”. A empresa Estúdio Sarasá é a responsável pelo projeto.
Sylvia, comenta que a verba do Novo PAC, programa de investimentos coordenado pelo governo federal, em parceria com o setor privado, estados, municípios e movimentos sociais, será para reformas “basicamente das instalações elétricas, hidráulicas e ar condicionado. Porque no início do Governo Leite foram feitas muitas melhorias no prédio, mais a parte de alvenaria, alguns banheiros, a questão de colocar cortinas, mas não tinha sido possível ainda fazer uma reforma por dentro, que é super importante”, disse e ainda ressaltou que agora, com os danos sofridos pelas cheias, “nós já vamos aproveitar arrumar os vidros quebrados”.
Apesar dos planos e da verba garantida, até o momento, a reforma não foi iniciada. Para a entrega das obras e reabertura a diretora estima um período de um ano e meio, a partir do momento que os restauros iniciarem. Ela aponta que durante a espera, “nós iremos trabalhar na elaboração da nova exposição, para quando reabrir todo o andar principal, vai ter uma enorme exposição permanente e isso é um super desafio”, disse.
Um aspecto importante quando Sylvia pensa no futuro do prédio, é a remoção de qualquer exposição do térreo e pensa que será necessário rever a localização da subestação elétrica. “Uma coisa é certa: lá embaixo no térreo, a gente não vai colocar nada. Inclusive, a parte administrativa tem que ser organizada de uma maneira que se possa retirar as coisas rapidamente se algo assim acontecer novamente”, comenta a diretora.
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