Uma noite de cineastas mulheres: "Cidade; Campo" e "Filhos do Mangue" foram exibidos no Festival de Cinema de Gramado

Uma noite de cineastas mulheres: "Cidade; Campo" e "Filhos do Mangue" foram exibidos no Festival de Cinema de Gramado

Na noite de quarta-feira, dia 14, os filmes de Juliana Rojas e Eliane Caffé tiveram exibição no telão da competição de longas brasileiros

Adriana Androvandi

Equipe do longa-metragem brasileiro "Filhos do Mangue"

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O Festival de Cinema de Gramado teve, na noite de quarta-feira, a exibição de dois longas-metragens brasileiros em competição dirigidos por mulheres: "Cidade; Campo", de Juliana Rojas, e "Filhos do Mangue", de Eliane Caffé. Ambas moram em São Paulo, mas filmaram em outros Estados nestas produções.

"Cidade Campo" é um filme dividido em duas partes, uma se passa na cidade e outra no campo. As personagens são mulheres que migram entre o ambiente rural e urbano.

A parte da cidade é protagonizada por Fernanda Vianna. A personagem chega na casa da irmã, em São Paulo, após perder tudo com a tragédia causada pelo rompimento da barragem em Brumadinho (MG). Começa a trabalhar como diarista em uma empresa terceirizada. Entre pesadelos com a lama e com o que perdeu, a única coisa que a conecta à terra que tinha é uma pequena horta em um terraço da casa onde agora vive.

Equipe do longa-metragem brasileiro "Cidade; Campo", atriz Bruna Linzmeyer, diretora Juliana Rojas, atriz Fernanda Vianna e a atriz Mirella Façanha | Foto: Edison Vara / Agência Pressphoto

A parte do campo foi rodada em uma fazenda em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, e acompanha um casal de lésbicas, Mara (Bruna Linzmeyer) e Mirella Façanha (Flavia). Uma delas, Flavia, herda uma propriedade do pai e sai da cidade para a fazenda, acompanhada da companheira, que é veterinária.

Em um primeiro olhar, são histórias totalmente diferentes. "As personagens vivem dualidades porque fizeram uma travessia, vieram de lugares diferentes de onde estão", explica a diretora. Alguns elementos, em detalhes, estão em ambas as partes, como um corpo celeste que se aproxima da lua.

O universo fantasmagórico e onírico faz parte do trabalho da cineasta. "Não trabalho a fantasmagoria como terror, mas como uma forma de refletir sobre o pós-morte, o além-mundo", complementa Juliana.

"Filhos do Mangue", de Eliane Caffé, tem produção de Fernando Muniz, que mora em Portugal, e Beto Rodrigues, de Porto Alegre, da Pé na Estrada Filmes. É inspirado no livro "Capitão", de Sergio Prado (2011). "Estávamos procurando locações e quando chegamos em Barra do Cunhaú fomos abraçados pela comunidade, encontramos tudo que buscávamos", disse Muniz na apresentação do filme no Palácio dos Festivais antes da exibição. Os moradores locais, ao saberem que o filme foi selecionado para Gramado, se mobilizaram e cotizaram para viajar a Gramado e vários deles subiram ao palco no Palácio dos Festivais.

O protagonista, Pedro Chão, é interpretado por Felipe Camargo. Ele é encontrado em uma praia ferido e sem memória. Logo é levado a uma associação de moradores que o acusam de ter roubado dinheiro do grupo e lhe tratam com raiva e agressividade. Como não se lembra da nada, as pessoas da comunidade o liberam, esperando que ele se lembre de onde escondeu o dinheiro. Enquanto a narrativa deixa em suspenso a pergunta sobre Pedro estar ou não fingindo e se realmente roubou o dinheiro, o longa conta com moradores reais da localidade como coadjuvantes (com algumas exceções de atores profissionais em cena, como Titina Medeiros, que atua em Cangaço Novo). Desta forma, querendo ou não, o longa registra aquela localidade e seu povo, em imagens que se tornarão memórias, se tornando um docudrama.

O último filme em competição a ser apresentado é "Barba Ensopada de Sangue", de Aly Muritiba, na noite desta quinta-feira. Na sexta-feira, o filme a ser exibido será fora de competição, "Virgínia e Adelaide", dirigido pelo homenageado do dia, com o Troféu Eduardo Abelin, Jorge Furtado.

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