Cachoeirinha cria Comitê de Emergência para retirar lixo represado no Rio Gravataí

Cachoeirinha cria Comitê de Emergência para retirar lixo represado no Rio Gravataí

Ilha de resíduos tem no mínimo 70 metros de extensão e de 20 a 30 metros de largura

Fernanda Bassôa

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Diante do montante de lixo represado no Rio Gravataí, no trecho do bairro Veranópolis, a Prefeitura de Cachoeirinha, criou um Comitê Emergencial para  articular ações para a retirada dos resíduos. De acordo com o grupo, o lixo represado na localidade não foi descartado indevidamente somente pela população de Cachoeirinha, mas também pelos moradores das cidades onde o rio passa antes de chegar no município. 

De posse das informações colhidas na manhã desta quarta (8) pela equipe técnica ambiental, será discutida a melhor estratégia para a retirada da ilha de lixo, que tem no mínimo 70 metros de extensão e de 20 a 30 metros de largura. Uma das opções, segundo o Comitê, seria o uso de uma escavadeira de 22 toneladas cedida pela Prefeitura de Alvorada. No entanto, o acesso da máquina teria de ser pela BR-290, pois não há como colocar uma máquina pesada deste nível para subir o dique que protege os bairros que estão à margem do rio Gravataí. De acordo com informações da Prefeitura de Cachoeirinha, o uso da escavadeira poderia comprometer a estrutura do dique e causar um grave problema durante as cheias do Rio Gravataí no inverno.  

A Defesa Civil municipal conseguiu emprestado com a Corsan um barco a remo para que fosse feito a medição do nível de água no trecho da ilha de lixo, mas não foi possível transpor a barreira de lixo devido à quantidade e as plantas aquáticas no local. Na borda da ilha a profundidade oscila entre 2 e 4 metros, o que dá a opção do uso de embarcações. Como esse trecho do rio é nível 4 em questão de contaminação, vai ser necessário uso de diversos EPIs para quem for trabalhar na retirada manual, caso isso seja autorizado pelos técnicos ambientais. 

Assim que forem retirados do Gravataí, os resíduos terão que ficar em uma área para secar, pois não podem ser enviados a um aterro ou reciclagem ainda molhados. Após secos, poderão ser encaminhados para triagem e então será feito o direcionamento para o aterro sanitário (em caso de orgânicos) ou para uma associação de recicladores.

São vários os tipos de dejetos. Vão desde pneus, muito isopor (como os de viandas e proteção de equipamentos), muitos capacetes de uso de motociclistas, garrafas pet e embalagens pet, sacos de lixo doméstico, sacos com animais mortos, madeiras, partes de móveis de madeira, utensílios domésticos quebrados de plástico, entre outros. 

De acordo com o Comitê de Emergência, ainda não é possível avaliar o impacto ambiental. 

"Hoje pela manhã acompanhamos o trabalho dos técnicos ambientais que foram até o trecho onde se formou uma ilha de lixo, descartado incorretamente por parte da população, não só de Cachoeirinha, mas das cidades onde o rio passa antes de chegar na nossa. Agora os técnicos vão definir, com base nas informações colhidas pela manhã, qual a melhor maneira de retirada destes resíduos. Nossa Defesa Civil já conseguiu junto a Fepam o envio de boias, que serão colocadas em um trecho mais adiante do rio Gravataí, para evitar que esse lixo vá em direção ao lago Guaíba, quando iniciarmos o trabalho de remoção. Pode ser que nos próximos dias a gente também receba o apoio da Petrobras no envio de boias para aumentar a rede de proteção no rio", fala do prefeito Cristian Wasem. 

Ministério Público

O coordenador da área ambiental do Ministério Público Estadual (MP), promotor Daniel Martini, que está acompanhando a situação do montante de lixo no Rio Gravataí, disse que a partir das conclusões das reuniões, deve receber um relatório. A partir destas informações, o MP vai instaurar um expediente investigativo. “Os resíduos encontrados até agora seriam provenientes de descarte irregular, feito por pessoas ou por empresas, vindos de ocupações irregulares ou de ainda catadores clandestinos. Teriam sido jogados em cursos de água, como no arroio Feijó, Passinhos ou Barnabé, que posteriormente vieram desaguar para dentro do rio, cujo lixo veio a represar com os efeitos da estiagem.” 

Martini pontuou que muitos dos resíduos encontrados seriam de restaurantes. “Através desta investigação, será possível identificar de onde vem parte do lixo. Tentar descobrir a origem estrutural. Vamos apurar os responsáveis pelo descarte e adotar medidas estruturais para evitar que situações similares venham a ocorrer novamente.” Segundo o promotor, também é importante que os municípios invistam em ações de educação ambiental da população, tanto nas escolas, como ações não formais como, por exemplo, campanhas de prevenção. 

Questionada, a FEPAM informou que a responsabilidade pela retirada do lixo das margens do rio é da Prefeitura de Cachoeirinha. 


Correio do Povo
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