Caixa e Tenda fazem proposta a vítimas de explosão em prédio, mas sugestão é questionada por moradores

Caixa e Tenda fazem proposta a vítimas de explosão em prédio, mas sugestão é questionada por moradores

Reunião foi realizada entre Ministério Público, Defensoria Pública Estadual e moradores do condomínio Alto São Francisco

Rodrigo Thiel

Reunião dos moradores do Condomínio Altos de São Francisco com representantes do MP-RS e Defensoria Pública do Rio Grande do Sul

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O encontro realizado entre Ministério Público, Defensoria Pública Estadual e moradores do condomínio Alto São Francisco realizado na tarde desta quarta-feira, em uma igreja do bairro Rubem Berta, foi marcada por questionamentos e discussões exaltadas. Esta foi a primeira reunião que contou a presença de quase todos os moradores atingidos pela explosão após vazamento de gás na torre 11 na madrugada do último dia 4 de janeiro, que resultou na morte de um morador e deixou outros oito feridos.

De acordo com promotor Cláudio Ari Mello, a reunião da última terça-feira resultou em propostas de ajuda emergencial por parte das instituições envolvidas. Participaram da reunião também os defensores públicos do RS Rafael Magagnin e Renato Muñoz. Eles reforçaram que estão acompanhando todas as movimentações referentes ao caso e que estão atuando na defesa do direito à moradia dos residentes que foram vítimas da explosão. Além disso, devem ocorrer reuniões semanais entre todas as partes para tratar do assunto.

Conforme Mello, as propostas emergenciais foram apresentadas pela Caixa Econômica Federal, responsável pelo financiamento dos imóveis, e pela Tenda, empresa que construiu o condomínio. A Caixa teria comunicado a intenção de suspender a cobrança do financiamento por seis meses. A decisão ainda precisaria ser aprovada por responsáveis em Brasília, mas havia certo otimismo quanto a isso, contou o promotor. Já a Tenda teria se prontificado a “perdoar” o parcelamento da entrada por seis meses para os moradores das torres 9 e 10, e por três meses para os moradores das torres 11 e 12.

A equipe do MPRS e Defensoria Pública ressaltou que estas propostas ajudariam os moradores a buscarem aluguéis temporários por conta. “Não existe prova feita de que alguém é responsável pela explosão. Por isso, não há como fazer cobrança às empresas. Há uma série de coisas que a gente depende, como laudo do IGP”, ressaltou o promotor Mello.

Ele contou ainda que a Prefeitura de Porto Alegre realizará um levantamento dos moradores vítimas do incidente e as necessidades de cada um com relação à móveis e pertences. Além disso, a Administração Municipal e a Tenda se comprometeram a disponibilizar auxílio psicológico para as vítimas.

Desaprovação e questionamentos

Após a apresentação das propostas emergenciais, os moradores puderam fazer perguntas aos representantes do MPRS e da Defensoria Pública. Durante as falas, a maioria dos atingidos relatou não aprovar as soluções, considerando-as como insuficientes. Os apontamentos estavam relacionados às dificuldades em achar imóveis para alugar com valores acessíveis na região, além dos valores que eles poderão receber com os seguros contratados.

Um destes moradores é Gerson Simeão, que possui um apartamento no bloco 9. Ele ressaltou, em sua fala, não aceitar as propostas oferecidas pela Caixa e pela Tenda. “Como é um empreendimento novo, muitos aqui nem chegaram a pagar R$ 7 mil. A Caixa não vai pagar o valor inteiro. Outra coisa, aqui por perto não tem nenhum imóvel que a gente consiga por menos de R$ 800. Estamos com móveis, roupas e tudo trancado dentro do apartamento. Eu mesmo só consegui retirar duas peças de roupa. A maioria não tem nem onde ficar. Ninguém aguenta mais”, citou.

Com definições contrárias às propostas por parte dos moradores, o promotor Mello orientou que eles formulem uma proposta para apresentar nas próximas reuniões. O defensor público Magagnin reforçou que os órgãos públicos vão auxiliar nos contratos de aluguéis temporários dos moradores vítimas da explosão. No próximo sábado, representantes da Caixa Econômica Federal visitarão o condomínio Alto São Francisco e esclarecerão dúvidas dos moradores quanto aos seguros contratados no ato do financiamento dos imóveis.


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