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Calor extremo aumenta risco de queimadas no Rio Grande do Sul

Período entre 10h e 16h é considerado crítico para qualquer atividade com fogo, alerta a Defesa Civil

Major Rodrigues ressalta que as autoridades, como Corpo de Bombeiros, Brigada Militar e Defesa Civil, devem ser acionadas o mais rápido possível em qualquer situação de incêndio
Major Rodrigues ressalta que as autoridades, como Corpo de Bombeiros, Brigada Militar e Defesa Civil, devem ser acionadas o mais rápido possível em qualquer situação de incêndio Foto : Fabiano do Amaral / CP Memória

A onda de calor que atravessa coloca o Rio Grande do Sul em estado crítico para queimadas, aponta a Defesa Civil. Na última terça-feira, 7, foi registrada a maior temperatura em 115 anos no Estado, 43,8ºC em Quaraí. O Major Silvano Rodrigues, Coordenador Regional da CREPDEC 5 da Defesa Civil e ex-presidente da Câmara Técnica de Incêndios Florestais do RS, explica que temperaturas tão altas deixam as condições perigosas para queimadas, mesmo que outros fatores não ocorram.

“Existe em um fator que é chamado o ‘fator 30/30/30’. Ou seja, 30 dias sem chuva, a umidade abaixo de 30% e temperatura acima de 30ºC. Essas condições são um fator de risco de queimadas”, explica o Major. Mas segundo Rodrigues, quando as temperaturas estão muito mais elevadas, o risco de queimadas aumenta mesmo que os demais aspectos do fator não estejam presentes. “Esse fator pode ser agravado em virtude das altas temperaturas. A gente está registrando temperaturas na casa dos 40º, então esse fator é potencializado. Não precisa desse tempo todo sem chuva e umidade do ar para estar perigoso”, resume.

Para diminuir as chances de causar um incêndio descontrolado, o Major faz algumas recomendações: “Existe um período entre às 10h e às 16h que é um período crítico. Neste momento, o ideal é evitar qualquer tipo de fogo. Também que evite lidar com equipamentos que produzam fagulha ou que, se precisar, que tenham o máximo de atenção.”

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O Major reforça a necessidade de alerta ainda maior para quem mora nas regiões do Sul e Sudoeste do estado, que compreendem o bioma pampa. Segundo Rodrigues, esta vegetação costuma ser mais sujeita à queima. “A vegetação é mais rasteira e menos robusta. Fazer um fogo com uma madeira mais grossa é bem mais difícil que em uma folha de papel, ou seja, essa vegetação facilita a propagação de incêndios.” Contudo, o risco de incêndio segue presente nas demais regiões do estado, especialmente na área de lavouras secas.

Rodrigues ressalta que as autoridades, como Corpo de Bombeiros, Brigada Militar e Defesa Civil, devem ser acionadas o mais rápido possível em qualquer situação de incêndio.

Atuação das pastas do Meio Ambiente

A Diretora de Projetos e Políticas de Sustentabilidade na Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre (Smamus) e Coordenadora do Eixo Adaptação Climática do Escritório de Reconstrução, Rovana Bortolini, afirmou que a atuação da secretaria em relação à prevenção de incêndios neste momento abarca diversas ações e está alinhada ao plano de ação climática de Porto Alegre.

Segundo Rovana, existem pelo menos 10 totens posicionados em regiões de risco climática, assim como outros 6 sensores de qualidade do ar. Estes recursos fazem parte do serviço de monitoramento e alerta da pasta. Este trabalho conta também com um monitoramento constante das condições através do serviço meteorológico, para monitorar a ocorrência de queimadas na cidade.

A longo prazo, Rovana destaca que a prefeitura está atuando para reduzir a ampliação da arborização em áreas suscetíveis a queimadas com plantas nativas. Ampliação das Agroflorestas, como as 16 que já existem na cidade também fazem parte dos planos.

Contudo, maiores alterações só poderão ser feitas tendo como base o plano de contingência de Desastres Climáticos de Porto Rangel, que, segundo Rovana, deve levar oito meses para estar torno. “Todo mundo pensa primeiro em enchente, mas este plano será nosso guia sobre outros aspectos”, explica. Algumas das ações que poderão ser realizadas a partir do plano envolvem pontos com água para que a população possa se refrescar e mais pontos com sombreamento, segundo Rovana.

A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) afirmou, através de sua assessoria, que possui ações “preventivas no licenciamento, através da exigência de planos de atendimento a emergências em casos especiais e aborda durante as vistorias nos empreendimentos”.

Questionada pelo Correio do Povo, a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul (Sema) não se manifestou. O espaço segue aberto.